Especialista
em Comportamento Humano aponta a mudança interna como chave para enfrentar o
problema
O Brasil atravessa um momento alarmante em relação à saúde mental. Milhões de brasileiros enfrentam diariamente os desafios impostos por transtornos de ansiedade, em um cenário que reflete um problema de saúde pública em larga escala. De acordo com um relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), a quantidade de internações relacionadas a estresse e ansiedade em adolescentes e jovens brasileiros – de 13 a 29 anos – aumentou 136% nos últimos 10 anos.
Já no relatório
global World Mental Health Day, divulgado no fim do ano passado, o Brasil ocupa
o quarto lugar na lista de países com maior nível de estresse. Dos 1,5 mil
brasileiros entrevistados, apenas 26% relataram não ter sofrido nenhum pico de
estresse que atrapalhasse o seu dia ao longo de um ano. O levantamento,
realizado em conjunto com a plataforma DRG Brasil, analisou dados de mais de
440 hospitais públicos e privados do País, entre 2022 e novembro de 2024. Nesse
período, foram registradas 2.202 internações por Transtorno de Ansiedade
Generalizada (TAG).
Para Orlando
Pavani Júnior, especialista em Primazia da Gestão e Comportamento Humano,
tratar o tema de forma superficial é um erro. “O assunto é denso, exige estudo,
dedicação e, acima de tudo, um compromisso real com o processo de mudança
interna. Se as pessoas não conduzirem essa transformação, de como lidar com as
circunstâncias que o mundo está nos impondo, vamos continuar adoecendo – e é exatamente
isso que já está acontecendo”, afirma.
O especialista
ressalta que a inteligência comportamental deve estar no centro das discussões,
especialmente no mundo contemporâneo, que impõe novos desafios diariamente. “O
estilo de vida do século 21 é muito diferente do século passado. Hoje, não
temos hora para começar ou terminar o trabalho. Tudo isso gera estresse e uma
necessidade urgente de mudar o modelo mental, algo que chamamos de resinapse.
Sem essa transformação, não seremos capazes de conviver bem no mundo atual”,
alerta.
Outro fator
destacado por Pavani é o impacto das redes sociais no aumento da ansiedade. Ele
explica que essas plataformas criam um ciclo de expectativa e espera por
validação que alimenta o problema. “As redes sociais geram uma espécie de
catarse da espera. Você posta algo e aguarda curtidas, compartilhamentos,
comentários. Esse processo estimula uma constante ansiedade por respostas que
não controlamos. Ansiedade é isso: sofrer por não ter controle sobre certas
circunstâncias”, detalha.
De acordo com
Pavani, ignorar essa realidade pode agravar ainda mais o problema, tornando as
disfunções comportamentais mais frequentes e próximas de todos. “Burnout,
pânico, estresse... Essas condições, que muitas vezes nem são patologias inicialmente,
tendem a se transformar em algo mais grave se não forem cuidadas. Por isso, é
essencial trazer a inteligência comportamental para o dia a dia”, explica.
O especialista
defende que, além de intervenções de saúde pública, a mudança deve começar de
dentro para fora. “Esse sofrimento não se resolve com remédios apenas. É um
processo interno, uma transformação que exige vontade e comprometimento. É
assim que evitamos que mais pessoas sofram e que o problema se torne ainda mais
difícil de combater”, finaliza Pavani.
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