Nós falamos com um especialista em Neurociência comportamental sobre o assunto
Problemas com
ansiedade nunca foram tão comuns. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS)
indicam que a ansiedade afeta cerca de 18,6 milhões de pessoas no Brasil, ou
9,3% do total. Ansiedade significa preocupação intensa, excessiva e persistente
e medo de situações cotidianas. Podem ocorrer frequência cardíaca elevada,
respiração rápida, sudorese e sensação de cansaço.
Esse
tipo de situação ocorre com frequência, e um dia comum pode se tornar
perturbador motivado por um gatilho. Seja em torno de algo como um fim de
férias e a necessidade de voltar ao trabalho, ou um pico de ansiedade ao
encontrar alguém no trabalho, ou em sua família, certos pensamentos podem
causar desconforto ou preocupação.
A
ansiedade pode afetar psicológica e fisicamente. Pode causar picos de pressão
arterial, pode fazer seu coração disparar e pode causar tensão muscular ao
redor do pescoço, ombros, peito ou abdômen.
Especialistas
apontam que momentos de ansiedade são um acúmulo de experiências passadas que
somadas ao medo criam este mal-estar. A boa notícia é que existe tratamento
para combater níveis elevados de ansiedade. Para o especialista em Neurociência
comportamental André Buric, existe uma utilidade para a ansiedade:
‘’Basicamente, ansiedade é um processo cerebral que nos prepara para enfrentar
uma situação de perigo e detectar sinais de ameaça no ambiente. Assim como
outros padrões, como o estresse e até mesmo a procrastinação, o objetivo da
ansiedade como função cerebral é nos proteger. A vida moderna que levamos ainda
é muito recente para o nosso cérebro. O cérebro humano é uma máquina que
evoluiu durante aproximadamente 300 mil anos e desenvolveu sistemas que
garantem nossa sobrevivência em diversos cenários, mas ainda existem padrões
cerebrais herdados da época em que existiam mais situações de perigo, portanto
a ansiedade é um mecanismo de defesa’’ disse o especialista.
A vida
moderna também favorece as condições que desencadeiam diferentes estágios de
crises de ansiedade. Tempos de incertezas, crises econômicas e relacionamentos
podem ser alguns dos gatilhos. De acordo com André Buric, a ansiedade pode
desencadear outros problemas: "A ansiedade tem muita conexão com o futuro.
Por exemplo, o desejo de controlar algo futuro pode despertar a ansiedade. Ou
ainda, na hora que a pessoa sente haver algum evento importante por acontecer e
ela não tem controle sobre tal evento". Para piorar, um padrão cerebral
nunca funciona sozinho, um vai levando a outro, se empilhando, determinando
assim a vida que um indivíduo leva. Daí a ansiedade cresce, pensamentos começam
a ruminar, que faz com que a pessoa perca o controle emocional, potencialmente
trazendo de "brinde" a procrastinação, o estresse, a necessidade de
conforto em uma alimentação pobre, a autossabotagem, sensação de impotência,
perda da autoconfiança’’, comentou em entrevista o fundador do BrainPower.
Para
quem sofre deste problema, o especialista tem dicas: ‘’Existem níveis de
ansiedade, mas para melhorarmos o nível mais comum, que é aquela ansiedade no
dia a dia podemos começar ajustando nossa mentalidade. Uma vez que a ansiedade
tem uma relação forte com o futuro, e um certo desejo de controle dele, podemos
fazer como um surfista: não tentar controlar a onda, e apenas entender que a
onda está lá para aproveitarmos." Segundo ele, esta metáfora é importante
porque ninguém pode garantir domínio completo sobre os acontecimentos da sua
vida, especialmente os que estão no futuro: ‘’Ficamos mais calmos quando não
tentamos controlar tudo ao nosso redor e passamos a controlar somente nossas
decisões e comportamentos. A nossa responsabilidade é gerir nosso comportamento,
não as situações. Se você entender que, com os padrões cerebrais corretos, toda
situação, por mais desafiadora que seja, poderá te agregar, você não sofrerá de
ansiedade’’ conclui André
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