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sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Mitos x verdades: descubra os reais benefícios da biotina


O endocrinologista Marcelo Cidade Batista esclarece dúvidas comuns sobre essa vitamina amplamente consumida sem indicação médica


Apesar de a biotina ser indicada formalmente para o tratamento de algumas doenças raras, o uso de suplementos contendo essa vitamina tem sido cada vez mais adotado por leigos para o combate à queda de cabelos, o fortalecimento de unhas e o ganho de energia. “A dose mais frequentemente utilizada nesses casos é de 5 a 10 mg/dia, ou seja, 100 a 200 vezes maior que a ingestão dietética normal”, afirma o endocrinologista e patologista clínico Marcelo Cidade Batista.

No entanto, o especialista explica que uma alimentação variada e saudável pode ser suficiente para evitar a carência da biotina. “A substância está amplamente distribuída nos alimentos, sendo encontrada em maiores quantidades na gema de ovo, fígado, alguns vegetais e leite de vaca”, afirma Batista. Em função disso, Batista explica que a deficiência clássica da vitamina é rara, ocorrendo apenas em pacientes que apresentam algumas mutações congênitas, desnutrição severa ou ingestão de grandes quantidades de clara de ovo cru.

Segundo o Institute of Medicine e o Food and Nutrition Board of the National Research Council (USA), a ingestão adequada de biotina é de 30 mcg/dia em homens, gestantes e não gestantes e de 35 mcg/dia em lactantes. Em países ocidentais, a ingestão dietética varia de 30 a 75 mcg/dia.

Para esclarecer os mitos e verdades sobre essa substância que tem sido amplamente consumida sem indicações médicas, pedimos ajuda do especialista Marcelo Cidade Batista. Confira!

  1. A biotina é indicada para todas as pessoas
MITO:  Formalmente, o tratamento com biotina é indicado apenas para pacientes com algumas doenças raras, como deficiência da biotinidase, deficiência da holocarboxilase sintetase ou do transportador intestinal da biotina, doença de gânglios da base responsiva a biotina-tiamina, acidemia propiônica e alguns distúrbios do metabolismo energético mitocondrial, de acordo com o especialista. “A biotina também tem sido administrada a pacientes com esclerose múltipla progressiva (100-300 mg/dia), doenças desmielinizantes, síndrome de má-absorção e naqueles submetidos a hemodiálise ou nutrição parenteral”, ressalta.


  1. Consumo de suplementos de biotina contribui para unhas, cabelo e ganho de energia
MITO: Até o momento, não existem estudos científicos que comprovem os benefícios dessa substância para essas condições, afirma Batista. Apesar disso, segundo ele, muitos médicos consideram que a vitamina traz benefícios em alguns pacientes por conta das práticas clínicas. “A recomendação é que a suplementação com biotina seja sempre monitorada por um médico, que tem melhores condições de avaliar se o uso da vitamina deve ou não ser mantido”, alerta.

  1. A deficiência da biotina é rara
VERDADE: A deficiência clássica da biotina ocorre apenas em pacientes que apresentam algumas mutações congênitas, desnutrição severa ou ingestão de grandes quantidades de clara de ovo cru (devido à ligação da avidina do ovo à biotina), explica Batista. “Deficiências mais leves podem ocorrer em gestantes e lactantes (devido ao maior catabolismo da biotina) e em pacientes recebendo nutrição parenteral ou tomando anticonvulsivantes (principalmente primidona e carbamazepina) ou ácido lipoico”, afirma.

  1. Carência da biotina pode causar conjuntivite
VERDADE: Além da conjuntivite, o especialista explica que as manifestações clássicas da deficiência da substância incluem dermatite periorificial, alopecia (cabelos mais finos e descolorados), distúrbios neurológicos ou metabólicos, infecções cutâneas, convulsões e retardo do desenvolvimento neuropsicomotor em crianças.





Fonte: Marcelo Cidade Batista é graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Fez residência médica no Hospital das Clínicas (São Paulo) e doutorado na Universidade de São Paulo. Possui título de especialista nas áreas de Endocrinologia e Patologia Clínica. Atualmente é médico consultor do Laboratório Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e diretor médico dos Laboratórios Endoplus e Bio-Médico.

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