A psicóloga, Elisa Neiva Vieira, explica como o uso excessivo da tecnologia pode ser maléfico à saúde mental.
O termo Nomofobia foi
criado pela YouGov, instituição de pesquisa sediada no Reino Unido, a palavra
tem origem da composição do inglês: no + mobile + phone + phobia. O estudo
realizado pela instituição envolveu a participação de 2.163 pessoas, e
comprovou que, cerca de 58% dos homens e 47% das mulheres sofrem com a
Nomofobia, já os 9% restantes sentem-se estressados quando o telefone está
desligado. A fobia é um dos tipos de transtorno de ansiedade, e sobre isso a
psicóloga Elisa Neiva Vieira explica, “Os transtornos de ansiedade são um grupo
de transtornos mentais que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Estes
transtornos podem incluir sintomas como medo, preocupação excessiva, falta de
concentração, dificuldade em dormir e outros”.
O vício na tecnologia é um
problema do primeiro mundo, que afeta cada vez mais pessoas nas sociedades
industrializadas e não demonstra nenhum declínio ou desaceleração,
independentemente da idade. A exemplo dessa problemática a OMS reconheceu a
existência do “Gaming Disorder” (ou seja, o vício em jogos eletrônicos) como
uma doença, a psicóloga Elisa Neiva comenta que, “os gamers (jogadores
excessivos) têm dificuldade de moderação de acesso ao jogo, colocam o jogo à
frente de todos os outros interesses, deixam de comer e dormir; por isso a
importantância desse transtorno estar listado no Cid-11”
A falta de controle sobre o
tempo de tela pode ser extremamente prejudicial à saúde mental, segundo Elisa:
“A Academia Americana de Pediatria recomenda que crianças de 2 a 5 anos não
excedam 1 hora de tela por dia; crianças de 6 a 17 anos não excedam 2 horas de
tela por dia; e adultos devem limitar seu tempo de tela a não mais de 3
horas por dia”, mesmo assim, dados de um levantamento da empresa de estatística
Statista (2016) mostram que a média diária gasta em celulares pelos brasileiros
é de 4 horas e 48 minutos.
A psicóloga, especialista
em Terapia Cognitiva Comportamental, afirma que o uso excessivo da tecnologia
exige urgentemente a imposição de limites e controle, mas reforça: "Tarefa
fácil nos tempos atuais? Não! Principalmente neste momento, pós pandemia, onde
houve um aumento considerável do uso da tecnologia, que passou a fazer parte de
nossas vidas em excesso, tornando seu uso muitas vezes indispensável”. Além
disso, Elisa Vieira concorda que a tecnologia pode se demonstrar como uma faca
de dois gumes, “por um lado, temos acesso rápido a recursos extremamente úteis,
como grupos de suporte online, pesquisas e até mesmo terapia virtual. Por
outro lado, o que parece bom pode se transformar em uma fonte de estresse e
ansiedade”.
A adição aos smartphones e
demais formas de tecnologias tem se tornado um grande problema para a saúde
mental de diversas pessoas, “estudos têm mostrado que as pessoas que
passam mais tempo nas redes sociais são mais propensas a sofrer de ansiedade,
depressão e outros problemas de saúde mental. Isso ocorre porque a mídia
social pode criar um senso de comparação e competição, o que pode levar a
sentimentos de inadequação e insegurança”, cita Elisa. Para descrever a
proporção deste vício tecnológico a psicóloga usa o exemplo do celular como uma
ampliação do ser, “os smartphones parecem ser uma extensão do corpo, não há
quem não esteja com ele em mãos em qualquer momento do dia. Desta forma, não
rompemos vínculos e sustentamos a conectividade, até mesmo afetiva sem
interrupção, o que acaba sendo um problema.
Elisa é também pioneira no
estudo do transtorno de ansiedade Mutismo Seletivo, e diretora do
Instituto Mutismo Seletivo Brasil, com isso ela cita que uma das propriedades
do recorrente aumento do uso das tecnologias no dia a dia acabaram sendo de
certa forma benéficas a pacientes com esse transtorno, “Nos casos do Mutismo
Seletivo - entendido como um transtorno de ansiedade no qual crianças
adolescentes e até mesmo adultos não se comunicam em ambientes sociais, com
exceção de seus lares onde se sentem confortáveis - o uso da tecnologia tem trazido
grandes benefícios, surgindo como uma alternativa de comunicação, sendo
transferido para o encontro presencial com grande êxito”.
Porém a especialista
termina sua fala com um aviso: “O uso em excesso de qualquer tipo de tecnologia
traz uma falsa sensação de realidade, além de aumentar o nível de ansiedade,
contribuindo também para o desenvolvimento de outros transtornos, tais como
transtornos do sono, aumento do estresse”. E frisa a importância do controle e
da desconexão, “é importante estar ciente de como a tecnologia está afetando
sua saúde mental. Fazer pausas na tecnologia, estabelecer limites e
limitar sua exposição à luz azul pode ajudar a reduzir a ansiedade. Além
disso, buscar ajuda profissional, se necessário, pode ser benéfico”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário