Outros gastos como matrícula e mensalidade escolares, além de IPTU e IPVA representam um desafio para as famílias no começo de ano
Uma
pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e QuestionPro aponta que os gastos
com livros e materiais escolares impactam 85% do orçamento das famílias com
crianças em idade escolar. O consumo anual com a volta às aulas teve um aumento
de 43,7% nos últimos quatro anos e gira em torno de R$ 49,3 bilhões atualmente.
Outro
estudo realizado pelo Procon mostrou ainda que os preços dos materiais
escolares podem sofrer grandes variações em papelarias. O preço de uma régua de
30 centímetros, por exemplo, pode variar ate 269% com preços indo de R$ 1,60 a
R$ 5,90.
Os
gastos de fato representam um dos principais desafios financeiros do início do
ano. Além de coincidirem com outras despesas importantes, como IPTU e IPVA,
esses custos exigem planejamento para que as famílias não acabem se
endividando. Para o planejador financeiro Jeff Patzlaff, organização e
estratégias bem definidas são essenciais nesse período.
Jeff
destaca que o primeiro passo é revisar a lista de materiais escolares e
identificar o que realmente precisa ser comprado. “Reaproveitar itens de
anos anteriores, como mochilas, estojos e cadernos parcialmente usados, faz uma
diferença significativa no orçamento”, afirma ele. Além disso, pesquisar
preços em diferentes lojas, tanto físicas quanto online, é fundamental. “Hoje,
temos ferramentas e comparadores de preços que ajudam muito. E, em muitos
casos, parte do material escolar pode ser adquirida mais tarde, quando o preço
fica mais barato”, explica.
Uma
alternativa eficiente sugerida pelo especialista é a organização de compras
coletivas entre pais, o que pode reduzir custos por meio de negociações ou
compras no atacado. Ele também alerta para os produtos com marcas famosas ou
personagens infantis, geralmente mais caros. “Evite produtos de marcas
famosas ou com personagens, que têm preços mais elevados, priorizando itens com
qualidade que muitas vezes podem ser usados no ano seguinte, quando a moda
deste ano já passou”, aconselha.
Vale
ainda aproveitar o uso de ferramentas de cashback ou da negociação direta por
descontos, especialmente em compras maiores ou pagamentos à vista.
Outra
recomendação é incluir as crianças no processo de compras, mas sempre
estabelecendo limites claros. “Os pequenos precisam entender desde cedo que
o dinheiro não é infinito e que escolhas inteligentes são importantes. É uma
oportunidade para ensinar educação financeira, mas os pais precisam estar
preparados para lidar com pedidos impulsivos de itens fora da lista ou da moda”,
pontua Jeff.
Sobre
a forma de pagamento, o especialista explica que a decisão entre pagar à vista
ou parcelar depende das condições financeiras da família. “Pagar à vista é
vantajoso quando há descontos significativos e se a família já tiver o dinheiro
reservado sem comprometer as finanças. O pagamento à vista evita a acumulação
de parcelas e dá maior previsibilidade financeira”, afirma.
No
entanto, ele ressalta que o parcelamento pode ser uma boa opção se for feito
sem juros e se o dinheiro disponível puder ser investido para render. “Antes
de decidir, é essencial comparar o valor total das parcelas com o preço à
vista. E lembre-se: o desconto à vista deve ser de pelo menos 1% por parcela
possível. Por exemplo, em um parcelamento de 10 vezes, o desconto deveria ser
de pelo menos 10%”.
Além
disso, Jeff reforça que o planejamento financeiro deve ser contínuo, abrangendo
outros gastos relacionados à educação, como mensalidades, matrículas, uniformes
e materiais. Ele recomenda criar um fundo exclusivo para essas despesas,
calculando o total esperado e reservando mensalmente uma quantia. “Muitos
pais utilizam o 13º salário ou bônus de final de ano para cobrir as despesas de
início do ano, mas só isso não é suficiente. Para o próximo ano, pense em
antecipar as compras aproveitando promoções como a Black Friday, que pode
oferecer preços mais baixos”, diz.
Jeff ressalta que é importante também incluir as mensalidades
escolares como uma despesa fixa no orçamento familiar, garantindo seu pagamento
em dia para evitar juros ou multas. O especialista também sugere que os pais
negociem com as instituições de ensino para obter descontos, seja para
pagamentos antecipados ou para famílias com mais de um filho matriculado. Por
fim, ele reforça a importância de ensinar as crianças a cuidarem dos materiais
escolares, evitando desperdícios e reposições frequentes. “Com organização,
disciplina e estratégias adequadas, é possível enfrentar os custos escolares de
maneira mais tranquila, sem comprometer a estabilidade do orçamento familiar”,
conclui.
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