Cerca de 200 mil pessoas morrem todos os anos vítimas de arritmias cardíacas no Brasil
O marcapasso, dispositivo cardíaco criado em 1932, já passou por muitas evoluções e impede a morte súbita
O ritmo cardíaco natural é controlado por um
sistema independente de células especializadas do coração, mantendo, em
repouso, uma frequência em torno de 70 batimentos por minuto. Quando correto, o
ritmo cardíaco promove adequada circulação sanguínea por todos os órgãos.
Quando há problemas com o ritmo normal do coração, podem aparecer palpitações,
mal-estar, tonturas, perda dos sentidos e até mesmo morte súbita. Muitas vezes,
uma arritmia pode não ser letal, mas pode, por exemplo, ocasionar um mal-estar
no trânsito, o que gera um risco para o paciente e para terceiros. Por isso,
garantir o ritmo do coração é tão importante.
A alteração no ritmo dos batimentos cardíacos é
denominada de arritmia cardíaca. Ela pode acontecer quando o coração bate muito
rápido, muito devagar ou de forma irregular. Em grande parte dos casos, o
tratamento indicado é o implante de um marcapasso, dispositivo altamente
confiável e seguro e que garante o ritmo adequado do coração. Pode-se
dizer que ele funciona, na cardiologia, da mesma forma que os óculos de grau
funcionam na oftalmologia, corrigindo a visão do paciente.
Nos últimos 30 anos, mais de 350 mil pacientes
receberam o implante no Brasil e passaram a ter uma vida mais saudável.
O Dr. Celso Salgado de Melo há mais de 30 anos é o
médico responsável pelo Serviço de Marcapasso do Hospital de Clínicas da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), em Uberaba (MG). Há mais
de 40 anos, Dr. Celso se dedica a reunir e catalogar as mais de 600 peças que
fazem parte do Museu do Marcapasso do DECA
(Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial) da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Cardiovascular (SBCCV), que representa hoje o maior acervo de
estimulação cardíaca e eletrofisiologia do mundo. O museu ocupa atualmente um
espaço de 100 m² no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São
Paulo, e conta a história do marcapasso no Brasil.
Para ele, alguns marcos importantes na evolução dos
marcapassos trouxeram ainda mais benefícios aos pacientes. Entre eles, a
construção dos marcapassos dupla-câmara nos final da década de
1970; o advento dos sensores na década de 1980; a
invenção dos cardiodesfibriladores automáticos na década de 1980, que
mudou a evolução dos pacientes com risco de morte súbita e, mais recentemente,
em 1990, a introdução dos marcapassos ressincronizadores,
dispositivos que mudaram a história natural da insuficiência cardíaca.
“Desde o primeiro implante, realizado em 1958, os
marcapassos evoluíram e mudaram completamente a abordagem de pacientes com
frequência cardíaca baixa (bradicardia) e com sintomatologia incapacitante.
Todas as incorporações tecnológicas foram muito importantes na evolução desse
dispositivo, mas o advento dos marcapassos ressincronizadores teve um impacto
muito grande no tratamento dos pacientes com insuficiência cardíaca grave”,
relata. Outro grande avanço, na opinião do especialista, foi o surgimento dos
dispositivos compatíveis com ressonância magnética, que trouxeram importante
melhoria na qualidade de vida aos pacientes.
Com relação ao futuro da estimulação cardíaca, Dr.
Celso acredita que grandes contribuições já estão sendo incorporadas aos
equipamentos, como a modulação da contratilidade cardíaca para pacientes com
insuficiência cardíaca e QRS estreito, além dos dispositivos sem
cabos-eletrodos, que são os minimarcapassos da nanotecnologia.
Dr. Celso compara a descoberta do marcapasso a
outras grandes invenções da humanidade. “O marcapasso está para a cardiologia
assim como o avião, a eletricidade, os computadores e o telefone celular estão
para a sociedade. Esses foram grandes inventos que trouxeram grandes benefícios
para a humanidade, exatamente como o marcapasso mudou para melhor a qualidade
de vida dos pacientes cardíacos”, finaliza.
Fonte: BIOTRONIK
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