Em busca do corpo perfeito, muitas pessoas têm recorrido a alternativas como os implantes hormonais, popularmente conhecidos como “chip da beleza”, para alcançar um suposto resultado ideal de forma rápida. Esses implantes geralmente contêm esteroides anabolizantes, hormônios e outras substâncias que podem ser prejudiciais à saúde quando usados de maneira indiscriminada.
A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), alinhada com documentos técnicos de diversas especialidades médicas, reforça a necessidade de cuidados com o uso indevido de implantes hormonais, posicionando-se firmemente contra esse tipo de procedimento.
“Tais aplicações, como temos observado, têm um viés exclusivamente comercial, a ponto de serem vendidas em consultórios médicos como o 'chip da beleza', um método apresentado de forma errônea e irresponsável como 'ideal' para tratar a menopausa e o envelhecimento, além de reduzir a gordura corporal, aumentar a libido e a massa muscular”, opina o presidente da ABHH, Dr. Angelo Maiolino, em comunicado divulgado pela entidade esta semana.
“A prescrição desses agentes tem se banalizado e se disseminado, com divulgação ampla nas redes sociais, sem o respaldo ético e científico da Medicina Baseada em Evidências. Os implantes hormonais não são aprovados pela ANVISA para uso comercial ou para produção industrial (exceto o etonogestrel – Implanon, aprovado como anticoncepcional). Eles são manipulados, não possuem bula nem informações adequadas sobre farmacocinética, eficácia ou segurança”, reforça o hematologista e hemoterapeuta.
Além de os efeitos de longo prazo serem desconhecidos, conforme aponta o comunicado da ABHH, não há dose segura nem acompanhamento médico que garanta a segurança do uso de hormônios para fins estéticos ou de performance, já que os efeitos colaterais podem ser imprevisíveis e graves, como infarto agudo do miocárdio, tromboembolismo pulmonar e acidente vascular cerebral.
Há também manifestações psicológicas e psiquiátricas, como ansiedade, agressividade, dependência, abstinência e depressão. Em março de 2023, diversas sociedades médicas – incluindo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Federação Brasileira de Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) – posicionaram-se cobrando a regulamentação pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre o uso indevido de esteroides anabolizantes para fins estéticos.
Diante
do agravamento desse cenário, a ABHH manifesta seu veemente repúdio ao uso
indevido de hormônios e, em apoio às sociedades representativas das
especialidades, solicita que a ANVISA cumpra sua missão institucional de
proteger a saúde da população, por meio do controle sanitário da produção e do
consumo de produtos e serviços sob vigilância sanitária. A ABHH também solicita
o apoio do Ministério da Saúde para ações que visem a reduzir este grave
problema de saúde pública.
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