Pesquisar no Blog

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Com o projeto Dinâmica Costeira, o SGB amplia o conhecimento sobre a dinâmica e o monitoramento costeiro das praias brasileiras

 

Divulgação/SGB

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) desenvolve um projeto pioneiro, que contribui para gerir nossa costa litorânea. Por meio do projeto Dinâmica Costeira, são feitos estudos que apoiam o planejamento urbano, considerando as condições naturais do local, as mudanças climáticas e as alterações da linha de costa. O trabalho está alinhado às metas do Plano Plurianual (PPA 2024-2027) do governo federal. 

Atualmente, há estudos em andamento em São Vicente (SP), Maricá (RJ) e Guaratuba (PR). O projeto busca entender a dinâmica costeira ao longo de dois anos, permitindo identificar áreas mais sujeitas à perda de faixa de areia por eventos de ressaca, por exemplo, ou trechos de acúmulo de sedimentos. 

“O objetivo principal é gerar documentos que orientem os órgãos gestores, entendendo quais processos causam prejuízos em suas praias, qual a velocidade desses fenômenos, urgência ou não de interferências, quais áreas devem ser priorizadas e qual será o cenário no futuro”, explica o pesquisador do SGB Marcelo de Queiroz Jorge, coordenador do projeto.
 

Fragilidades na região costeira  

As regiões costeiras são consideradas ambientes naturalmente frágeis devido à dinâmica complexa associada à ação das marés, ventos e ondas, além dos impactos provocados por atividades humanas, como urbanização, poluição e exploração dos recursos naturais. Esse cenário impacta diretamente a vida da população. 

Aproximadamente 50 milhões de pessoas vivem na região costeira do Brasil, segundo o Atlas Geográfico das Zonas Costeiras e Oceânicas do Brasil (2011). Esse total representa cerca de 25% de toda a população do país. 

“Nas áreas em que ocorrem erosão, ou seja, em que a areia é levada pela força do mar e dos ventos, há a perda da faixa de areia, com diminuição da área da praia. Isso pode causar destruição de moradias e infraestrutura urbana”, detalha Jorge. 

Já nos casos em que há tendência de acumular sedimentos, onde o mar avança e deposita areia e detritos, são formados novos terrenos, que podem ser indevidamente ocupados. Ainda segundo Jorge, “Esses terrenos são instáveis e sujeitos a uma série de problemas ambientais”.
 

Metodologias inovadoras 

O projeto Dinâmica Costeira atua de forma multimetodológica para entender esses fenômenos costeiros e as consequentes deposições de sedimentos, a fim de serem criados documentos que atendam órgãos gestores, sociedade civil e de pesquisa. 

A chefe da Divisão de Gestão Territorial, Maria Adelaide Mansini Maia, detalha que, durante os estudos, são usadas novas tecnologias que complementam as metodologias tradicionais: “Além do uso de geoindicadores, análise granulométrica de sedimentos e estudos multitemporais de alteração da linha de costa, a iniciativa incorporou, de forma inovadora, a tecnologia de levantamentos topográficos para determinação de perfis de praia, utilizando drones equipados com sensores LiDAR”. 

Essa técnica permite maior precisão na coleta de dados, ampliando a capacidade de análise detalhada das alterações costeiras e fornecendo dados mais robustos para a gestão e conservação dessas áreas sensíveis.
 

Estudos em andamento 

O município de São Vicente (SP) foi o primeiro a receber o projeto Dinâmica Costeira, a pedido da defesa civil municipal. Já está em fase final a elaboração do relatório do trabalho, com previsão de entrega no 1º semestre deste ano. Os estudos são realizados em parceria com a Universidade Santa Cecília (Unisanta). 

Em novembro de 2024, o SGB iniciou os estudos em Maricá (RJ), como parte do projeto Monitoramento Integrado da Hidrodinâmica e Morfodinâmica da Região Costeira em Maricá (RJ). Esse trabalho é realizado em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro. O acordo de cooperação técnica está em fase final de tramitação para assinatura. 

Neste ano, começam os estudos nas praias Central e do Brejatuba, no município de Guaratuba (PR). Em dezembro de 2023, o SGB assinou Acordo de Cooperação Técnica com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para a troca de dados e informações técnico-científicos. 

O coordenador do projeto Marcelo Jorge ressalta a importância desse intercâmbio com instituições de ensino: “As universidades nos fornecem dados atualizados sobre ondas e correntes, além de histórico sobre pesquisas anteriores, o que otimiza um grande trabalho que precisamos realizar e podem ainda dar suporte a informações adicionais, já que normalmente já possuem pesquisas em andamento nas regiões em que atuamos”. Em contrapartida, o SGB oferece apoio para o desenvolvimento de novas informações e publicações.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados