Especialista aponta as principais causas, como diagnosticar e quais são os tratamentos possíveis para quem sofre com o distúrbio
Aqueles que sofrem de apneia do sono, ou roncam, comumente sentem
no decorrer do dia as consequências de uma noite mal dormida. Relatos de
cansaço, sonolência e falta de concentração estão entre os exemplos. Dados
apontam que estes casos não são nada raros. Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), 45% da população mundial sofre com algum distúrbio do sono.
No caso da apneia, é possível descobrir a doença e tratar. Já o ronco é apenas
uma possível consequência causados pela doença, conforme explica a cirurgiã
dentista Talita Dantas.
Segundo ela, é comum existirem dúvidas sobre o tema. “A apneia é
um distúrbio do sono que representa a parada da respiração algumas vezes durante
a noite. Já o ronco é um barulho causado pela obstrução da passagem de ar”,
diferencia. “Com a passagem de ar dificultada, isso faz com que tenhamos a
vibração na região posterior da garganta e traqueia, gerando o barulho”,
completa. Por isso, muitas vezes pode acontecer de pessoas que roncam terem
apneia do sono.
Causas e
diagnóstico
Existem diversas causas que podem promover a obstrução total da
respiração, isso porque a apneia tem origem no sistema nervoso central e está
relacionada a diversos fatores de risco, como obesidade, tabagismo, etilismo
e/ou uso de alguns medicamentos. Segundo Talita, a apneia
é diagnosticada por meio da realização de um exame que se chama polissonografia.
Ao realizar o exame, também é possível checar a complexidade do caso, visto que
existem diversos níveis.
“Vão existir diferentes estágios da doença, desde graus mais leves a
mais avançados. E a depender do grau que a pessoa se encontrar
ela terá opções de tratamentos mais simples ou mais complexos”, afirma. O
diagnóstico é feito com base no número de vezes que a pessoa para de respirar
por alguns segundos durante o sono e na quantidade de oxigenação. Até o nível
5, a apneia é considerada normal, entre 5 e 15 é leve, de 15 a 30 é moderada e
acima disso, o quadro é grave.
O que poucas pessoas sabem é da importância do dentista no
diagnóstico e tratamento. “Um profissional que realiza uma anamnese bem
detalhada consegue chegar à possibilidade da presença de apneia e o cirurgião
dentista pode solicitar inclusive o exame que de fato define a presença ou não
de apneia, e a complexidade do quadro”, ressalta.
A depender deste nível, podem ser necessárias mudanças de hábitos
e do estilo de vida como um todo, ou até mesmo a utilização de aparelhos
intraorais, feitos por dentistas. Nos casos mais graves também pode haver o uso
de outros aparelhos que vão auxiliar no tratamento da apneia do sono. Segundo
ela, um dos paradigmas é que a maioria dos otorrinos fazem o tratamento com
CPAP. “Socialmente falando, esse equipamento é de difícil adesão. É difícil de
ser usado e o paciente pode ter vergonha de utilizar, por exemplo, com um
parceiro ao lado. Por isso, o dentista traz abordagens que podem ter maior
adesão e, consequentemente, sucesso no tratamento”, argumenta.
É importante lembrar que cada caso deve ser diagnosticado e
tratado individualmente, com orientação de um profissional de saúde. Além disso,
como a apneia e o ronco são uma questão relacionada à anatomia, pode ser
difícil solucionar o problema definitivamente. No entanto, ao tratar, o grau da
apneia melhora e traz qualidade de vida ao paciente.
Consequências
As consequências
são inúmeras, conforme explica Talita. Podem ser desde problemas conjugais ou
até mesmo um possível AVC. “Quando o paciente começa a
entender que o ronco é o primeiro sinal da apneia, ele entende que é muito mais
do que você fazer um barulho e incomodar alguém do seu lado, mas pode ser um
problema de saúde grave e até sinal de problemas cardíacos, por exemplo. Só aí
ele entende que precisa de ajuda”, pontua.
Mas como
saber quando buscar um profissional? A especialista indica os perfis: aquele
paciente que dorme, mas não descansa; aquele também que passa o dia sonolento,
ou mesmo o que tem o parceiro que reclama durante a noite. “Estes são alguns
dos casos de primeiros sinais que a pessoa deve procurar ajuda. Existem
diversos artigos científicos que mostram a atuação do cirurgião-dentista e a
importância e os resultados do uso dos aparelhos intraorais,
que são muito fáceis de serem usados e trazem uma qualidade de vida que o
paciente tanto deseja e precisa”, conclui
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