Em tempos de
alerta com uma crise global de saúde, especialista ensina a trabalhar
remotamente de forma produtiva na companhia dos filhos
A
implementação de trabalhos flexíveis em empresas é um desejo comum para pais e
mães quando se fala em conciliar filhos e carreira. Porém, com o avanço da
pandemia do COVID-19 e a recomendação da Organização Mundial de Saúde para que
todos fiquem em suas residências de quarentena, muitas famílias se depararam
com a dificuldade em mudar o mindset para o home office. A sensação é de estar
perdido, ansioso, com medo e confuso.
Na
opinião da educadora parental Camila Antunes, é natural não saber o que fazer,
afinal a situação é inédita e desafiadora para todos. Mas ela ressalta:
“podemos encarar este momento como um teste. É uma oportunidade de fortalecer
os vínculos com os filhos e entregar nosso trabalho. Este período vai exigir de
nós bastante resiliência e paciência, mas é também uma enorme oportunidade de
crescermos e nos mostrarmos capazes de novos modelos de trabalho e de relação”,
afirma a cofundadora da consultoria Filhos no Currículo, mãe da Isabel e do
João.
A
especialista separou cinco dicas para facilitar a
jornada de trabalho em casa com as crianças:
1. Convoque a família para
uma reunião de alinhamentos
Convoque
todos os membros da casa para uma reunião onde será explicado sobre a situação
do vírus e sobre os desafios dessa fase. Seja honesto com as crianças e as
convide a assumir as responsabilidades da casa e das tarefas do dia.
Uma
rotina definida garante previsibilidade e segurança para a família. Liste
as suas tarefas profissionais previamente e as atividades das crianças (se
tiverem compromissos da escola em ambiente virtual, por exemplo, ou tarefas
domésticas como arrumar as camas e colocar a mesa). Coloque na rotina o tempo
de cada atividade. Reveja e estabeleça novos combinados para fortalecer os
vínculos familiares já que todos estão no mesmo barco. As crianças adoram se
envolver de maneira útil e isso desperta o senso de pertencimento delas.
Home
office não é um período sem rotina, como férias ou feriados. É preciso
reorganizar a rotina e estabelecer novos combinados, mas manter os hábitos de
acordar e dormir nos mesmos horários. É uma oportunidade para acrescentar e não
necessariamente mudar o que já está estabelecido.
2. Estabeleça seu local de
trabalho
É
preciso deixar claro para todos que você estará trabalhando naquele espaço.
Faça o mesmo com as crianças e defina o local das atividades escolares e
brincadeiras (muitas escolas disponibilizarão material em ambiente virtual para
as crianças). Tire o pijama, se arrume, estabeleça hora para começar e terminar
e avise os membros da casa. Combine com a criança um código para momentos em
que não é permitido interrupção. Pode ser uma marca verde ou vermelha na porta
ou na cadeira. Essa definição é uma brincadeira por si só.
3. Mantenha o bom humor e
empatia
O
que está acontecendo é uma novidade para todos nós. Comece o dia respirando e
entendendo que faremos o que for possível, daremos o nosso melhor, mas que as
coisas não serão como se estivéssemos vivendo a normalidade. Aceite os
desafios. Entenda que é completamente normal e aceitável pedir um minuto da
call para atender uma criança, basta ser honesto e sincero com quem está do
outro lado. Com os filhos, lembre-os do que foi combinado. Isso precisa ser
sempre retomado. É no exercício da parentalidade que desenvolvemos diversas
novas habilidades socioemocionais como empatia, liderança empática,
criatividade, negociação e nesse momento estamos com a oportunidade de um
treinamento intensivo de soft skills.
4. Considere
intervalos de conexão
A
atenção indevida é uma forma que a criança tem de mostrar que não está se
sentindo parte. Crianças querem se sentir aceitas e estão todo tempo buscando
isso de nós. Por isso é importante convidar a criança a participar na construção
de uma nova rotina da casa nessa fase. Divida as tarefas e coloque intervalos
para que todos fiquem juntos por alguns instantes. A técnica Pomodoro é uma
ótima ferramenta nesse sentido. São 25 minutos de atividade e 5 de intervalo.
5. Acolha as suas próprias
emoções
Impossível
acolher as emoções de alguém sem antes cuidar de si mesmo. Verbalize e
reconheça os seus próprios sentimentos e inclua na rotina uma dose de
auto-cuidado (meditação, exercício, yoga etc) para que consiga se equilibrar
emocionalmente. É importante destacar que não precisamos transmitir medo ou
preocupação excessiva, mas deixar as crianças saberem que também “sentimos” com
tantas mudanças. Este momento é um convite para que os filhos se sintam parte
da família e possam, inclusive, colaborar.
Filhos no Currículo
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