Um único cartucho de cigarro eletrônico contém nicotina
equivalente a 20 cigarros tradicionais, alerta a dentista Maria Adriana Araújo,
às vésperas do Dia Nacional de Combate ao Fumo (29/8)
Criado
em 1986, o Dia Nacional de Combate ao Fumo será celebrado na segunda-feira, 29
de agosto. Seu objetivo é reforçar as ações de sensibilização da população para
os danos causados pelo tabaco – no Brasil, mais de 22 milhões de pessoas fumam.
Doenças pulmonares são as mais lembradas quando se pensa nas consequências do
tabagismo. Mas a saúde bucal também é bastante afetada e os prejuízos podem ir muito
além de causar mau hálito e dentes amarelados e até resultar em um câncer. E
nos últimos tempos, há um novo vilão: o cigarro eletrônico, cujos malefícios
são ainda maiores.
“Infelizmente,
o cigarro eletrônico virou moda. Um cartucho de cigarro eletrônico contém
nicotina equivalente a 20 cigarros tradicionais. Não existe uma
padronização da quantidade de nicotina vaporizada pelos cigarros eletrônicos,
nem um controle de qualidade. E o seu vapor pode produzir formaldeído, um
álcool muito tóxico que o torna de 5 a 15 vezes mais cancerígeno do que o
cigarro comum”, alerta a dentista Maria Adriana Araújo, que é diretora da Amil
Dental e especializada em Estomatologia, ramo da Odontologia voltada ao
diagnóstico das doenças da boca, e à prevenção e à reabilitação.
A
ingestão frequente das substâncias ligadas ao consumo de tabaco tem como uma de
suas consequências mais graves o surgimento de um câncer bucal. Ele é causado
por uma mutação gradual das células sadias da boca quando uma pessoa inala a
fumaça. Dados do INCA indicam
que o número de casos novos de câncer da cavidade oral esperados para o Brasil,
para cada ano do triênio 2020-2022, é de 11.200 casos em homens e de 4.010 em
mulheres.
Outro
problema que o consumo de tabaco pode causar na boca é a gengivite, por levar à
diminuição da geração de saliva e por interferir no sistema imunológico,
tornando mais difícil para o corpo combater as bactérias que causam as doenças
periodontais. “Há, inclusive, estudos e relatos que indicam que um tratamento
periodontal pode não ter o mesmo sucesso esperado para um fumante do que para
um não-fumante porque o tabagismo dificulta a cicatrização da gengiva e
das demais estruturas da cavidade bucal”, destaca Maria Adriana Araújo.
O
tabagismo também pode afetar os sentidos do paladar (a fumaça do cigarro
diminui a sensibilidade das papilas gustativas) e do olfato e atrasar a
recuperação após a extração de um dente ou em seguida a qualquer outro
procedimento dentário.
E causa, ainda, mau hálito e dentes amarelados, o que pode impactar no convívio social e até profissional da pessoa, com a diminuição de sua autoestima. O alcatrão, uma das muitas substâncias químicas dos cigarros, mancha os dentes e os deixa mais escuros e amarelados. E ao inibir a produção de saliva, o fumo também contribui na formação do mau hálito.
“As pessoas devem parar de fumar o quanto antes, mesmo
cientes de que é uma atitude complexa. E recomendo que busquem o apoio de seus
dentistas para concretizar isso, eles devem ser vistos como parceiros dessa
jornada. Manter a boca e os dentes limpos e saudáveis, como foco na prevenção
de doenças graves, pode funcionar como um incentivo diário nesse desafio para
buscar um estilo de vida muito mais saudável”, aconselha Maria Adriana Araújo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário