Gordura no fígado leva 1
a cada 10 pacientes para fila do transplante
Levantamento
é do Hospital de Transplantes do Estado de SP
O Hospital de Transplantes do Estado de São
Paulo, unidade da Secretaria de Estado da Saúde gerenciada em parceria
com a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina),
alerta para o número de casos de câncer de fígado ligados à doença popularmente
conhecida como gordura no fígado. Na unidade, 12% dos pacientes em fila
para transplante deste órgão possuem câncer causado por esta doença. Dos 116 listados,
16 precisam de um órgão novo por causa de gordura no fígado.
Segundo Carolina Pimentel, gastroenterologista e
hepatologista da equipe de transplante hepático do Hospital de Transplantes,
esta é uma tendência mundial. “Vem sendo observado um número crescente de
pacientes com câncer proveniente de gordura no fígado e espera-se que ela seja
a principal causa de transplante deste órgão no mundo em breve. Para se
ter uma ideia, de acordo com um recente estudo realizado no Brasil,
Argentina, Colômbia, Chile, México, Peru e Uruguai, os casos de câncer
decorrentes de doença hepática gordurosa não alcoólica aumentaram cerca
de sete vezes, entre os anos de 2005 a 2012, passando de
1,8% para 12,8%”, explica Pimentel. Os dados mencionados foram publicados naconceituada revista
científica Clinics and Research in Hepatology and Gastroenterology (clique
aqui e confira).
Gordura no fígado
Esta doença hepática é causada quando há um
grande acúmulo de gordura nas células do fígado, motivadas principalmente por
obesidade, mal controle da diabetes, uso de alimentos ricos em frutose e
gordura saturada, juntamente com dietas hipercalóricas não saudáveis. Além
destes motivos, o consumo crônico de álcool também colabora para
o surgimento da doença.
A cura
está limitada aos casos iniciais, onde há a preservação da função do fígado,
isto é, quando não há cirrose. Ainda nesta fase, é importantíssimo que se
combata o excesso de peso, a hipertensão e ocorra a prática de atividades
físicas. Uma vez que a cirrose se instalou, o risco de surgimento do câncer
aumenta e, quando presente, o tratamento curativo é apenas o transplante. O
impressionante é que casos de câncer estão sendo observados mesmo em pessoas
que não possuem cirrose, mostrando a gravidade da doença e o risco que a
população sofre se não tomar medidas simples e controlar o problema ainda em
sua fase inicial.
“Outro detalhe muito importante é que a doença
gordurosa faz parte de uma grande síndrome metabólica, capaz de provocar
problemas em diversos órgãos, especialmente o coração. Tal fato agrava ainda
mais o estado desses doentes”, completa Pimentel, que acredita ainda que este
pode se tornar um problema grave de saúde pública.
A importância de ser doador
Diante de tal situação, todos os anos em setembro, uma grande
campanha é realizada para conscientizar as pessoas a respeito da doação de
órgãos: trata-se do Setembro Verde. Neste período, o Hospital de Transplantes
intensificou as capacitações de profissionais de saúde, sobre os
procedimentos necessários para viabilizar doações. O intuito é não apenas
orientar a equipe, mas também informar a população sobre o tema. No Brasil, a
doação de órgãos depende da autorização de familiares, por isso, os doadores devem
deixar bem claro à sua família esse desejo.
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