O ambiente econômico mundial tem se tornado cada
vez mais complexo. São muitas variáveis de mercado que influenciam o sucesso de
uma organização. Mas no Brasil temos um fator adicional: o ambiente tributário.
São diversos motivos que tornam o cenário desafiador para as empresas em nosso
país. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT),
existem hoje em vigor no Brasil 63 tipos de tributos e quase cem tipos de
obrigações acessórias diferentes. Um estudo do Banco Mundial, de 2018,
denominado “Doing Business”, aponta que o Brasil é o número 184 quando o tema é
“pagamento de impostos”, dentro de um universo de 190 países. Demoramos, em
média, mais de 1.950 horas por ano para efetuar este tipo de procedimento para
atendimento ao Fisco. Somos os campeões mundiais nesse quesito.
Mas os problemas não param por aí. A carga
tributária brasileira supera os 32% sobre o PIB, segundo estudos da Receita
Federal de 2017. Ou seja, em torno de um terço da geração de riqueza em nosso
país é comprometido com os tributos. A nossa sistemática tributária atual
prejudica o consumo, principalmente com ISS, ICMS, PIS e COFINS. A tributação
sobre o lucro também é alta: este ano, o Brasil se tornará o país que mais
tributa os rendimentos das empresas, passando o posto da França.
A alta carga tributária se justifica, em parte,
pelo fato de haver excesso de concessões de benefícios fiscais e sonegação por
parte de alguns contribuintes. Tais situações, se diferentes e bem cuidadas
pelo nosso Governo, população e empresários, teriam potencial de redução de
carga tributária. Além do mais, a alta sonegação fez com que o Brasil virasse
um exemplo quando o tema é “Fiscalização”. Em 2017, a Receita Federal bateu o
recorde de autuações: R$ 205 bilhões. E parece ser uma relação de causa e
efeito: quanto mais sonegação pelos contribuintes, maior a fiscalização em
nosso país.
Diante de todos esses pontos, resta ao contribuinte
se preparar. Um verdadeiro “big brother fiscal” está por vir. Quem é da área
tributária já ouviu falar de um tal de “T-Rex” da Receita Federal: um
supercomputador que promete cruzar dados importantes do contribuinte, de
maneira efetiva, considerando todo o histórico financeiro, além de dados do
Ministério Público, Policia Federal, Juízes e o COAF.
Por isso, as empresas precisam tomar um cuidado
muito grande. Mesmo que seja um desejo, diante de toda complexidade acima, é
muito difícil uma organização passar ileso ao fisco, mesmo que de forma não
proposital (um erro pode acontecer). Assim, o termo “Governança Tributária”
ganha forças entre as companhias brasileiras. A tecnologia tem ajudado neste
quesito. Várias soluções ajudam os contribuintes a monitorar todas as suas
entregas fiscais. Robôs ajudam a fazer atividades transacionais. Verdadeiros
“workflows” ajudam os responsáveis pelas contabilidades a não passar nada em
branco. O segredo é se antecipar. Deixar o Fisco chegar perto da empresa é um
erro. Muitas organizações focam em planejamento tributário, mas esquecem dos
cuidados acima. A Governança Tributária pode ajudar nisso, principalmente
evitando riscos fiscais. Este sim deve ser o primeiro planejamento tributário
que todas as empresas deveriam adotar. Tomar todos estes cuidados fazem com que
os empresários fiquem mais tranquilos na condução de seus negócios.
Marco Aurélio Pitta - coordenadores do MBA em Governança Tributária a distância
da Universidade Positivo e professor de programas de MBA nas áreas Tributária,
Contábil e de Controladoria.
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