Você já ouviu falar em “Big Five”? O termo
denomina o grupo das cinco espécies de animais mais famosas no continente africano:
elefante, leão, búfalo, rinoceronte e leopardo. A expressão foi criada por
exploradores que chegaram à África no século XIX e listaram as cinco espécies
mais difíceis de serem caçadas. Hoje o termo ainda é utilizado durante visitas
guiadas pelas savanas africanas, mas em tom de apreciação desses fantásticos
mamíferos.
Seguindo essa nova tendência, a denominação
serviu como exemplo para a criação de novas listas em diferentes biomas, com um
novo foco, levando em conta fatores como beleza, raridade e importância do
animal. São os casos, por exemplo, de um Big Five elaborado pela WWF (World Wide Fund for Nature) com
espécies do Cerrado, e também na região do Pantanal. Os animais que fazem parte
dessas listas costumam ser a atração principal para visitantes das áreas de
conservação, o que ajuda a impulsionar um segmento econômico que segue em
crescimento em todo o mundo: o turismo de observação.
A última edição da pesquisa Demanda Turística Internacional,
lançada pelo Ministério do Turismo em 2019, indicou que “natureza, ecoturismo e
aventura” são a segunda maior motivação da vinda de visitantes internacionais
ao Brasil. Já de acordo com um estudo publicado pelo Conselho Mundial de
Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês), uma das atividades com maior
potencial de atração turística é a observação da vida silvestre, um segmento
que, em 2018, contribuiu com US$ 120 bilhões para a economia global.
Falando em turismo de observação, não há como
deixar de lado um dos principais biomas do Brasil, a Mata Atlântica. Espalhada
por toda a faixa litorânea do norte ao sul do país, ela ocupa cerca de 15% do
território nacional, em 17 estados, é o lar de 72% da população brasileira e
concentra 70% do PIB nacional. A Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos do
planeta, com mais de 15.700 espécies de plantas e mais de 2mil espécies de
vertebrados.
Apesar de toda a representatividade da Mata
Atlântica, atualmente restam apenas 12,4% da floresta original. O bioma também abriga o maior número de espécies ameaçadas.
Na Mata Atlântica, anta,
onça-pintada, onça-parda, macaco bugio e queixada são
considerados os Big Five. Todos esses animais estão em risco de extinção.
Porém, existem iniciativas que trabalham tanto para a conservação fauna, quanto
da flora do bioma, como o Legado das Águas, maior reserva privada de Mata
Atlântica do País.
A Reserva, que é aberta para visitação, fica
no Vale do Ribeira, no interior do Estado de São Paulo, e abriga 13% de toda
fauna ameaçada de extinção na Mata Atlântica.
O Legado oferece oportunidades únicas para o
turismo de observação. A fim de estimular essa atividade, a Reserva elencou os
seus Big Five:
1) A anta (Tapirus terrestres)
Foto: Luciano Candisani
A anta é o maior
mamífero terrestre da América do Sul. Os espécimes adultos medem em torno de 2
metros e pesam aproximadamente 300kg. Por ser herbívora, é considerada uma
excelente dispersora de sementes, colaborando para a manutenção da
floresta.
No Legado das
Águas, foram observados dois raríssimos exemplares de antas albinas, batizados
como Gasparzinho e Canjica. A explicação para o fenômeno de albinismo ocorrer
duas vezes em um mesmo local pode estar ligada a um possível grau de parentesco
entre os dois animais. O albinismo é hereditário e recessivo (o macho e a fêmea
precisam ter o gene que causa a falta de pigmentação para transmiti-lo). O
detalhe é que não necessariamente o pai ou a mãe são albinos, pois o gene pode
não se desenvolver no indivíduo que o carrega.
2) A onça-parda (Puma concolor)
A onça-parda é o
segundo maior felino das Américas, perdendo apenas para a onça-pintada. Também
conhecido como Suçuarana, esse animal pode ser encontrado no Legado das Águas.
Diferentemente da maioria dos felinos, a onça-parda não ruge e emite um som
parecido com o choro de gatos domésticos.
Para ajudar a
monitorar os felinos que habitam o Legado, foi feita uma parceria com o
Onçafari, instituição voltada para o estudo e a conservação da vida selvagem.
Essa parceria inclui o monitoramento dos hábitos desses animais, por meio da
instalação de câmeras, e a promoção do ecoturismo.
3) Muriqui-do-Sul (Brachyteles arachnoides):
Foto: Arquivo Legado das Águas
O muriqui-do-sul, também conhecido como mono-carvoeiro, é o maior primata das Américas e, assim como a anta, é considerado um ótimo restaurador de florestas, já que, em apenas um dia, pode dispersar sementes de até oito espécies de plantas. A espécie é endêmica da Mata Atlântica, ou seja, não pode ser encontrada em nenhum outro lugar no mundo, fator que a transforma em uma espécie-bandeira para conservação do bioma.
Na recente versão
da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (União Internacional Para
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais), o muriqui-do-sul passou para
categoria “criticamente em perigo”, o último estágio antes de a espécie ser
considerada extinta na natureza. O Legado reúne uma série de condições que
viabilizam uma população de aproximadamente 100 indivíduos -- uma das três
populações mais importantes do mundo de muriquis-do-sul. A Reserva foi
classificada recentemente como uma Área Prioritária Global para a conservação
dessa espécie.
4) Bicho-Preguiça (Folivora):
Foto: Arquivo Legado das Águas
Ótimo nadador, o bicho-preguiça dorme cerca de 20 horas por dia. Sua pelagem tem um tom marrom-esverdeado por conta de pequenos organismos clorofilados que vivem em simbiose com ele, como algas verdes e cianobactérias.
5) Queixada (Tayassu pecari):
Foto: Arquivo Legado das Águas |
A queixada é um animal extremamente agressivo, e seus principais predadores são as onças, tanto a parda quanto a pintada. Esses animais são encontrados nas principalmente nas Américas, principalmente nas regiões de florestas tropicais úmidas. Porém, por conta da caça e do aumento da densidade humana, estão sob risco de extinção.
Atualmente, O Legado é sede de uma pesquisa feita por pesquisadores do Laboratório de Biologia da Conservação (LaBic), da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP-Rio Claro), para entender o papel de queixadas na fertilização do solo, por meio da matéria orgânica das fezes e dispersão de fungos presentes em raízes.
Sobre
o Legado das Águas – Reserva Votorantim
O Legado das Águas é a maior reserva privada de Mata Atlântica do
Brasil. Área de 31 mil hectares divididos entre os municípios de Juquiá,
Miracatu e Tapiraí, no Vale do Ribeira, interior do estado de São Paulo, que
alia a proteção da floresta e o desenvolvimento de pesquisas científicas a
atividades da nova economia, como a produção de plantas nativas e o ecoturismo.
Foi fundado em 2012 pelas empresas CBA – Companhia Brasileira de Alumínio,
Nexa, Votorantim Cimentos e Votorantim Energia. É administrado pela Reservas
Votorantim LTDA. e mantido pela Votorantim S.A, que também em 2012, firmou um
protocolo com o Governo do Estado de São Paulo para viabilizar a criação da
Reserva e garantir a sua proteção. Mais do que um escudo natural para o recurso
hídrico, o Legado das Águas trata-se de um território raro e em estágio
avançado de conservação, com a missão de estabelecer um novo modelo de área
protegida privada, cujas atividades geram benefícios sociais, ambientais e
econômicos de maneira sustentável. Saiba mais em https://www.legadodasaguas.com.br
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