O setor de energia
desempenha um papel crucial para o desenvolvimento sustentável do planeta neste
século. Em um momento de transição para uma economia de baixo carbono, o
principal desafio será equilibrar a demanda crescente por energia com o uso
racional dos recursos naturais e a redução das emissões de gases de efeito
estufa. Até 2050, a Organização das Nações Unidas estima que dois terços da
população global, ou 6,3 bilhões de pessoas, estarão vivendos em centros
urbanos. Isso equivale a uma nova cidade com 1,4 milhão de habitantes a cada
semana nos próximos 36 anos. Será preciso uma preparação para atender à
expansão econômica liderada pelos países emergentes, cujo padrão de consumo é
inferior ao das nações desenvolvidas, o que exigirá a adoção de novas soluções
sustentáveis para as cidades do futuro.
Diante desse contexto,
tornam-se ainda mais relevantes os investimentos em fontes limpas de energia e
em eficiência energética. De acordo com relatório da Agência Internacional de
Energia Renovável, se a participação dessas fontes fosse dobrada para 36% até
2030 no mix energético global, os gastos ambientais evitados poderiam chegar a
US$ 4,2 trilhões. Para alcançar essa realidade, será preciso que os países
coordenem seus marcos regulatórios e estimulem o ingresso dessas fontes
alternativas em suas matrizes de energia.
No Brasil, onde a média de
consumo de energia elétrica per capita está em 2,5 mil kWh por ano, bem abaixo
dos 8,2 mil kWh por ano das nações da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), a matriz elétrica contrasta com boa parte do
mundo. Mais de 80% da geração é oriunda de fontes limpas, com ênfase para as
hidrelétricas, enquanto em boa parte do mundo o carvão é o principal insumo. Um
destaque recente no País tem sido o forte crescimento, apesar de já ter uma
matriz limpa, da participação das energias renováveis alternativas, como a
eólica, a solar e a biomassa, que já respondem por cerca de 15% da oferta
elétrica interna. Isso sinaliza que, à medida que o consumo per capita
brasileiro avançar, essa expansão da demanda será atendida por fontes
renováveis de energia.
De fato, o futuro brasileiro
no campo das renováveis é promissor: em usinas eólicas, o País já é um dos dez
maiores geradores do mundo, com 8,6 mil MW, e detém potencial considerável, com
mais de 300 mil MW de capacidade podendo ser adicionados nos próximos anos,
volume equivalente a 21 hidrelétricas de Itaipu; em solar, a Aneel, o regulador
local do setor elétrico, prevê que, até 2024, quase 5 milhões de pessoas
produzam sua própria energia. A fonte, cuja participação atual na matriz não
chega a 0,1%, poderia responder por 3% em dez anos, sem considerar o imenso
potencial para o uso residencial e industrial. Até 2050, o governo brasileiro
estima que a geração solar distribuída possa alcançar até 118 mil MW.
O caminho adotado pelo
Brasil tem sido o de conciliar a contratação de energia por meio de leilões com
participação de agentes privados em que as fontes alternativas têm importante
papel. Exemplo está nas usinas eólicas. Em 2004, foi criado o Programa de
Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Em 2009,
estabeleceu-se um leilão anual com foco na contratação de usinas eólicas, para
criar demanda firme à indústria fornecedora. O BNDES, banco de desenvolvimento
local, passou a conceder empréstimos com juros mais baixos para aquisição de
equipamentos com índice de nacionalização da produção superior a 60%.
Em 2009, o preço da energia
eólica, que chegou a custar mais de US$ 57,08/MWh (US$ 1 = R$ 3,46) no início
da década, despencou para US$ 39,07/MWh; atualmente, o preço está próximo ao
patamar de algumas hidrelétricas. O Brasil contava com um fabricante de
aerogeradores em 2004 e hoje conta com cerca de dez, com mais de 100 empresas
participantes da cadeia produtiva eólica, muitas delas estrangeiras.
Dentro deste contexto
global, a CPFL Energia aperfeiçoou, em 2009, o seu planejamento estratégico e
reforçou a sustentabilidade em sua plataforma corporativa, priorizando
investimento em fontes renováveis, inovação e uso inteligente dos recursos.
Essa estratégia está suportada por investimentos em inovação e projetos de
P&D direcionados às tecnologias verdes, como mobilidade elétrica. Esta é a
nossa contribuição para que o País cumpra as suas metas no Acordo sobre Mudança
Climática de Paris, quando se comprometeu, até 2030, a elevar de 10% para 23% o
uso de energias renováveis alternativas na sua matriz elétrica.
Luiz
Eduardo F. do Amaral Osorio
Vice-Presidente Jurídico e de Relações Institucionais da CPFL Energia
Vice-Presidente Jurídico e de Relações Institucionais da CPFL Energia
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