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terça-feira, 20 de julho de 2021

Glaucoma congênito é a principal causa de cegueira na infância

Bebês com história familiar de patologias oculares, histórico de doenças maternas como rubéola e portadores de síndromes genéticas precisam de uma avaliação oftalmológica rigorosa



O diagnóstico precoce do glaucoma congênito é um desafio. Isso porque as manifestações clínicas são inespecíficas e podem ser diferentes, de acordo com a idade e o grau de malformação anatômica do sistema visual. Estima-se que o glaucoma congênito atinge 1 em cada 10 a 18 mil crianças no primeiro ano de vida.
 
Segundo a oftalmologista Dra. Maria Beatriz Guerios, especialista em glaucoma, a criança pode apresentar alterações visuais nos primeiros dias de vida ou ao longo da infância.

“Entre os sintomas mais comuns do glaucoma congênito estão a fotofobia (sensibilidade à luz), o lacrimejamento e o blefaroespasmo. Esse último se caracteriza pelo descontrole do ato de piscar”.
 
‘Há outras manifestações clínicas, como edema da córnea (inchaço), alargamento da estrutura, bem como alterações no nervo óptico e buftalmia, que é o aumento do volume do globo ocular”, comenta Dra. Maria Beatriz.

 
Teste do Reflexo Vermelho

No Brasil, foi instituído o Teste do Reflexo Vermelho, mais conhecido como ‘teste do olhinho’. Esse exame é realizado na maternidade. Entretanto, pode não ser suficiente para o diagnóstico precoce do glaucoma congênito.
 
“Por isso, recomenda-se que todos os bebês, ainda no primeiro ano de vida, sejam avaliados por um oftalmologista. Essa avaliação se torna ainda mais importante nos bebês e crianças com histórico familiar de doenças oculares hereditárias, incluindo o glaucoma”, reforça a oftalmologista.
 
Os bebês cujas mães tiveram doenças como rubéola, herpes, sífilis, zika, toxoplasmose e citomegalovírus durante a gestação também precisam ser encaminhados para uma rigorosa consulta oftalmológica. O outro grupo de atenção são as crianças com alterações genéticas.

 
Má formação

Estudos identificaram que o glaucoma primário congênito é proveniente de uma má formação embrionária, que afeta o desenvolvimento da malha trabecular. Essa estrutura é responsável pela drenagem do humor aquoso, líquido que preenche o globo ocular.
 
“É a correta drenagem do humor aquoso que mantém a pressão intraocular (PIO) sob controle. Quando há alguma alteração nesse processo, a PIO aumenta e isso causa danos no nervo óptico. E são esses danos que podem levar à cegueira irreversível”, explica Dra. Maria Beatriz.

 
Tratamento é cirúrgico

O glaucoma pode levar à cegueira irreversível. O tratamento é feito para evitar a progressão dos danos ao nervo óptico e assim prevenir os danos à visão. O principal objetivo do tratamento é manter a pressão intraocular controlada.  
 
O tratamento do glaucoma congênito é, basicamente, cirúrgico. “Quanto antes for tratado, melhor será o prognóstico. A técnica cirúrgica vai depender de vários fatores. Mas, em geral, o procedimento é realizado para normalizar a drenagem do humor aquoso e, com isso, evitar os danos no nervo óptico”, explica Dra. Maria Beatriz.

 
Pré-natal

Algumas causas pré-natais, ou seja, ligadas à gravidez, podem ser prevenidas. “É muito importante que as mulheres na idade fértil estejam com a vacina da rubéola em dia. Também é essencial, antes de engravidar, a realização de exames para detectar doenças como a sífilis, por exemplo”, comenta a especialista.  
 
Mas, com relação aos outros fatores de risco, com as síndromes genéticas e malformações intrauterinas, não há como preveni-los.
 
“O ideal é que todos os recém-nascidos sejam submetidos ao teste do olhinho na maternidade. Além disso, é de suma importância que os pediatras possam reconhecer os sinais e sintomas do glaucoma congênito para encaminhar a criança a um oftalmologista a tempo de evitar a perda da visão”, ressalta Dra. Maria Beatriz.

 
Prognóstico

A evolução do glaucoma congênito depende de vários fatores. Nos casos em que a detecção e o tratamento são precoces, há uma boa chance de a criança não evoluir para um quadro de cegueira.
 
“Por isso, a principal recomendação é procurar um oftalmologista ainda no primeiro ano de vida para uma consulta de rotina, principalmente quando há histórico familiar da doença e outros fatores de risco associados”, finaliza Dra. Maria Beatriz.

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