Apesar do desenvolvimento individualizado, pais e escola devem trabalhar
em equipe para que os pequenos se desenvolvam melhor. Entenda ainda a diferença
entre alfabetização e letramentoFreepik
Segundo dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira), o percentual de crianças com dificuldade para
ler e escrever passou de 15,5%, em 2019, para 33,8% em 2021. Fato que a
alfabetização foi impactada, mas, será que o ritmo de cada criança foi levado
em conta durante a pesquisa? Em geral não existe um ritmo estipulado de
alfabetização, toda criança segue o seu próprio tempo e pode aprender de
maneiras diferentes. Há estudos que buscam se aprofundar no entendimento do que
é mais ou menos esperado ao longo do processo de desenvolvimento
neuropsicomotor da criança em cada faixa etária, porém, sem dados concretos.
“Existem os fatores ambientais, escolares, familiares e sociais que
devem ser suficientemente tranquilos e propícios ao aprendizado, mas buscamos
também avaliar como estão se desenvolvendo as funções cerebrais dos processos
mentais do aprendizado, como atenção, memórias de curto e longo prazo e outros
processos mais complexos. Um exemplo comum, e de conhecimento cada vez mais
difundido é que, quando nas avaliações percebe-se que a atenção é prejudicada,
suspeita-se de um Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).”,
explica a neuropediatra do Hospital Anchieta de Brasília, Ana Lidia Alcântara
Silva.
A médica acrescenta “os pais podem observar o ritmo e o aprendizado e
desenvolvimento do filho em diversas oportunidades, seja em uma brincadeira com
outras crianças, sejam em atividades cotidianas ou em sua rotina de estudo,
além de procurar trocar experiências com outros familiares, na comunidade e se
informar, sempre que achar necessário, junto a profissionais da educação e da
saúde. Em relação a respeitar o ritmo de aprendizado e desenvolvimento, é
importante dar segurança para que as crianças explorem seus limites de
conhecimento em ambientes que não julguem seus erros e desafiem novos saberes”.
Papel da família
As famílias precisam estar empenhadas, dedicadas e alinhadas com a
escola. “É importante a conscientização dos responsáveis, que são os grandes
motivadores. O auxílio com os deveres da criança e a estimulação à leitura
adequada, por exemplo, farão deste processo de alfabetização, algo prazeroso,
mágico e memorável para nossas crianças”, reforça a psicopedagoga e orientadora
do Colégio Objetivo DF, Márcia Fonseca.
Os pais devem criar um ambiente tranquilo e acolhedor para seus filhos
além de procurar estimulá-los a diferentes conhecimentos e habilidades. “Na
infância, ocorre um processo acelerado e intenso de sinapses cerebrais, que são
como se fossem redes que consolidam e conectam o conhecimento. Quanto mais a
criança tem experiências diversificadas em um ambiente emocionalmente positivo
com brincadeiras, leitura, esporte, entre outros, mais ela desenvolve funções
cerebrais complexas, que levam a um melhor desempenho em suas habilidades.
Desde às escolares/intelectuais até às emocionais interpessoais e
intrapessoais”, atenta a neuropediatra.
Alfabetização x Letramento
Ainda se questiona o que é alfabetização, o que é letramento, nem todo
mundo sabe. Isso faz total diferença, já que ambos processos são importantes no
desenvolvimento das crianças. A alfabetização infantil faz parte de uma das
etapas de aprendizado da criança, que ocorre geralmente quando é iniciado o
ensino formal na escola, porém, ele pode começar desde já em casa, com os
estímulos dos familiares. Já o processo de letramento se dá pelas vivências e
ensinamentos de profissionais capacitados que estimulam a criança para lidar
com o cotidiano à sua volta.
A psicopedagoga e orientadora do Colégio Objetivo DF, Márcia Fonseca, dá
detalhes sobre a diferença entre a alfabetização e o letramento:
“o processo de alfabetização infantil é um desenvolvimento de aprendizagem
em que a criança desenvolve a leitura e a escrita. Essas habilidades, que são
individuais, possibilitam codificar e decodificar os símbolos, a escrita e
números. Porém o letramento é uma habilidade que a criança desenvolve em meio
às suas vivências sociais”.
Já a neuropediatra do Hospital Anchieta de Brasília, Ana Lidia Alcântara
Silva, conclui de forma científica sobre as formas de aprendizado: “do ponto de
vista da neurociência, o aprendizado ocorre no sistema nervoso central, que é
onde são processadas as mudanças de adaptação aos estímulos externos e internos
aos quais os indivíduos são submetidos. Consideramos que, no processo de
aprendizado, estão envolvidas diversas funções cerebrais importantes, como: a
atenção e a memória de curto prazo, importantes na aquisição do aprendizado. Já
a memória de longo prazo é importante na central na consolidação do
aprendizado, além de funções mais complexas, como o processamento de
informações para produção de atividades mentais em nível simbólico e
conceitual”.
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