Em pleno 2022, onde a informação percorre em uma velocidade imensa, ainda temos muitas mães sentindo-se presas a culpas e mais culpas em relação a educação que oferecem aos seus filhos. E os motivos são diversos: porque trabalham, porque não conseguem equilibrar todas as funções da forma como gostariam, porque possuem pouca paciência, porque o filho ainda não alcançou x habilidade, etc.
A culpa é um sentimento com uma ação bastante
interessante dentro de nós. Por um lado, ela nos “castiga”, nos leva á tristeza
e, por outro, ela nos consola, pois sempre tem uma desculpa, um motivo, um não
fiz porque...
Sair da culpa é um caminho muito mais leve e
prazeroso de trilhar com os nossos filhos, pois assumo a responsabilidade das
minhas escolhas e tenho conhecimento que ampara as minhas ações e permite que
eu trace um novo caminho. Mas como fazer a transformação? Em primeiro lugar,
preciso do processo de consciência que consiste em enxergar onde eu sinto a
culpa, onde ela me corrói, baseada em que e porquê sinto tudo isso?
Muitas mães querem alterar a ordem deste caminho,
pois querem saber o que fazer? Essa é a pergunta que eu mais recebo no
consultório, nas palestras e na minha comunidade de mães: “O que eu faço?”,
“Como eu faço isso?”.
Sem tomar consciência da nossa história, das nossas
limitações e crenças será impossível alterar a ação. Quando a mãe quer trazer a
ação antes da consciência, ela busca a fórmula, a receita perfeita e tenta
seguir aqueles parâmetros, usar determinados instrumentos, mas sem, de verdade,
compreender todo o contexto. Ai a conclusão é: nada muda e essa mãe novamente
se sente frustrada, entristecida e culpada.
Desta forma, comece por você! A educação respeitosa
e consciente fala mais sobre nós do que sobre as crianças.
Assim que o processo de consciência estiver claro,
você perceberá quais são as habilidades humanas e comportamentais, as famosas
soft skills, que você precisa desenvolver na relação com o seu filho. Será que
estamos falando de empatia ou de resolução de problemas? De criatividade ou de
inteligência emocional? Ou será que é sobre a escuta ativa? Ou falta
comunicação? Reconhecer o lugar que estamos e qual a melhor habilidade que
precisamos desenvolver na relação com os nossos filhos é imprescindível.
Sem se conhecer, é impossível você fazer essa
avaliação de forma consistente e conseguir transformar a sua rotina com seu
filho. O que mais desgasta uma mãe é o desejo pelo equilíbrio. Mas como
conquistar essa habilidade, essa soft skills, se nem sei o que está
desequilibrado, se estou sempre no limite emocional? Garanto que neste lugar,
você não conseguirá vivenciar a maternidade que sempre desejou e ainda aumentará
sua culpa, pois sabe que seu filho observa suas reações e aprende a partir da
observação como se relacionar e como comunicar o que sente. Assim, sugiro 4
aspectos essenciais para a liberação da culpa e a construção de uma
autorresponsabilidade potente e transformadora:
- Autoconhecimento:
a capacidade de se conhecer, de reconhecer suas explosões, seus gatilhos,
seus maiores desafios.
- Estudar
sobre desenvolvimento infantil: ler, estudar e partilhar conhecimento
sobre o desenvolvimento infantil e a neurociência da educação é essencial.
A mãe que domina esses aspectos, consegue ter a tranquilidade de agir de
forma coerente com seus valores e ideais. O estudo permitirá que você
desapegue de mitos no mundo da educação como o mito de que trabalhar e
criar um filho saudável é impossível. Mito de que temos que estimular a
autonomia, sendo que ela é um processo natural pois nós devemos permitir
apenas que os nossos filhos cresçam. Mito de que criança não sabe nada e
então não confiamos no que elas nos dizem...
- Estar
presente: brincar, se envolver no que seu filho tem desejo, no que ele
gosta é essencial para que você construa uma conexão real, verdadeira,
genuína e, com isso, terá a certeza de que conhece a essência do seu
filho.
- Conhecer
e aprender sobre Soft Skills: essas habilidades humanas e comportamentais
trarão ao seu filho um desenvolvimento integral e capaz de transforma-lo,
pois será um adulto com empatia, compaixão, escuta ativa, respeito,
habilidade de trabalhar em equipe, de se comunicar, ter inteligência
emocional, saber se organizar e ser flexível, entre outras vantagens.
Mães emocionalmente saudáveis criam filhos
saudáveis, que serão adultos emocionalmente e mentalmente saudáveis. Mães
desgastadas, sentindo-se culpadas e cansadas não conseguem compreender os
filhos e acabam levando a eles esses desgastes.
A infância é a única etapa do desenvolvimento de um
ser que tem começo e fim determinado, e que influencia diretamente todas as
outras como a adolescência, a fase adulta e a velhice. Cuidar da infância é a
nossa principal responsabilidade.
Beatriz
Montenegro - pedagoga, Neuropsicopedagoga e Educadora
Parental pelo API (Certificado Internacional de Apego Seguro). Apaixonada
por desenvolvimento infantil e pela capacidade de transformação do ser humano
atua em consultório particular com atendimentos de crianças e jovens
com dificuldades de aprendizagem, realizando mentoria às famílias que buscam
conexão na relação com seus filhos. É fundadora da Comunidade Conexão
Materna, um grupo de mães que se encontram de forma online para se fortalecerem
e refletirem sobre educação, filhos e desenvolvimento.Idealizadora dos cursos:
Desafio do Brincar e Kit Sobrevivência: Rotina Saudável, cursos, cujo foco é o
estabelecimento de uma relação saudável entre pais e filhos.
www.instagram.com/biamontenegro.oficial/
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