Dispositivo causou lesões permanentes nos olhos de
um controlador de vôo.
O uso indiscriminado de
ponteira laser é uma questão de segurança e saúde pública no Brasil. O
relatório 2018 do CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos) revela 418 notificações de disparos contra aviões feitos com este
tipo de dispositivo. A comparação entre os relatórios anuais mostra que este
número já foi maior. Mas a brincadeira
com as tripulações causou queimadura e hemorragia na retina de um controlador
de tráfego que trabalhava em Minas Gerais.
De
acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier,
dependendo do tempo de exposição e da potência, estas ponteiras podem causar desde ofuscamento e edema na córnea, até
lesões oculares. permanentes. Isso
porque, nossos olhos são mais sensíveis à luz do que a pele. “Queimaduras na
retina ainda não têm cura. O estrago na visão do controlador de tráfego em
2018, pode ser comparado com o causado pela fixação dos olhos na eclipse solar
sem qualquer proteção”, afirma. Significa que foi atingido por uma ponteira
laser de alta potência. Pior: as células
perdidas na retina são irrecuperáveis. O
médico afirma que até os dispositivos
menos possantes podem causar ofuscamento e ceratite, uma irritação temporária
da córnea, mas se forem direcionados ao piloto pode fazer com que perca o
controle do voo aumntando a chance de acidente. Além disso, se estas ponteiras
forem fixadas prolongadamente as complicações são mais sérias. “Já atendi um menino
que teve uma queimadura superficial na retina brincando com uma ponteira
laser”, conta,
Falta regulamentação
Para Queiroz Neto o problema
é a falta de regulamentação deste tipo de dispositivo no país. No final do ano
passado a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo arquivou um projeto de
lei que tinha como proposta fixar a potência dessas ponteiras em 5 miliwatts
que é inofensiva à saúde ocular. “É a mesma amperagem utilizada em brinquedos e
mouses de computador”, exemplifica. O oftalmologista ressalta que a falta de
regulamentação coloca em risco a visão até de quem participa de palestras. Isso
porque, numa rápida busca pela internet são encontradas ofertas de ponteiras
com a mesma amperagem de equipamentos utilizados por oftalmologistas em procedimentos
cirúrgicos. Os sinais de que os olhos foram agredidos pelo laser são:
ofuscamento, enxergar manchas ou reflexos e dificuldade de adaptação a
ambientes escuros. Para evitar lesões oculares recomenda nunca olhar
diretamente para o feixe de luz, não apontar o luz sobre o rosto de outra
pessoa e evitar o uso de binóculo para visualizar o dispositivo.
Notificações
O relatório da CENIPA mostra
que o estado de São Paulo concentra o maior número de notificações de disparos
de laser contra aviões, seguido por Minas Gerais e Rio de Janeiro. Antes de
oferecer uma ponteira de alta potência a uma criança ou adolescente, vale
lembrar que apontar laser para um avião é crime previsto em lei. Confira a distribuição no país.:
Acre - 5
|
Maranhão - 2
|
Rio de Janeiro - 34
|
Alagoas - 4
|
Minas Gerais - 58
|
Rio Grande do Norte -
8
|
Amazonas - 10
|
Mato Grosso do Sul -
25
|
Rondônia - 4
|
Amapá - 17
|
Mato Grosso - 6
|
Roraima – 2
|
Bahia - 16
|
Pará- 30
|
Rio Grande do Sul - 30
|
Ceará - 14
|
Paraíba - 10
|
Santa Catarina – 22
|
Distrito Federal - 5
|
Pernambuco - 17
|
Sergipe -4
|
Espírito Santo -29
|
Piauí - 4
|
São Paulo - 111
|
Goiás - 22
|
Paraná- 26
|
Tocantins - 2
|
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