Auto diagnose pode ocasionar intoxicações e
reações alérgicas; de acordo com a Anvisa, analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios
são os maiores responsáveis por complicações
O
brasileiro ainda tem pouco conhecimento sobre os impactos ocasionados pela
automedicação e diagnose. É o que mostra uma pesquisa que constatou a
prevalência de automedicação em 18,3% dos indivíduos investigados. As
informações são do relatório “Fatores predisponentes para a prática da
automedicação no Brasil: resultados da pesquisa nacional de acesso, utilização
e promoção do uso racional de medicamentos (PNAUM)”, publicado na 21º edição do
Boletim Científico. Foram entrevistadas 31.573 pessoas com idade igual ou
superior a 20 anos.
A
pesquisa mostra que 73,6% dos entrevistados afirmaram ter usado algum
medicamento sem recomendação médica – caso eles já tivessem usado anteriormente
esse mesmo produto; 73,8% declararam ter usado medicamentos não prescritos
quando o medicamento já estava presente em casa; e 35,5% afirmaram ter usado
alguma medicação não prescrita quando conheciam alguém que já havia tomado a
mesma medicação.
O
principal problema na automedicação e diagnose, aponta a professora Vera Lucia
Pereira dos Santos, coordenadora do curso de Gestão da Vigilância em Saúde do
Centro Universitário Internacional Uninter, é o risco de intoxicação ou uma
reação alérgica. “A pessoa que se automedica já apresenta sintomas que indicam
um estado alterado de saúde; se ocorrer a intoxicação pelo medicamento não
indicado, o paciente pode inclusive não distinguir a reação e não procurar
ajuda a tempo ou ainda ter uma reação alérgica, que poderá trazer sérias
consequências”, avalia a especialista.
Por
serem medicamentos que são de fácil acesso, os pacientes tendem a subestimar
seus efeitos ou não seguir corretamente a prescrição da bula. “A automedicação
revela, na verdade, um cenário de pouco acesso à saúde. As pessoas se medicam
porque consideram difícil o acesso a uma consulta médica”, explica.
Para consultas de emergência no SUS, em que os pacientes são classificados de
baixo risco, a espera para atendimento pode chegar a 4 horas. “Essa dificuldade
leva o paciente a achar que, sozinho, pode se ajudar. Aliada à falta de
informação, eles tomam decisões sem aval médico achando que não vão se
prejudicar”, afirma.
Dr.
Google: as dez pesquisas sobre saúde mais procuradas no buscador em 2017
O
processo de automedicação normalmente está associado a auto diagnose, explica
Vera Lucia. Com maior acesso à informação, é comum que pacientes, ao sentirem
sintomas diversos, tentem encontrar respostas nos buscadores de pesquisa. “O
procedimento é incorreto e pode oferecer riscos à saúde de crianças e idosos,
os mais afetados pela intoxicação medicamentosa”, alerta a especialista.
Confira as dez pesquisas sobre saúde mais realizadas no Google, em 2017.
1. O
que causam soluços?
2. Como
faço para parar de roncar?
3. O
que causa pedra nos rins?
4. Por
que eu me sinto tão cansado?
5. Qual
a duração de uma gripe?
6. Qual
a pressão sanguínea normal?
7. Como
diminuir colesterol?
8. O
que causa pressão alta?
9. O
que é TDAH?
10. O
que é lupus?
De
acordo com levantamento do Centro de Informação e Assistência Toxicológica
(Ciatox) da Unicamp, em Campinas, 33% dos casos de intoxicação no Brasil se
deram por ingestão de medicamentos, em 2017. “Para acabar com a automedicação,
é preciso não só de informação, mas aumentar os pontos de contato da população
com os hospitais”, finaliza.
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