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quarta-feira, 8 de maio de 2019

Dia das mães: vamos falar sobre amamentação?


Estudo mostra como reeducação dos movimentos da língua pode resolver problemas na amamentação


Quem é mãe com certeza já passou pela amamentação e, em muitos casos, descobriu que esse momento não é tão simples e natural como parecia ser. Pelo contrário, pode ser o grande responsável por causar dor, frustrações, angústia  e sensação de impotência. Afinal de contas, cada uma de um jeito único e diferente, toda mãe quer dar o melhor para o seu filho.

Quando a amamentação vai mal muitas vezes as dores e fissuras são tão intensas que essa mãe se vê em um posição dividida entre dar o alimento do próprio peito para seu bebê ou encerrar de uma vez por todas o sofrimento e entrar com a mamadeira. É um conflito muito grande e ao mesmo tempo as alternativas vão ficando escassas...a produção de leite está ok, a pega está correta e mesmo assim ainda dói muito, qual é então o problema? A sucção.

A realidade é que algumas pesquisas recentes indicam que é com a correção da sucção, e não somente da pega, que se torna possível a resolução de sérios problemas de amamentação. Essa avaliação pode ser feita por um profissional de fonoaudiologia e é extremamente benéfica  para ambos. No caso da mãe, é positiva porque dá a ela poder de decidir se realmente quer amamentar, se está dentro dos seus desejos e sonhos como mãe ou dentro das possibilidades do seu dia a dia. Para o bebê, porque o aleitamento materno é extremamente importante para o desenvolvimento da fala, respiração, deglutição e mastigação.

Um estudo realizado pela fonoaudióloga Flávia Puccini, especialista em motricidade orofacial, consultora em amamentação e laserterapeuta, em parceria com a Faculdade de Odontologia  de Bauru e a Telemedicina da Universidade de São Paulo desenvolveram um bebê em computação gráfica em 3D para demonstrar como funciona a anatomia e fisiologia da sucção e deglutição durante a amamentação.

Por meio da reprodução fiel dos sistemas orofaríngeo de um recém-nascido, foi desenvolvido o “Bebê Virtual”, material didático, original e dinâmico, que permitiu analisar o organismo do bebê no momento em que suga o leite da mama e o movimento que faz para engolir, e permitiu quebrar alguns antigos paradigmas e facilitar a solução de problemas e mudar, de uma vez por todas, o momento mais importante entre a mãe e seu bebê.

De acordo com o estudo, o leite é extraído pelo vácuo criado na boca do neném através dos movimentos feitos pela língua, fazendo com que o leite seja transferido da mama para a sua boquinha. Para Flávia, a correção e prevenção de problemas dolorosos na amamentação, como os traumas mamilares, por exemplo, acontece via análise e reeducação desses movimentos língua do recém-nascido.

Nota: A criação e modelagem de computação gráfica em 3D da amamentação do Bebê Virtual foi realizada por uma equipe interdisciplinar, a partir da análise de estudos publicados em periódicos científicos dos últimos anos que fizeram uso de ultrassom para analisar a movimentação da língua, bem como em livros de anatomia e fisiologia.

Segue abaixo o depoimento de uma mãe que passou pelo tratamento com a Fonoaudióloga Flávia Puccini:

“Amamentar para mim nunca foi um sonho, nunca tive uma visão romântica da amamentação, na verdade achava meio selvagem. Mas por saber o quanto o leite materno é importante para o bebê, sempre quis muito que desse certo pra gente, mesmo antes de engravidar, pelo simples fato de querer dar o melhor para o meu bebê. Pois bem, engravidei e esse sentimento não mudou, com a gravidez pude começar a ter noção do quanto a amamentação poderia ser difícil, ouvia casos de bico cair e ficava horrorizada e não entendia como uma mãe deixava chegar a situação a esse ponto. Nunca julguei, mas isso me intrigava, percebia que no meio do trajeto poderiam haver dificuldades que eu não tinha noção!

Lorenzo nasceu e ainda na sala de recuperação a enfermeira colocou ele no meu peito para mamar. Foi incrível! De primeira ele já pegou o peito bonitinho e com a pega correta. Eu pensei "Que maravilha, não terei problemas com amamentação", fiquei muito aliviada. Mas, engano meu, já no dia seguinte estava com fissuras nos dois seios, daquelas de sair sangue na boca do bebê e pior a equipe do hospital dizendo que era normal... Pra minha sorte com 5 dias de vida o Lorenzo já teve sua primeira consulta na pediatra, que me indicou a Flávia para avaliar a sucção do Lorenzo e também para fazer as aplicações de laser nas minhas fissuras. E com certeza tivemos o melhor tratamento que poderíamos ter, depois de 3 seções, em uma semana, com estímulos para o Lorenzo e laser em mim, o problema da fissura havia sido resolvido e eu não sentia mais dor alguma para amamentar. Eu nem acreditei e tenho certeza que se não fosse esse tratamento eu teria deixado de amamentar, pois a dor era insuportável!!!

Bom, infelizmente o leite materno não foi suficiente para o Lorenzo ganhar peso e tivemos que entrar com a fórmula logo no primeiro mês e aí entrou a mamadeira em nossas vidas. Aquela relação de amor e ódio: era o instrumento que possibilitaria o ganho de peso para o meu filho, mas também que poderia apresentar um risco grande dele desmamar, afinal mamar na mamadeira é muito mais fácil que no peito. Vim mantendo a amamentação no peito e depois a fórmula na mamadeira e quando ele completou 2 meses comecei a desconfiar que havia algo errado, ele ficava muito tempo mamando, cerca de 40-50min e depois mamava muito da fórmula, cheguei a conclusão que ele não estava mamando quase nada no peito, pois o que ele mamava da fórmula era quase a capacidade gástrica que ele deveria ter de acordo com o peso dele. Foi aí que lendo muito sobre a amamentação, fiquei sabendo da mamada não efetiva e não pensei duas vezes em entrar em contato com a Flávia novamente.

Ela avaliou ele e viu que a sucção estava muito fraquinha, então provavelmente estava mamando muito pouco do meu leite mesmo. Com isso, consequentemente, minha produção de leite, que já não era alta, diminuiu bastante. Fizemos mais 3 seções no Lorenzo e a Flávia me orientou sobre como aumentar a minha produção de leite, em uma semana, problema resolvido novamente!!! Tanto da sucção fraquinha, quanto da baixa produção de leite. Agora ele está com 3 meses e meio, mamando super forte e seguimos no desafio diário para manter peito com a mamadeira. Posso falar tranquilamente que a Flávia salvou a amamentação no peito da nossa família por duas vezes. Se não fosse as intervenções dela, Lorenzo estaria exclusivamente com a fórmula com certeza.”




Flávia Puccini - Fonoaudióloga formada pela Puc Campinas, a Flávia Puccini é mestre em processos e distúrbios da comunicação (voz, fala e funções orofaciais) pela USP, especialista em motricidade orofacial pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia. A profissional é consultora de amamentação e laserterapeuta e se coloca à disposição para ser fonte de informação de temas como amamentação, problemas alimentares, fala, disfagia e teste da linguinha.

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