Índices de infarto e AVC podem estar relacionados à falta de conexões sociais
Situações de isolamento e solidão podem ser difíceis de lidar para a maioria das pessoas. A falta de conexões sociais pode gerar danos emocionais e psicológicos ao indivíduo. Mas, os prejuízos à saúde podem ir além desses quadros, é o que mostra um estudo da Associação Americana do Coração (American Heart Association - AHA), que reforçou o fato de que o ser humano não sobrevive bem sozinho.
A análise revelou que o isolamento e a solidão podem aumentar cerca de 29% os riscos de ataque cardíaco ou morte por problemas cardíacos e 32% o risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Segundo o neurocirurgião especialista em doenças vasculares do cérebro Victor Hugo Espíndola Ala esse tipo de quadro pode levar à morte prematura e aumentar a taxa de AVC’s até mesmo em jovens.
“Os nossos adolescentes estão sempre ali em frente às telas e, consequentemente, são mais isolados em relação às gerações passadas. E isso mostrou que aumenta, inclusive, o risco de doenças cardiovasculares nessa faixa etária, porque predispõe a obesidade, hipertensão, o aumento de glicose sanguínea e, como consequência, o diabetes que vai aumentar esse estado inflamatório no organismo.”
Espíndola salienta que, nos últimos dois anos, por causa da pandemia da Covid, o índice de isolamento aumentou consideravelmente, o que, de acordo com ele, pode ter gerado o agravamento na ocorrência de doenças cardiovasculares. O neurocirurgião ainda comenta sobre a relação da solidão com o desenvolvimento de doenças graves.
“Uma possível explicação para essa relação, é que a solidão pode levar ao aumento de obesidade, consequentemente de marcadores inflamatórios, aumento da produção de cortisol, gera estresse, e a gente sabe que isso tudo são fatos que podem aumentar tanto a ocorrência de AVC, quanto a de infarto.”
Segundo Victor Hugo Espíndola, o estudo da Associação Americana do Coração evidencia a necessidade de novas pesquisas que relacionem a solidão com doenças cardiovasculares. “ A gente precisa entender melhor essa relação entre solidão, isolamento e doenças cardiovasculares, para que a gente possa ter mais medidas sociais e medidas governamentais que possam evitar e combater esse quadro”, completa.
O
neurocirurgião defende que é importante reservar boas relações e manter o
convívio social, e explica os efeitos positivos disso: “O convívio com outras
pessoas gera sensação de bem estar, produz oxitocina e neurotransmissores que
dão a sensação de bem estar que diminuem o estresse, diminuem o quadro
inflamatório global e, consequentemente, pode prevenir a ocorrência dessas
doenças cardiovasculares, como o AVC e o infarto.”
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