Nos
últimos dias, tenho recebido muitas mensagens de colegas professores pedindo
ajuda para utilizar a tecnologia para o planejamento de suas aulas. “Como posso
gravar um vídeo?”, “Qual o melhor programa ou aplicativo?”, “Como prender a
atenção dos estudantes em uma live?”, “Como fazer uma live?”
Enfim,
inúmeras dúvidas que estão chegando para que eu possa auxiliá-los de alguma
maneira. Sim, esse cenário é atual, estamos em meados de abril e em plena
quarentena nos resguardando da pandemia do coronavírus que assola nosso país e
o mundo. Esses tipos de pedidos de ajuda esporadicamente chegavam a mim e,
normalmente, surgiam na própria sala de aula, em disciplinas relacionadas ao
uso de tecnologias ou vinham de algum colega mais próximo. Mas, e agora? Como
dar aula a distância se não estou preparado para isso?
Presenciar
essas mudanças aumenta minha crença na importância de formar professores para o
uso das tecnologias na educação. Dedico minha pesquisa acadêmica a esse tema
por pelo menos quatro anos e venho sustentando essa teoria de que professores
precisam ter em sua formação inicial o contato com a educação a distância ou
buscar em uma formação continuada esse conhecimento.
No
entanto, nessas últimas semanas, participar dessa disrupção na educação, em que
professores têm que readequar sua prática para dar aulas, mudar suas
estratégias e metodologias, traz a certeza da importância da formação do
professor para o uso das tecnologias. Parece tão simples ligar o celular,
conectar a câmera e gravar uma aula, “Você vai conseguir se virar sozinho, é
fácil, não é possível que não entenda”. Mas sabemos que não é fácil e nem
simples, pois somos capazes de perceber que nos exige um mínimo de conhecimento
e de expertise.
As
escolas estão se adaptando à nova demanda, as políticas públicas estão abrindo
portarias para a legislação educacional, a educação a distância está mais
presente do que nunca. Professores estão gravando aulas e ensinando de suas
casas, os alunos aprendendo de suas casas. O MEC driblou a LDB e autorizou as escolas
de educação infantil e ensino fundamental a substituir aulas presenciais por
aulas a distância. Grupos de professores e especialistas estão se unindo para
disseminar conhecimento, com dicas, lives e encontros de como dar aula em
vídeo.
Vemos
que medidas estão sendo tomadas, há uma transformação na educação que está
mexendo com todos e percebemos que o trabalho virtual requer capacidades que
não foram alcançadas para este novo contexto.
Formar
professores oriundos de outra geração para atuação no contexto atual
evidencia-se como uma das problemáticas para a equipe gestora. Este cenário
ainda é repleto das tendências educacionais, que se configuram com a
incorporação de novas roupagens para as temáticas de necessidade constante de
inovação nas práticas pedagógicas, com discursos de ambientes enriquecidos com
tecnologias.
Talvez
os professores não tenham tido a oportunidade de realizar uma formação
específica para atuar na EAD. Quando são convidados para ministrar disciplinas
na EAD, percebemos que apresentam uma certa resistência com a atuação nessa
modalidade e com a utilização das tecnologias educacionais. São profissionais
que possuem uma vasta experiência no ensino presencial, mas que nunca atuaram
nesse campo.
São
docentes formados em licenciaturas, mas que não cursaram uma disciplina da
grade curricular de seu curso de formação inicial, que visasse a utilização das
tecnologias educacionais como base a utilização de ambientes virtuais ou como
recurso para o ensino de diversas disciplinas a distância. Consequentemente,
deparam-se com esse conhecimento em uma formação continuada, fator este gerador
de preconceitos com esta modalidade.
Diante
desses fatos, concluímos que são novos tempos e precisamos nos reinventar.
Depois que tudo passar, será o momento para dar mais valor à EAD e buscar por
formações complementares para auxiliar com a tecnologia, com a inovação e estar
preparado para essas transformações.
Mariane
Regina Kraviski - mestre em Educação e Novas Tecnologias e professora da Escola
Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter.
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