Em 24 de janeiro, o Brasil celebra o Dia da Previdência Social, data que
convida à reflexão sobre a rede de proteção essencial que assegura condições
mínimas de subsistência para milhões de cidadãos. O sistema previdenciário
brasileiro, composto pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS), pelo
Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) e pelo Regime de Previdência
Complementar (RPC), enfrenta desafios crescentes que impactam diretamente sua
sustentabilidade financeira.
Para
a professora da pós-graduação em Gestão Pública e Regimes Próprios de
Previdência Social – RPPS da Fundação Escola de
Comércio Álvares Penteado (FECAP), Iracema
Socorro de Lima, o aumento da informalidade no mercado de trabalho, a pejotização
e o avanço na expectativa de vida são os principais fatores que afetam o
equilíbrio do sistema. “Mais pessoas vivendo por mais tempo significam maior
pressão sobre os recursos arrecadados", afirma a especialista.
DESAFIOS
CONTEMPORÂNEOS
O
déficit previdenciário é um dos maiores problemas enfrentados pela previdência
brasileira. A diferença entre o montante arrecadado e os valores pagos aos
beneficiários cresce continuamente, demandando ajustes que garantam a
sustentabilidade do sistema para as gerações futuras.
Além
disso, as mudanças sociais e econômicas, como a flexibilização das relações de
trabalho e o aumento da informalidade, dificultam o acesso de muitos
trabalhadores à aposentadoria, especialmente nos moldes tradicionais.
"A
reforma da previdência de 2019 trouxe avanços, mas ajustes adicionais podem ser
necessários para acomodar as novas realidades do mercado de trabalho e o
envelhecimento populacional", afirma a docente da FECAP.
HISTÓRICO
E EVOLUÇÃO DA PREVIDÊNCIA NO BRASIL
A
previdência social brasileira teve início em 1923 e passou por diversas
transformações. A primeira grande reforma aconteceu em 1998, com a Emenda
Constitucional nº 20, que introduziu mudanças estruturais significativas no
sistema. Em 2019, a Emenda Constitucional nº 103 alterou ainda mais as regras,
unificando as exigências para trabalhadores do setor privado e servidores
públicos, elevando a idade mínima e o tempo de contribuição necessários para
aposentadoria.
No
RGPS, mulheres precisam hoje de 62 anos de idade e 15 anos de contribuição para
se aposentar, enquanto homens devem ter 65 anos de idade e 20 anos de
contribuição. No RPPS, além das idades mínimas, há requisitos específicos como
tempo de serviço público e período no cargo.
DICAS
PARA O FUTURO DA APOSENTADORIA
Com
as mudanças, é crucial que trabalhadores se planejem com antecedência.
"Aqueles que estão no mercado informal devem considerar a possibilidade de
contribuir como segurados facultativos para garantir o direito à aposentadoria
no futuro", orienta a professora Iracema. Para os mais jovens, a
previdência complementar pode ser uma ferramenta poderosa para garantir uma
aposentadoria mais tranquila.
A
sustentabilidade do sistema previdenciário exige ações conjuntas entre governo,
empresas e sociedade. "Mais do que reformar as regras de aposentadoria, é
preciso buscar medidas estruturais que promovam a inclusão no mercado formal e
incentivem uma cultura de poupança para o futuro", conclui a especialista.
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