Luta contra o câncer de pulmão ganha novos reforços
Novos tratamentos abrangem
imunoterapia, segmentectomia pulmonar (retirada de um segmento do pulmão) e
abordagem personalizada para cessação do tabagismo
Todo ano, mais de 150 mil fumantes
morrem no Brasil, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. O tabagismo
também é responsável por 90% dos cânceres de pulmão registrados no país, que
registra 28 mil novos casos por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer
(INCA). Duas novidades apresentadas durante o Congresso Mundial de Câncer de
Pulmão (WCLC) 2022, realizado no início de agosto em Viena, na Áustria,
ganharam destaque: um estudo que revela a eficácia da Segmentectomia (retirada
de um segmento do pulmão) e o estudo Yorkshire Enhanced Stop Smoking Study
(YESS), realizado na Inglaterra, que registrou aumento da cessação do tabagismo
depois de uma abordagem personalizada.
Já no Brasil, especialistas comemoram a
aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no dia 15
deste mês, da utilização da imunoterapia, associada à quimioterapia, para o
tratamento de pacientes que têm doença inicial e que são candidatos a um
tratamento cirúrgico. Para o Dr. Carlos Teixeira, oncologista do Centro
Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, essas novidades
devem beneficiar os pacientes que enfrentam tratamentos de câncer de pulmão,
diminuindo as taxas de recidiva da doença.
“A aprovação do uso da imunoterapia
associada à quimioterapia neste cenário de doença inicial traz importantes
vantagens: redução de 37% no risco de progressão da doença e aumento da
resposta patológica verificada no tumor (que é uma forma de avaliar a
efetividade dessa modalidade de tratamento, bem como os benefícios trazidos por
ela) salta de 2%, somente com quimioterapia e cirurgia, para 24% com a
utilização da imunoterapia e da quimioterapia juntas”, ressalta.
O especialista destaca que em dois anos
de estudo dessa nova abordagem, em 63% dos pacientes que fizeram cirurgia não
houve recidiva, enquanto em pacientes que fizeram só quimioterapia e cirurgia
esse número foi de 45%.
O oncologista também comenta sobre os
avanços da cirurgia e a utilização da segmentectomia. “Apesar de ser uma
técnica voltada para pacientes com tumores menores do que dois centímetros e
com função pulmonar prejudicada, é uma cirurgia que poupa o pulmão não
comprometido pela doença, porque retira um segmento do pulmão, em vez de um
lobo inteiro. Isso significa que uma ressecção menor permite uma maior
preservação do pulmão. A preservação de uma maior parte de pulmão saudável pode
gerar um ganho na qualidade de vida”.
O estudo YESS se destacou no Congresso
Internacional porque colocou em foco prevenção, tanto no que diz respeito à
cessação do tabagismo, quanto à detecção precoce do câncer de pulmão. A
pesquisa baseou-se em pacientes com câncer de pulmão que participaram de um
programa de rastreamento da doença e que integraram um estudo personalizado de
cessação do tabagismo (que ofereceu um momento educativo com imagens e relatos
das doenças causadas pelo cigarro) e alcançou taxas de abstinência de mais de
30%.
“A oferta de apoio para cessação de
tabagismo com suporte comportamental e farmacológico e rastreamento de câncer
com tomografia associada ao programa de antitabagismo, diminuiu a mortalidade
dos pacientes. Combinando as duas estratégias foi possível duplicar a redução
de mortalidade nesses voluntários”, comemora o médico do Centro Especializado
em Oncologia e complementa: “Durante o estudo foram observadas mudanças nas
variáveis psicológicas, inclusive na motivação para deixar de fumar mediante o
risco de câncer de pulmão, na crença e na confiança nas estratégias de
cessação. Esse estudo ressalta a necessidade de combater o principal fator de
risco em câncer de pulmão: o cigarro. É possível não só fazer detecção precoce,
mas de fato evitar o surgimento do câncer quando educamos sobre os malefícios
do cigarro”.
Hospital
Alemão Oswaldo Cruz
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