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quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Mamilo invertido: como amamentar?

Condição atinge cerca de 3% das mulheres

 

         O exame físico direcionado ao aleitamento é crucial para detecção de anormalidades. As mulheres que apresentam alguma alteração no complexo aréolo papilar devem ser orientadas sobre as possíveis dificuldades e o manejo precoce é fundamental para o sucesso do aleitamento, garante a médica ginecologista, obstetra e mastologista Mayka Volpato, coordenadora da Comissão de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Mastologia-SP (SBM-SP) e co-autora do livro Doenças Mamárias na Gravidez e Lactação, lançado em maio.

         Um problema que pode ocorrer nessa fase é o mamilo invertido, que, congenitamente, atinge aproximadamente 3% das mulheres. Embora a maioria dos casos seja esporádico, alguns estão associados a distúrbios genéticos hereditários e são causados por uma falha de tecido subjacente em proliferar e projetar a papila do mamilo para fora.


O que é mamilo invertido

         A aréola contém fibras colágenas densas e uma fina camada de músculo contrátil onde a papila se projeta da área central.

         Na papila normal, a contração do músculo areolar resulta na projeção do mamilo. A retração da papila ocorre quando as forças contráteis dos músculos areolares são incapazes de superar a tensão entre os ductos centrais e a pele do mamilo, o que é chamado de mamilo invertido, explica a dra. Mayka.

         A inversão do mamilo adquirido é comumente associada ao alargamento de ductos mamários, que leva a doenças como a mastite, ou ainda causado por outras infecções mamárias. Também pode ocorrer no pós-operatório de cirurgias mamárias, biópsias, câncer ou uso de piercing.

         É importante salientar que a correção cirúrgica do mamilo invertido lesa e causa fibrose em toda a árvore ductal e por isso não se pode prever o sucesso do aleitamento, alerta a dra Mayka.


Retração do mamilo x inversão do mamilo

            Embora os termos "inversão do mamilo" e "retração do mamilo" sejam frequentemente usados como sinônimos, há diferença, explica a dra Mayka:

  • retraçãodo mamilo ocorre quando apenas uma parte do mamilo é puxada para dentro porque está presa por um único ducto, resultando em uma aparência de fenda.
  • inversãodo mamilo ocorre quando todo o mamilo é puxado para dentro.

 

Os tipos de mamilo invertido e sua graduação:

  • Grau I– O mamilo é facilmente puxado para fora com um leve aperto da pele areolar. A projeção do mamilo é bem mantida por vários minutos, mas depois o mamilo reverte para um estado invertido.
  • Grau II– Manipulação forçada é necessária para puxar o mamilo para fora, e a inversão ocorre rapidamente. A maioria dos pacientes com inversão do mamilo tem essa característica.
  • Grau III– Não há projeção do mamilo, e a papila está enterrada abaixo do nível da pele. Apesar da manipulação máxima, o mamilo não pode ser puxado para fora e é descrito como invaginado.

         Durante o pré-natal, o diagnóstico, a informação e o planejamento do pós-parto são os itens mais importantes a serem abordados para tratar da situação. Não há muito que fazer para melhorar os mamilos semiplanos, planos e invertidos. Os exercícios, uso de conchas com base rígida e os dispositivos de sucção não auxiliam nem mudam o curso do aleitamento e, portanto, devem ser desencorajados nessa fase.


Como amamentar

         As consultoras de amamentação ou enfermeiras do banco de leite são peças fundamentais para ajudar as mulheres com mamilos invertidos, pois auxiliam na exteriorização da papila e no melhor posicionamento de bebê.

         As mães devem ser estimuladas a testar várias posições para avaliar na qual o bebê melhor se ajusta - em geral as posturas invertida e cavaleiro são as mais favoráveis, pois a mulher tem maior liberdade e acesso para ajuste da mama durante a amamentação.

         Para resolver a inversão, deve-se tentar "rolar" o mamilo com os dedos para induzir o mamilo a se projetar. Alternativamente, pode-se usar um dispositivo de sucção especial (corretor de mamilo) imediatamente antes da mamada e com cuidado para não machucar ou causar dor e desconforto.

         Como último recurso, pode ser utilizado o intermediário de silicone, mas é importante deixar claro que o protetor fornecerá ao bebê maior estímulo sensorial, facilitando a pega, mas levará à diminuição da produção láctea, possibilidade de traumas no centro da papila, além da confusão de bicos e baixa ingesta láctea pelo recém-nascido. Deve ser retirado assim que o bebê consiga abocanhar a mama e manter a pega.


Informação é fundamental

         Dessa forma, é fundamental quo médico do pré-natal avalie as mamas, rastreie os demais fatores de risco primário ao aleitamento (hipoplasia mamária, obesidade, uso crônico de medicação ou suplemento, cirurgia mamária prévia ou trauma, violência doméstica, diabetes, resistência insulínica, síndrome metabólica) e ofereça informações para o manejo das possíveis intercorrências.

         Se o obstetra julgar necessário e houver possibilidade, a paciente pode  ser encaminhada, durante a gestação, a uma consultoria de amamentação para alinhar as expectativas e planejar condutas.

 

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