"A quebra do preconceito é uma questão de informação", explica neurologista. Apenas o diagnóstico de esclerose múltipla não pode determinar o futuro de uma pessoa que deseja se manter no mercado de trabalho
Agosto Laranja é a campanha que marca o Dia
Nacional da Conscientização da Esclerose Múltipla (30 de agosto). Pesquisas do
Centro de Inovação SESI Higiene Ocupacional, em 2019, afirmam que 40% dos
brasileiros portadores de Esclerose Múltipla (EM) estão fora do mercado de
trabalho formal. Mas a doença pode determinar o futuro profissional dos
pacientes?
Segundo a especialista doutora Renata Faria Simm,
neurologista do grupo Imuno Brasil, apesar da EM ser considerada uma doença rara
apresenta um grande impacto social e financeiro no mundo. No Brasil é a segunda
causa de incapacidade neurológica permanente em pessoas com menos de 50 anos de
idade.
Além dos sintomas como fadiga e cansaço, os
portadores sofrem o preconceito. Afinal, como entender o impacto da esclerose
múltipla no ambiente de trabalho? Primeiramente, os gestores precisam se
conscientizar que nem todos os pacientes estão no estágio incapacitante da
doença, o que depende muito do diagnóstico precoce e de um tratamento adequado.
Segundo a Dra. Renata, algumas simples adaptações
poderiam fazer com que grandes talentos não estivessem fora das empresas, como
flexibilidade de horário, pausas durante o expediente e uma carga de horário
consolidada.
Nesse sentido, segundo a neurologista, o que os
empregadores e colaboradores precisam saber é:
- Apenas 30% dos portadores de esclerose múltipla
precisam de cuidados de terceiros;
- Com o tratamento adequado, as chances de o
paciente desenvolver as formas mais graves da doença caem significativamente;
- O direito ao sigilo quanto sua condição é
constitucional;
- Um ambiente de trabalho ergométrico e com
temperatura adequada (evitar excesso de calor) auxiliam a diminuição dos
sintomas de dores e cansaço;
- Organização, planejamento e tratamento adequado
contribuem para que os sintomas depressivos não se agravem, permitindo que as
tarefas sejam concluídas com efetividade;
- Praticar exercícios físicos com regularidade
reduz a fadiga além de auxiliar no tratamento da doença;
- Manter uma rotina de sono é essencial.
Se adequar a algumas práticas é determinante para o
sucesso das atividades profissionais para os portadores de EM, e para combater
o preconceito que gera impacto econômico na vida dessas pessoas.
Renata Faria Simm - coordenadora da área de Neurologia da Imuno Brasil. Graduada em
medicina com residência em neurologia pela Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, Mini Fellowship and Observership em Esclerose
Múltipla pela Stony Brook University (NY, 2013), Universidade Colonia (2016),
Mont Sinai Hospital (NY, 2017), e Toronto University (2019). Atualmente é
coordenadora do Departamento de Neurologia do Hospital Santa Paula, e
responsável pelo Ambulatório de Neuroimunologia/Terapias Imunobiológicas do
Hospital Santa Paula.
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