Backbone SP permitirá o compartilhamento em alta velocidade de dados científicos e materiais didáticos, bem como o processamento computacional de alto desempenho entre as instituições (imagem: Tomislav Jakupec/Pixabay)
Foi lançada na quinta-feira (29/09) uma rede de fibra óptica de alta
velocidade que permitirá a conexão das universidades paulistas entre si e com
instituições do exterior para compartilhamento de dados científicos, materiais
didáticos e processamento computacional de alto desempenho. Além disso, poderá
servir como um ambiente multiusuário para pesquisa na área de engenharia e de
computação.
Batizada
de Backbone SP, a rede interligará as universidades de São Paulo (USP),
Presbiteriana Mackenzie, as estaduais Paulista (Unesp) e de Campinas (Unicamp),
além das federais de São Paulo (Unifesp), de São Carlos (UFSCar) e do ABC
(UFABC) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Desenvolvido ao longo dos dois últimos anos, o Backbone SP será operado
pela Research and Education Network at São Paulo (Rednesp),
a antiga Rede ANSP, apoiada pela FAPESP.
“A Rede ANSP, criada em 1988 pela FAPESP para atender as três
universidades estaduais paulistas [USP, Unesp e Unicamp], rapidamente abriu
caminho para a internet no Brasil. Até 2020, foram aportados US$ 125 milhões
para a gestão dela”, disse Marco Antonio Zago, presidente da
Fundação, na abertura do evento.
O Backbone
SP interligará as oito universidades paulistas a uma velocidade de 100 Gigabits
por segundo (Gbps), que é mais do que suficiente para atender à demanda atual
dessas instituições de pesquisa, mas é escalável e pode ser aumentada de acordo
com a necessidade.
“O uso de dados é cada vez mais crítico. Essa infraestrutura é
fundamental para toda a ciência que é feita no Estado de São Paulo e é
importante que seja usada da melhor forma possível”, avaliou Luiz Eugênio Mello,
diretor científico da FAPESP.
De acordo com João Eduardo Ferreira,
coordenador da Rednesp, o Backbone SP também será a espinha dorsal para conexão
das universidades paulistas às redes acadêmicas internacionais, feita por meio
de cabos submarinos localizados nos oceanos Atlântico e Pacífico. Além desses
dois cabos foi contratado um terceiro para assegurar a conexão em caso de
eventuais problemas nos dois links internacionais.
Por meio desses links a
Redenesp está vinculada às redes acadêmicas internacionais, como a Americas
Africa Lightpaths (AmLight) e a RedCLARA, da América Latina.
“Estamos pareados agora, do ponto de vista de capacidade de transmissão,
com os backbones internacionais”, afirmou Ferreira.
Infovia
para redes privadas 5G
O Backbone
SP também está preparado para viabilizar conexões de iniciativas das
universidades paulistas que demandem maior largura de banda, como redes 5G
privadas.
Baseado em
tráfego de dados, o padrão de tecnologia de quinta geração para redes móveis e
de banda larga está possibilitando o surgimento de redes privadas para
interligação de diversos dispositivos baseados em internet das coisas (IoT, na
sigla em inglês).
“O que
estamos propondo como próximo passo é que o Backbone SP sirva como uma infovia
para trocar dados das redes 5G privadas, que, apesar de fechadas entre si,
precisam se comunicar e interligar todos esses dispositivos de
conectividade das universidades como alternativa à infraestrutura de
comunicação de longa distância disponibilizada pelas operadoras”, diz Ferreira.
A fim de
demonstrar a viabilidade da ideia, os pesquisadores da Rednesp, em parceria com
a Nokia, fizeram uma demonstração do funcionamento de uma rede privada 5G.
“Além de
permitir aumentar a eficiência na troca de dados científicos, materiais
didáticos e processamento de alto desempenho, o Backbone SP também será um ecossistema
de conectividade”, avaliou Ferreira.
Maior
ponto de tráfego do mundo
São Paulo
já é o maior ponto de tráfego de internet no mundo. A marca foi atingida em
março de 2021, durante a pandemia de COVID-19, destacou Demi Getschko,
diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
“Passamos
Frankfurt [na Alemanha], que era o maior do mundo. Isso aconteceu porque aqui
há pessoas que cooperam para que isso funcione da melhor maneira possível.
Estamos orgulhosos de que isso funcionou e que internet continua sendo
desenvolvida em um esquema de cooperação voluntária e adequada”, avaliou
Getschko.
O
especialista foi responsável pela implantação do Centro de Processamento de
Dados (CPD) da FAPESP em 1991, quando começaram a ser dados os primeiros passos
para a viabilização da internet no Brasil.
“O
primeiro ponto de troca de tráfego de internet no Brasil foi instalado no
prédio da FAPESP entre 1996 e 1997”, lembrou.
Elton Alisson
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/rede-de-fibra-optica-de-alta-velocidade-vai-conectar-universidades-paulistas/39728/
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