Uma das discussões relevantes no âmbito educacional refere-se à aprendizagem móvel e seu universo de possibilidades. A pandemia jogou luz sobre a questão dos espaços de aprendizagem, fazendo com que educadores e educandos vivessem, na prática, múltiplos espaços do “saber” , numa integração entre ambientes físico e virtual. A máxima ‘Todos os espaços são espaços para aprender’ foi incorporada, de modo definitivo, à educação brasileira. Mais do que isso, esse pensamento foi materializado em forma de aceleração digital e multiplicação de plataformas.
Considerando
esse contexto, é necessário aprofundar o conceito de aprendizagem móvel.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco), as tecnologias móveis – associadas ou não às TIC (Tecnologia da
Informação e Comunicação) – são meios para possibilitar a aprendizagem a
qualquer hora em praticamente todo lugar, algo que corrobora para facilitar o
acesso a materiais de conhecimento e informações com o objetivo de melhorar a
qualidade de vida dos indivíduos.
As
tecnologias móveis são fomentadoras de um novo processo de aprendizagem e não
devem ser consideradas como um mero suporte a padrões pré-existentes de
educação, mas devem ser compreendidas como vetores de mudanças, podendo (ou
devendo, até mais apropriado) ser apropriadas pelo sujeito da ação (estudante).
Portanto, compõem as tendências na educação, focando nas práticas pedagógicas e
no currículo.
De
modo geral, quando o assunto é investimento em TIC, gestores mostram-se abertos
às tecnologias pelo fato de entenderem que elas podem melhorar a qualidade da
educação, incluindo a curadoria de conteúdo, as referências, entre outros
aspectos.
Exemplos
práticos
É
fato que a transformação tecnológica, por meio de dispositivos móveis, tem
personalizado a educação. A App Store, lançada em 2008, acabou se colocando
como um lugar confiável para usuários de todas as idades obterem aplicativos
variados, incluindo aplicativos de aprendizagem.
Seria
ingenuidade atribuir somente à acelerada digital, forçada pela pandemia, um
aumento de uso dessas facilidades. Vem de muito antes o acesso a apps que
favorecessem o saber, seja para praticar outros idiomas, aperfeiçoar o
português, fazer simulados para concursos públicos ou até mesmo desfazer alguns
nós em disciplinas mais temidas, como física e matemática. Há muitos
aplicativos que usam e abusam de recursos, como jogos e vídeos, para tornar
essa prática mais compatível com as mais variadas realidades do indivíduo
brasileiro.
Os
benefícios da gamificação na educação já são reconhecidos pelos educadores, já
que os jogos agregam prazer na aprendizagem, trabalham a autonomia nos
estudantes, a memória e ajudam também no desenvolvimento das habilidades
socioemocionais. E não faltam opções de games para serem utilizados.
Outra
experiência bastante compartilhada pelos gestores escolares refere-se à
utilização dos dispositivos móveis, como tablets e smartphones, como
ferramentas digitais, capazes de oferecer recursos multimídia que enriquecem o
aprendizado, inclusive facilitando o acesso para projetos pedagógicos
avançados. Programas completos de estudo, aplicativos e materiais
disponibilizados com gratuidade na nuvem são algumas das possibilidades.
Ainda
que essa migração para o online fosse notável antes mesmo antes da pandemia, é
inegável que passamos mais tempo no mundo virtual, uma vez que ficamos mais em
casa por conta dos cuidados relacionados à pandemia.
De
acordo com o relatório State of Mobile 2022, foram gastas 3,8 trilhões de horas
em dispositivos móveis em 2021. O aumento foi de 19% em relação a 2019.
Brasileiros passam em média 5 horas na frente de uma tela.
Se
estiver atento e olhando para o futuro, o setor de educação do país pode
enxergar aqui um meio de engajar mais seus educandos, seja por meio de games,
vídeos, gadgets, dispositivos móveis, atividades mais dinâmicas ou para uma
“simples” priorização desses canais, sabendo que o mundo virou uma chave e
dificilmente voltaremos ao que foi praticado há três anos. Quando integradas às
práticas pedagógicas e adotadas com contexto e significado, as tecnologias
móveis estimulam os estudantes a assumir um protagonismo no processo de
aprendizagem jamais visto antes.
E
por mais paradoxal que possa soar, só podemos avançar se entendermos o que
passou. Só tendo a máxima compreensão do que ocorreu é que vamos ter êxito no
futuro, especialmente em termos educacionais. Já diria sabiamente Steve Jobs:
“Você não consegue ligar os pontos olhando para frente; você só consegue ligá-los
olhando para trás. Então você tem que confiar que os pontos se ligarão algum
dia no futuro”.
Guilherme Camargo - CEO e fundador da Sejunta
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