Dedicação,
determinação e coragem são imprescindíveis para que mulheres consigam lidar com
o preconceito inerente a uma sociedade que as enxerga como frágeis
Ser um empreendedor no Brasil é uma tarefa das mais
árduas, em razão de toda a sorte de problemas por qual o país historicamente
sempre passou. Para as mulheres, no entanto, essa iniciativa se torna ainda
mais complicada, haja visto o preconceito diário, inerente a uma sociedade
machista, com o qual elas devem lidar diariamente. A psicóloga especialista em
Prosperidade, Fernanda Tochetto, destaca que o sentimento de empreendedorismo
nas mulheres é muito forte, pois a criatividade feminina é bem maior que a dos
homens, o que faz aumentar a chance de uma mulher ser bem-sucedida em qualquer
negócio que se proponha. “Contudo, elas esbarram no medo de empreender e
quebrar essa barreira não é nada fácil”, diz.
A psicóloga especialista em prosperidade explica
que o medo é simplesmente um sentimento alertando de que algo pode dar errado.
Ou seja, trata-se de um senso de preservação, que, em doses normais, é
extremamente benéfico, pois gera a reflexão e estimula a análise a respeito da
melhor estratégia a ser seguida. “No empreendedorismo feminino, um campo cheio
de obstáculos, o medo é fundamental”, sentencia Tochetto. Do mesmo modo, são
fundamentais a coragem, a dedicação e a determinação para não desistir,
persistir e superá-lo.
Além de coragem, dedicação e determinação, a
psicóloga especialista em prosperidade sugere outros aspectos também muito
importantes que devem ser levados em conta para a mulher empreendedora que
deseja abrir um negócio. São eles: estudar o mercado; focar em metas; criar uma
carteira de clientes; e trabalhar com produtos que sejam de mais fácil
comercialização.
A “pedra fundamental” para a mulher que se propõe a
empreender, o passo que deve ser dado antes de todos os outros passos, é obter
o maior número de informações possíveis a respeito do negócio que deseja
montar, em outras palavras, especializar-se sobre ele. “É preciso pesquisar e
analisar a situação das empresas do nicho que pretende trabalhar, além de
conhecer o capital necessário e os riscos que o negócio propõe”, esclarece
Tochetto.
Estabelecer grandes ou pequenos objetivos a serem
alcançados no dia a dia é fundamental para não deixar o trabalho solto,
confuso, fazendo com que o negócio seja um barco à deriva, mudando ao sabor dos
ventos. Por isso, a importância de trabalhar com metas. De acordo com a
psicóloga especialista em Prosperidade, metas são desafios que toda mulher
adora. “A palavra-chave é a superação. Estipular metas atingíveis e ir
superando-as uma a uma, visando o desenvolvimento dos negócios, transforma o
resultado”, afirma.
Mais uma ação importante a fim de começar um
empreendimento com o pé direito é criar uma cartela de clientes. Segundo
Tochetto, o empreendedorismo feminino é muito baseado em sua rede de
relacionamentos. Então, o modo mais rápido de conseguir possíveis compradores
será através dessa rede. Obviamente não se deve deixar de lado as tradicionais
e valiosas maneiras de se prospectar clientes, tais como o trabalho diretos nas
ruas, visitas às empresas e aos centros comerciais etc. Outras mídias de
divulgação também não podem ser ignoradas. Tochetto lembra que, antes de ir até
seus futuros clientes, uma empreendedora que deseja obter sucesso deve traçar
um público alvo e construir uma persona de sua marca.
Uma empresa recém-inaugurada precisa de tempo e
dinheiro para se estabelecer no mercado. Às vezes não há nenhum dos dois, por
isso, Tochetto sugere que a mulher empreendedora opte por lançar produtos que
tragam retorno financeiro rápido. Cercar-se de pessoas com anos de experiência
em seu ramo de atuação também é recomendável. “Seu vendedor, por exemplo,
precisa saber vender e conhecer o que está vendendo. Não é momento para muitas
apostas”, explica.
Dificuldades
O que faz uma mulher empreendedora diferente dos
outros empreendedores é o contexto no qual está inserida, hostil ao seu
florescimento, com muito mais obstáculos a serem enfrentados cotidianamente.
“Além do próprio medo de abrir uma empresa, a mulher empreendedora ainda
precisa vencer outros desafios, frutos de uma sociedade que as enxerga como
frágeis. Uma visão retrógrada que precisa de muita luta para ser combatida”,
afirma a psicóloga especialista em Prosperidade.
As dificuldades se iniciam, por exemplo, na
educação. No Brasil, o número de homens que terminam o ensino superior é muito
maior do que o número de mulheres da mesma idade. “Por isso muitas vezes, as
mulheres resolvem abrir uma empresa sem o mínimo de preparo para enfrentar as
dificuldades do mercado”, diz Tochetto. Segundo a psicóloga, ambiente escolar,
com educação de qualidade, é formador de muitas das habilidades necessárias
para empreender, e isso muitas mulheres não conseguem ter.
A discriminação de gênero também é sentida no
mercado de trabalho. O estudo norte-americano “A Simples Verdade Sobre a
Desigualdade Salarial dos Gêneros”, elaborado, em 2017, pela Associação
Americana de Mulheres Universitárias, apontou que em 2015 as mulheres que
trabalhavam em tempo integral nos Estados Unidos ganhavam 80% menos do que os homens.
De acordo com o levantamento, nesse ritmo, a equiparação de
salários só aconteceria em 135 anos. Fora isso, no Brasil, segundo Tochetto, as
mulheres sofrem um julgamento preconceituoso com relação às suas capacidades
ligadas especificamente à área de negócios. “Esse preconceito torna mais
difícil o empreendedorismo feminino”, relata.
É sentido, por exemplo, nos investimentos
financeiros. Segundo o Banco Mundial, utilizando dados de 2015, cerca 30% dos
negócios privados de todo mundo são operados por uma mulher. De acordo com
Tochetto, esse dado poderia ser comemorado se não fosse o pequeno detalhe de
que apenas uma fatia dessas empresas é considerada de alto impacto. Conforme
relatório realizado entre 2015/2016 por um conceituada escola norte-americana
de educação empresarial, a Babson College, nos EUA, por exemplo, apenas 2% de
todas as empresas criadas por mulheres chegam à casa de um milhão de dólares em
receitas. “Infelizmente em todo mundo o investimento em empresas lideradas por
mulheres é muito menor do que as convencionais”, afirma a psicóloga
especializada em Prosperidade.
Tochetto apela para que a mulher empreendedora
receba mais apoio de instituições financeiras com o intuito de melhorar o
investimento em seus negócios, gerando empregos para outras mulheres que não
tiveram a mesma oportunidade de conseguir empreender. “Essa visão de mudança
precisa partir de cada um de nós, dentro e fora do mercado”, conclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário