O ritmo de crescimento das cidades ao redor do
mundo e os problemas dele decorrentes, como falta de saneamento, habitação
precária, degradação do meio ambiente e insegurança, têm sido objeto frequente
dos mais variados debates, com o propósito de se encontrarem soluções
técnico-financeiras que levem mais bem-estar aos cidadãos.
Um dos assuntos mais falados atualmente refere-se à
mobilidade urbana. O tema está na moda! Morar numa cidade grande onde o sistema
de transporte coletivo não atende às necessidades de seus habitantes é um ônus
insuportável a médio e a longo prazo. Perder horas no trânsito por excesso de
veículos, estar sujeito a assaltos e às intempéries ou ser surpreendido por
falha dos ônibus e trens são situações que ninguém está mais disposto a enfrentar.
Daí as inúmeras propostas, públicas e privadas, novas e antigas, que têm
pautado o desenvolvimento e crescimento das cidades brasileiras, como o metrô,
corredores de ônibus, Uber, carros e bicicletas pay-per-use,
patinetes elétricos e aplicativos GPS.
O metrô é o meio de transporte mais seguro, veloz e
eficiente, mas o mais caro. Um quilômetro custa algumas centenas de milhares de
dólares, podendo chegar a um bilhão, dependendo das circunstâncias e
dificuldades da obra (no caso da Linha 4 de São Paulo, o valor médio é de U$S
220 milhões). Ademais, trata-se de um investimento de longo prazo. Portanto, é
uma solução somente para cidades de grande porte, com forte adensamento
demográfico e recursos financeiros.
Os corredores de ônibus são bem mais viáveis, face
à rapidez da implantação e custo menor (US$ 10 milhões por quilômetro, em
média). O BRT (Bus Rapid Transit), como é chamado, tem sido adotado em alguns
municípios, como Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Não obstante ser uma
alternativa mais econômica, ainda assim exige o aporte de volumosos recursos.
Outra solução é o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos),
recém-inaugurado nas cidades do Rio de Janeiro e Santos. Trata-se de um modelo
intermediário entre o metrô e os corredores de ônibus, mas de certa forma
limitado, devido à rigidez de percurso e interferência nas ruas e equipamentos
públicos de superfície. É uma opção urbanística para curtos trajetos e com
forte impacto turístico.
Excetuando-se os sistemas de transporte de massa,
restam propostas acessórias como o Uber, carros e bicicletas pay-per-use.
Um exemplo foi o recente investimento que São Paulo realizou na construção de
mais de 400 quilômetros de ciclovias (diga-se que mais de 90% referem-se a
ciclofaixas, inseguras e de difícil manutenção). Embora conceitos simpáticos e
de apelo tecnológico-ambiental, como já dito, são individuais e elitistas.
Em São Paulo, uma das cidades mais afetadas pela
precariedade dos deslocamentos urbanos, teríamos, ainda, uma alternativa sequer
cogitada: a navegabilidade dos rios Pinheiros e Tietê. O seu uso agregaria
imenso potencial para desafogar o trânsito, proporcionando meio seguro, barato
e rápido de transporte coletivo.
Não há solução fácil e imediata para a mobilidade.
Mas, sem dúvida, um dos mais importantes fatores para diminuir as viagens,
apesar de muito pouco abordado, é o planejamento urbano, em especial de longo
prazo. Cidades compactas, onde as distâncias entre os locais de moradia,
trabalho, escolas, comércio e serviços são mais curtas, o adensamento populacional
mais intenso e o uso do solo mais diversificado, apresentam melhores condições
de deslocamento, melhor saúde de seus moradores, que andam mais a pé e de
bicicleta, vencendo o sedentarismo, e menos poluição pelo não uso do automóvel.
O Centro de São Paulo poderia servir como bom
exemplo de cidade compacta. Há anos, o município luta para melhorar a região,
mas sem êxito. Uma sugestão seria instituir potenciais construtivos muito
superiores aos hoje existentes, tanto para uso residencial, como comercial e de
serviços, privilegiando o uso do transporte coletivo já existente (metrô e
ônibus) e tornando a área amigável durante o dia e a noite. Com inovação e
criatividade, podemos achar soluções de mobilidade mais econômicas e de curto
prazo. O planejamento urbano pode ser um grande aliado.
Luiz
Augusto Pereira de Almeida - diretor da Fiabci/Brasil e diretor de Marketing da
Sobloco Construtora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário