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sexta-feira, 8 de março de 2019

O dia em que Yogananda partiu


Em 7 de março comemorou-se o mahasamadhi (a última vez que um mestre divinamente iluminado, por ocasião da morte, abandona o corpo conscientemente) de Paramahansa Yogananda.
Isso aconteceu, de forma singela, depois dele declamar o poema “Minha Índia” a convidados que recepcionavam – em um jantar – o embaixador do país oriental nos Estados Unidos.
Yogananda já havia comunicado a seus discípulos que a hora de deixar o corpo estava próxima. Na ocasião, Sri Daya Mata, que assumiria a presidência da Self-Realization Fellowship depois de alguns anos – e onde permaneceu por mais de meio século – o havia questionado sobre como poderia dar continuidade à obra sem a presença física do mestre. Ele respondeu;


“Lembre-se disto: quando eu me for, só o amor poderá ocupar meu lugar. Embriague-se dia e noite com o amor de Deus e ofereça esse amor a todos.”.


último retrato do Mestre Paramahansa Yogananda antes do Mahasamadhi




Poema “Minha Índia”

*Por Paramahansa Yogananda

Não onde se evola o almiscar da fortuna,
Nem onde jamais andaram a escuridão e o medo;
Nem nas mansões de perpétuos sorrisos,
Nem no céu de uma terra florescente eu nasceria,
Se uma vez mais tivesse de tomar as vestes mortais;
Mesmo que a temível fome rondasse e me lacerasse a carne,
Mesmo assim gostaria de voltar ao meu Hindustão.
Em hordas rapinantes,
Poderiam as doenças tentar arrebatar a fugaz saúde do corpo
E nuvens fatídicas despejar gotas cadentes de tristeza,
Ainda assim, lá na Índia gostaria de renascer.
É este amor um cego sentimento alheio aos ditames do bom-senso?
Ah, não! Amo a Índia!
Pois foi lá que, primeiro, aprendi a amar a Deus e a todas as coisas belas.
Alguns ensinam a agarrar a vida
– efêmera gota de orvalho a resvelar na folha de lótus do tempo;
Constroem-se obstinadas esperanças em torno da dourada e frágil gota corpórea.
Mas a Índia me ensinou a amar a alma da imortal beleza do orvalho e da gota
Não suas débeis molduras.
Seus sábios me ensinaram a encontrar meu Ser,
Sepultado nas acumuladas cinzas de encarnações imersas na ignorância.
Cruzando muitas terras poderosas, terras de abundância e conhecimento,
Minha alma, às vezes assumindo vestes orientais, às vezes ocidentais
Empreendeu longas e distantes jornadas em busca de si mesma
Para, afinal, encontrar-se na Índia.
Mesmo que fogos mortais devastassem suas casas e seus dourados arrozais,
Para dormir sobre suas cinzas e sonhar com a imortalidade,
Oh Índia! Aí hei de estar.
As armas da ciência e da matéria estrugiram em suas praias,
No entanto, ela é indômita.
Eternamente livre é sua alma!
Seus santos soldados se vão
A dispersar, com o raio da realização,
Os bandoleiros do ódio, do preconceito e do egoísmo patriótico;
Vão incendiar as negras muralhas que separam os filhos do Uno, o Pai Imutável.
Com o poder material, os irmãos ocidentais conquistaram minha terra;
Soprai, soprai alto todas as suas trompas!
Agora a Índia os invade com amor, para lhes conquistar as almas.
Mais do que o céu ou a Arcádia eu te amo, oh minha Índia!
E darei o teu amor a toda nação irmã existente.
Deus criou a terra;
O homem criou os países confinantes e suas imaginárias e frias fronteiras.
Mas com o insólito e ilimitado amor
Vejo as fronteiras de minha índia se expandirem no mundo.
Salve Mãe das religiões, dos lótus, das formosas paisagens e dos sábios!
Teus amplos portais estão abertos
Para saudar os reais filhos de Deus e de todas as eras.
Onde o Ganges, as florestas, as cavernas do Himalaia e os homens sonham com Deus
Sou abençoado, meu corpo tocou esse solo.

Gratidão a esse grande mestre por seu legado de Amor!





Namastê,
Yuri Branco - Gestor da Omnisciência – Editora e Livraria da Cultura da Paz



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