Na semana da
gestante, o CROSP chama a atenção para a importância do acompanhamento
odontológico durante a fase de transformações
Os cuidados com a saúde bucal devem fazer parte da
rotina de todos. Porém, durante a gestação essa atenção precisa ser redobrada,
incluindo também o pré-natal odontológico.
Com o objetivo de orientar as futuras mamães sobre
a importância de manter a saúde bucal em dia e, assim, fazer com que elas
atravessem com tranquilidade todas as fases deste momento tão especial, o
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) elencou algumas
informações importantes para saúde da gestante e do bebê.
A importância do pré-natal odontológico
O pré-natal odontológico é feito por meio de
consultas ao Cirurgião-Dentista logo no início da gestação e tem a finalidade
de fornecer às gestantes orientações sobre como prevenir a instalação e
evolução de doenças gengivais, além de promover os tratamentos
necessários.
A gestação é responsável por diversas
transformações no corpo como um todo. Durante a gravidez, os hormônios
femininos estão em maior concentração na circulação, podendo impactar no
sistema vascular gengival.
A Cirurgiã-Dentista Dra. Solange Daud, especialista
em Periodontia, explica que a doença periodontal, embora seja multifatorial,
tem como agente causal o biofilme bacteriano, composto por uma grande variedade
de bactérias. O controle desse biofilme, segundo ela, é essencial para a saúde
bucal. “Deve-se observar rigorosamente os cuidados com a higiene bucal, com uso
de fio dental e escovação adequada, para não alterar a microbiota subgengival,
pois a alteração dela pode ocasionar a inflamação gengival, o que por sua vez
ativará o sistema imunológico”.
Segundo a Dra. Solange, nas últimas décadas estudos
indicam uma correlação entre as condições sistêmicas e a condição periodontal,
estabelecendo que a saúde sistêmica pode afetar as doenças periodontais bem
como a periodontite pode afetar a saúde. Neste sentido, muitos estudos apontam
que a periodontite é fator de risco para o nascimento de bebês com baixo peso e
partos pré-termos. “Embora esses estudos não sejam conclusivos, necessitando de
maior evidência científica, é importante ressaltar que o atendimento
odontológico a gestantes é imprescindível no programa de assistência
pré-natal”, enfatiza.
Acompanhando as mudanças
Durante o segundo trimestre de gestação, é comum
ocorrer um aumento de gengivite, percebido com um maior incômodo durante a
escovação, vermelhidão e sangramento gengival. Isso pode ser explicado por
aumento de alguns hormônios específicos, que provocam uma alteração na
composição bacteriana (microbiota) normal e são capazes de induzir alterações
subgengivais, causando gengivite.
A partir do quarto mês de gestação, inicia-se o
desenvolvimento do paladar do bebê, o que torna importante a alimentação
correta da gestante, evitando doces e sacarose, que podem causar problemas
relacionados ao aumento de cárie na própria gestante, além influenciar
negativamente na tendência do paladar do próprio bebê.
Segundo a Cirurgiã-Dentista Dra.Claudia Cinelli,
especialista em Odontopediatria, é fundamental esclarecer que a gravidez não é
responsável pelo aparecimento de cárie e nem pela perda de minerais dos dentes
da mãe. Ela explica que o aumento de cárie na mulher grávida é, provavelmente,
determinado por possíveis negligências com a higiene bucal; maior exposição do
esmalte ao ácido gástrico (vômitos); alterações de hábitos alimentares
resultantes do fato de estar grávida; aumento da frequência das refeições, já
que com a compressão do feto, diminui a capacidade volumétrica do estômago e,
consequentemente, a gestante se alimenta em pequenas quantidades, porém mais
vezes, incluindo alimentos cariogênicos, que são carboidratos como pães,
açúcares sob forma de liquido ou mesmo sólidos como bolachas, biscoitos, bolos,
refrigerantes, sucos etc.
Por isso, a Odontopediatra destaca que é importante
iniciar o pré-natal odontológico desde o começo da gestação, baseado na
prevenção de cárie através de orientações de escovação, dieta alimentar e
controle bucal e gengival, para que a gravidez transcorra da melhor forma.
Outro aspecto relevante apontado pela Dra. Claudia
é a adequada nutrição, considerada fundamental para as condições de saúde
satisfatórias durante a gestação, pois uma nutrição materna inadequada,
principalmente na última parte da gravidez, pode impactar no crescimento fetal
e causar deficiência nutricional ao feto. Daí a importância de vitaminas,
minerais e proteínas balanceadas.
Desenvolvimento dos bebês
É importante ter o entendimento que, assim como o
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento do bebê pelo pediatra é
fundamental, o profissional da Odontologia especialista em crianças, o
Odontopediatra, também tem papel essencial na orientação e prevenção bucal e no
acompanhamento e desenvolvimento do sistema orofacial desde o nascimento. “O
Odontopediatra é o responsável por orientar as mães nas diversas etapas de
desenvolvimento orofacial do bebê. Vários fatores influenciarão no
desenvolvimento do bebê: amamentação, tipo de alimentação, posição de
amamentação, respiração, dentre outros fatores”, explica Dra. Claudia.
Ainda de acordo com a especialista, a higiene oral
dos bebês deve ter início com a erupção do primeiro dente de leite, o que
normalmente ocorre por volta do sexto mês, e deve ser realizada após as
principais refeições. “Antes do nascimento dos dentes não existe necessidade de
escovação, uma vez que a colonização e presença de placa bacteriana ocorre com
a irrupção do primeiro dente na cavidade oral. Opte por escovas macias, com
tamanho indicado pra cada idade, e pasta de dente específica com flúor, que
varia de acordo com a idade da criança e quantidade”.
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP
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