A ABRAS propôs publicamente a venda de medicamentos em supermercados e o próprio governo federal estuda essa medida como estratégia para combater a inflação, mas sem levar em conta os graves riscos à saúde pública. A Abrafarma acaba de emitir uma nota repudiando essa ideia. Vamos repercutir esse assunto? O CEO da entidade está à disposição para entrevistas.
A respeito de notícia dando conta que o governo federal pretende liberar medicamentos em supermercados para supostamente reduzir inflação de alimentos, a ABRAFARMA tem a declarar que:
1. MIPs são um
importante setor da farmácia e representam cerca de 30% das vendas. Portanto, o
impacto econômico sobre as farmácias (das grandes às pequenas) seria
desastroso;
2. Nas 93.000
farmácias brasileiras, que cobrem 99% das cidades do país, geramos 2 milhões de
empregos diretos; 56.000 farmácias são optantes do simples / micro-empresas.
Aprovar MIPs em supermercados, apenas para lhe dar MAIS UMA categoria de
vendas, é provocar o desequilíbrio econômico de um setor que funciona bem e é
muito respeitado em todo o mundo, em risco;
3. Como o custo da operação de uma farmácia é alto
(aluguel, salários, estoques e outros ), provavelmente haveria um efeito rebote
de aumento no preço dos medicamentos de prescrição, impactando negativamente na
saúde da população, principalmente os mais pobres;
4. Farmácias não
geram inflação. Muito pelo contrário: compõem um setor competitivo, que presta
bons serviços e é bastante apreciado pela população;
5. MIPs, apesar de
não exigir receita, tem riscos e muitas vezes exigem indicação específica,
tanto que em 68% das vezes o cliente esclarece suas dúvidas com o farmacêutico
acerca do uso. Exemplos:
- quais desses
xaropes não dá sono?
- pode dar esse
analgésico para criança?
- posso dirigir
depois de usar esse relaxante muscular?
- posso usar
paracetamol tendo problema no fígado?
- posso usar a combinação desses dois MIPs pra gripe?
- tenho gastrite, qual desses MIPs posso usar sem
piorar minha doença?
Quem vai responder
a essas perguntas no supermercado? O açougueiro? O padeiro? O caixa?
6. Apesar de
seguros, MIPs podem MASCARAR SINTOMAS. Uma pessoa que só controla dor de cabeça
com analgésico e não controla a hipertensão que a causa, é a mesma que vai
agravar, ter AVC, Infarto e desenvolver nefropatia, e custar caro ao estado no
médio prazo (e já morrem 500 mil pessoas/ano no Brasil de acidentes vasculares,
pois não cuidam da doenças de base);
7. Meta-análises -
ou seja, estudos padrão ouro, que geram consensos científicos - publicados
recentemente em revistas científicas, tem demonstrado inúmeros fatores
negativos na venda de MIPs em Autosserviço de outros países. Tanto que
Austrália e França recentemente impuseram novos limites a tais vendas;
8. É falacioso o argumento que os supermercados venderiam medicamentos com preços até 35% mais baixos. Nós monitoramos preços de mais de 1000 itens comuns a farmácias e supermercados, e estes estabelecimentos vendem mais caro em 50% das vezes. Por que então já não vendem mais barato itens como fraldas, cotonetes, tinturas e outros?
Por fim, essa notícia chega um dia depois de o Presidente Lula ter afirmado que aguarda uma “marca” que represente um legado dessa gestão do ministério da saúde em seu governo.
Será lamentável
que, num governo que sempre colocou a saúde das pessoas em primeiro lugar, a
“marca” dessa gestão Lula 2023-2026, seja a destruição das farmácias, o aumento
da automedicação, e o agravo de doenças crônicas na população.
Sérgio Mena Barreto - CEO da Abrafarma
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