Essa semana se comemora o Dia do Trabalho aqui no Brasil e em cerca de 80 países. Uma data para se lembrar das conquistas históricas dos trabalhadores e do movimento trabalhista por redução de jornada e outros direitos básicos.
Não importa se estamos exaltando o Dia do Trabalho, Dia
dos Trabalhadores, Dia Internacional dos Trabalhadores, Labor Day ou May
Day. Lembrar das conquistas sociais obtidas até hoje é fundamental.
Vou aproveitar este dia para uma reflexão sobre como deve ser a relação do ser
humano com o seu trabalho.
As discussões sobre equilibrio entre vida pessoal e profissional ganham cada vez mais força e a redução da jornada é um apelo no mundo todo. O home office, forçado durante a pandemia, fez com que muitas pessoas experimentassem maior autonomia, tornando comum a expectativa por regimes híbridos de trabalho. Nos últimos anos o aumento do Burnout como doença ocupacional e a crescente incidência de afastamentos por transtornos mentais relacionados ao trabalho tem preocupado empresas, colaboradores e o governo. Uma pesquisa da TalentLMS e BambooHR com jovens da geração Z, que estão entrando agora no mercado de trabalho, revela que 42% deles deixariam o emprego caso tivessem sintomas de Burnout,
O dia 1º de maio foi instituído em
1889 pela federação internacional de partidos socialistas para homenagear os
envolvidos no violento confronto entre trabalhadores e policiais conhecido como
o massacre de Haymarket em Chicago. Apesar do evento motivador ter acontecido
no Estados Unidos, o Labor Day é celebrado por lá na
primeira segunda-feira de setembro, evitando assim qualquer associação com o
socialismo.Revolta de Haymarket. Ilustração de Thure de Thulstrup (1886)
Há muito o que se refletir quanto às mudanças das relações
do ser humano com seu trabalho. O avanço tecnologico de inteligência artificial
vai nos obrigar a entender que não somos iguais as máquinas, somos muito
melhores.
A reivindicação da redução na jornada de horas, por
exemplo, visa a obtenção do desejado equilíbrio entre vida pessoal e
profissional. Imagino que as pessoas querem ter um tempo livre do trabalho para
se divertir, descansar e aprender outras coisas. Partindo deste pressuposto,
poderíamos concluir que no trabalho não há tempo livre, nem diversão ou
aprendizado de coisas novas. Se esta é a realidade, não deveríamos pensar em
mudá-la ao invés de suportá-la para ter uma compensação só mais tarde ou
outro dia?
Ainda hoje há muitas profissões que, pelo caráter mecanico
e burocrático, de fato limitam a possibilidade de tempo livre para pensar,
criar, interagir dentro do ambiente laboral. São situações que de alguma forma
parecem ter ficado estagnadas no século passado quando ainda se buscavam condições
minimamente humanizadas no trabalho. Infelizmente o destino destas profissões é
a extinção pelo uso de máquinas e inteligência artificial, que podem realizar
estas tarefas enfadonhas sem sofrer.
A consistência que nós esperamos, que irá elevar este momento
pontual a uma relação engajada com o trabalho, virá do quanto estas pessoas
acreditam no que estão fazendo e sentem que aquele trabalho as representam e
tem algum valor para a comunidade.
Esta relação comprometida com o trabalho é possível quando
as pessoas sentem que estão entregando algo que sabem fazer muito bem e do
qual se orgulham. Este sentimento é nutrido quando há um
ambiente comunitário na empresa, onde cada qual é respeitado como indivíduo nas
suas capacidades e limitações, e cada contribuição tem igual importância para o
todo. Onde as pessoas aprendem e se divertem porque aceitam a si mesmas e aos
outros, se sentem autonomas, livres para errar e com isto expandem suas
capacidades criativas.
Quem sabe dentro de um futuro
bem próximo nosso chamado de socorro será ouvido? Mayday,
mayday, mayday, há muitas pessoas sofrendo no trabalho! E a partir
deste dia as máquinas farão o que lhes compete, deixando para a humanidade o
que é essencialmente humano, ou seja, criatividade, empatia e
propósito. Quem sabe a partir deste dia vamos celebrar o May Day para
homenagear uma nova conquista da humanidade.
Wagner Rodrigues - psicólogo especialista em gestão e saúde
mental, pós-graduado em Comunicação Empresarial e Comunicação de Marketing
pela ESPM, MBA com ênfase em Gestão de Pessoas pela FIA-USP, Terapeuta com
abordagem fenomenológico-existencial.
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