·
Segundo ortopedista, em muitos casos, as
lesões localizadas ocorrem de maneira espontânea, sem que haja histórico de
trauma.
O envelhecimento da
população brasileira e o crescimento das taxas de acidentes no trânsito
contribuíram com o aumento do número de fraturas no quadril, na última década,
tornando-se um problema de saúde pública, que captura uma parcela importante
dos recursos gastos com saúde no país. Estudos mostram que cerca de 20%
das pessoas que sofrem fratura no quadril morrem até um ano após a lesão, em
virtude de complicações.
Os idosos são os que mais
sofrem com este tipo de lesão, devido à diminuição na qualidade óssea,
diminuição da força muscular, perda da coordenação motora, redução dos reflexos
e problemas de visão. Segundo o ortopedista Dr. Pedro Teodoro, especialista do
Centro Médico São José de Cerquilho (SP), este problema também pode acontecer
de forma espontânea, sem que se tenha histórico de trauma. “Nos pacientes
idosos, temos um fator de risco importante: a osteoporose. Esse problema
acomete a estrutura óssea do paciente, diminuindo sua concentração de cálcio, e
culminando numa menor resistência do osso. Nestes indivíduos, é comum
encontrarmos fraturas decorrentes de trauma de baixa energia (como queda de
própria altura), ou mesmo fraturas que se desenvolvem espontaneamente, sem
qualquer trauma causador, explica.
Este foi o caso da
aposentada Vera Cecília Canavan, de 85 anos. Durante uma conversa com a filha,
a idosa virou-se bruscamente, em direção a ela, e acabou caindo no chão. “No
primeiro momento, não senti dor alguma. Levantei com a ajuda de uma cadeira e
voltei a fazer meus afazeres. Logo depois do almoço, percebi que a minha perna
esquerda estava dura e minha filha me levou para o hospital”, relembra Vera.
Para a surpresa de todos, a
idosa havia fraturado o quadril e precisou ser internada para a cirurgia. “Não
imaginava que um tombo tão bobo pudesse quebrar o meu quadril”, afirma a
aposentada.
Durante o procedimento
cirúrgico, Vera recebeu uma prótese de quadril e, três dias depois da cirurgia,
recebeu alta do hospital. “Fiquei menos de um mês andando com a ajuda de um
andador e mais 20 dias com uma bengala. Em menos de 60 dias, já estava andando
normalmente, sem dores. Hoje, uso a bengala apenas como segurança e já consigo
levar a minha vida normalmente”, comemora.
Segundo o ortopedista do
Centro Médico São José, muitos pacientes e familiares têm medo da cirurgia, por
se tratarem de pacientes idosos, com maior risco cirúrgico associado. “Quando
avaliamos os riscos versus os benefícios, a balança pesa a favor da cirurgia.
Não é incomum a realização de procedimentos bem-sucedidos em pacientes com mais
de 90 ou 100 anos de idade”, afirma.
De acordo com o médico, as
técnicas cirúrgicas dividem-se entre a fixação da fratura, com implantes
ortopédicos específicos, ou a substituição da articulação fraturada por uma
prótese. “Nos pacientes jovens, indica-se a fixação da fratura. Já, entre os
idosos, pode-se lançar mão de ambas as técnicas, o que será definido,
basicamente, pelo padrão da lesão, a idade do paciente e sua qualidade óssea”.
O tratamento cirúrgico deve
ser indicado, tão logo às condições clínicas do paciente permitam a realização
do procedimento. A existência deste tipo de fratura está associada a algumas
complicações, como: eventos tromboembólicos, formação de escaras, infecções
(pneumonia e infecção urinária), estados confusionais e necrose do osso
fraturado. A realização do procedimento cirúrgico pode diminuir a ocorrência de
tais eventos.
O tempo de recuperação é
variável, mas, em linhas gerais, pode levar de 6 a 12 meses. Um estudo
americano mostrou que, após um ano, 40% dos pacientes recuperaram a capacidade
de andar prévia; 40% voltaram a andar, mas passaram a necessitar de uma
bengala; 12% passaram a se locomover, com dificuldade, apenas em casa (com
auxilio de bengala ou andador) e 8% não conseguiram restabelecer a capacidade
de andar.
Prevenção
Segundo enfatiza Dr. Pedro Teodoro, é muito importante
nos focarmos em estratégias para prevenir este tipo de lesão. Algumas medidas
são simples, e podem ser aplicadas no nosso cotidiano, como: o aumento da
ingestão de cálcio, introduzindo o consumo de leite, queijo ou iogurtes na
dieta, além da prática de atividade física e a exposição controlada ao Sol (30
minutos por dia, antes das 10h ou após as 16h). Ainda, são recomendados: o uso
de tapetes antiderrapantes nos banheiros, a colocação de interruptores
elétricos próximo das camas e de corrimão nas escadas, evitar-se uso de tapetes
nos ambientes do domicílio, e diminuir o número de degraus pela casa, a fim de
ajudar os idosos a evitar possíveis quedas. “Em alguns casos, é indicada
terapias de reposição hormonal, suplementação de cálcio e vitamina D e o uso de
bifosfonados para auxiliar na prevenção e no tratamento da osteoporose, o que
deve ser prescrito por um médico”, finaliza o ortopedista do Centro Médico São
José.
Nenhum comentário:
Postar um comentário