O processo de formação integral do ser humano passa por diversas etapas e uma delas é a escolarização. O colégio é o primeiro ambiente em que a criança é inserida fora do convívio familiar e ele é responsável por contribuir para o progresso do ensino, do aprendizado e para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
Com essa nova etapa, o estudante, que até então conhecia somente
sua realidade pessoal, passa a experimentar outras vivências e preocupações.
Uma delas é o transtorno de ansiedade, pois, com o aumento gradativo das
responsabilidades alinhado às mudanças sociais, este transtorno se aproxima da
realidade dos estudantes, interferindo diretamente nas atividades rotineiras,
além de contribuir para a redução da sua produtividade e de seu aprendizado.
Com a irrupção da pandemia de Covid-19, esse quadro tornou-se
ainda mais grave. De acordo com mapeamento realizado pela Secretaria de
Educação de São Paulo, atualmente, 69% dos estudantes avaliados relatam
sintomas de ansiedade e depressão, o que representa um número superior a 443
mil jovens. Muitos fatores podem estar envolvidos na associação entre a
Covid-19 e à saúde mental. Alguns exemplos são: a alteração de rotinas; o
isolamento prolongado; a necessidade de adaptações constantes a situações de
incertezas sobre a saúde pessoal, familiar ou de pessoas próximas; e o próprio
curso da pandemia. De um modo geral, o distanciamento prolongado, certamente,
interferiu nas etapas de desenvolvimento socioemocional das crianças e
adolescentes, especialmente pela falta de interação no convívio escolar.
Impactos do transtorno de ansiedade para o desenvolvimento
dos jovens
O transtorno de ansiedade pode ser caracterizado de diversas
formas e apresenta sintomas como a falta de ar, bem como sentimento de medo e
de preocupação desproporcionais, sobretudo, em decorrência da antecipação
inconsciente de situações que podem ou não acontecer. Com o aumento gradativo
destes sintomas, o impacto sobre a rotina do jovem se torna cada vez maior.
Consequentemente, dificuldades para se concentrar, queda de rendimento escolar
e redução do nível de aprendizado passam a ser habituais no dia a dia do
estudante.
Além disso, a chamada ansiedade social, na qual o indivíduo teme
sentir-se envergonhado, faz com que jovens evitem ser foco de atenção, deixando
de realizar atividades simples e necessárias, como apresentação de trabalhos e
conversas em rodas de amigos. Este tipo de prática pode ampliar o sentimento de
exclusão e gerar consequências nocivas à saúde dos jovens, como o agravamento
do transtorno ou, até mesmo, o desenvolvimento de outros, como a depressão.
A importância de uma instituição de ensino qualificada
É importante ressaltar que a escola tem o potencial de se
apresentar como um local rico em promoção à saúde mental, pelo fato de ser um
espaço de desenvolvimento de inúmeras habilidades de autoconhecimento e de relacionamentos
interpessoais. Neste sentido, no ambiente escolar
torna-se possível se identificar sinais que possam servir como alerta para
intervenções precoces, ao abrir oportunidade de diálogos e encaminhamentos.
Para que isto seja possível, é fundamental que a instituição conte com uma equipe pedagógica qualificada, com
conhecimento, atenta e em constante formação sobre o desenvolvimento integral
do ser humano, para que possa auxiliar nos encaminhamentos necessários à
superação destas dificuldades.
Além disso, nesse momento, a família também precisa ser acolhida e
apoiada nas dificuldades a serem enfrentadas. Juntamente com médicos e demais
especialistas externos, que realizam o acompanhamento do estudante. Desta
forma, é possível potencializar as ações necessárias ao desenvolvimento e
superação dos problemas apresentados.
Com o retorno às aulas presenciais, novas demandas e desafios
surgiram, especialmente, no que se refere às relações interpessoais, uma vez
que se reapropriar dos espaços coletivos tem sido um dos maiores desafios.
Desta forma, o setor de Orientação Educacional, alinhado aos valores educativos
institucionais, ganha ainda mais relevância, a fim de estabelecer a integração
entre escola e família, oferecendo suporte à superação dos desafios e
possibilitando o desenvolvimento integral do estudante, a partir de ações estratégicas
como assembleias, momentos individualizados de escuta e diálogo, grupos de
ajuda e de monitorias.
Viviane
Grano Sulatto - Orientadora Educacional da rede de colégios
Santa Marcelina, instituição que alia tradição à uma proposta
educacional disruptiva e alinhada às principais tendências do mercado de
educação.
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