Pouco explorada, a sexualidade deve ser debatida e
estimulada durante a quimioterapia, radioterapia e outros tratamentos contra
o câncer
Pessoas
com câncer passam por diversos tipos de tratamento. Muitas vezes dolorosos,
outros nem tanto. O fato é que durante o processo de quimioterapia,
radioterapia e hormonioterapia, o corpo das mulheres sofre inúmeros efeitos
colaterais.
Além
da queda de todos os pelos do corpo, ocorre a secura das mucosas – o que
dificulta a lubrificação da vagina – e também a queda da libido. Alguns
medicamentos muito utilizados durante o tratamento de câncer, como o Tamoxifeno
e Zoladex, também contribuem para esse quadro.
Outra
questão problemática que as mulheres passam é a insegurança em relação ao
próprio corpo, principalmente para as mastectomizadas, já que os seios são o
símbolo de feminilidade da mulher e protagonista da sua sexualidade, então fica
muito difícil tirar a roupa na hora da transa. A falta de cabelo também
intimida as mulheres, mas isso são detalhes que, com os truques certos - como
um sutiã próprio ou uma peruca bem colocada na cabeça - talvez resolva. Porém,
muitas pacientes relatam que nem satisfazer-se sozinha elas sentem vontade. Por
tudo isso, este é um assunto tabu e extremamente complexo de se tratar, tanto
entre as mulheres quanto com os seus próprios companheiros.
Estar
bem com a sexualidade é sinônimo de segurança pessoal, mas este não é um
processo fácil, muito menos para as mulheres que sofrem com queda na libido e
falta de lubrificação. Porém, há técnicas e produtos que funcionam bem para
melhorar este quadro, como é o caso de massagens, lubrificantes e até
vibradores. Mas atenção! Mulheres que estão passando pelo tratamento de câncer
não podem utilizar produtos que tenham hormônios em sua fórmula, além de que
precisam tomar cuidado em dobro com a higiene.
Há
inúmeros benefícios em se estimular a sexualidade durante e depois do
tratamento, principalmente como forma de elevar a autoestima da paciente, além
de ajudar a fortalecer o relacionamento com o parceiro. “É realmente
necessário lutar contra esse tabu, começar a tratar o sexo como algo que é
possível (e recomendável) de ser praticado durante essa fase da V ida.
Qualquer repressão e insegurança não são bem-vindas quando ainda há desejo”,
explica Flávia Flores, autora do blog Quimioterapia & Beleza e co-fundadora
do Instituto de mesmo nome, o IQeB (Instituto Quimioterapia e Beleza).
Autoconhecimento
em primeiro lugar
Uma
das dicas é o autoconhecimento, a mulher precisa conhecer o seu próprio corpo
para poder ter prazer. Conhecer-nos com ajuda do nosso parceiro é sempre mais
gostoso, mas podemos fazer isso sozinha e o uso de vibradores é sempre
bem-vindo. Mulheres que estão passando pelo tratamento de câncer não podem
utilizar produtos que tenham hormônios em sua fórmula, além de precisarem
tomar cuidado em dobro com a higiene. Outra técnica que é recomendada para
mulheres que estão em tratamento de câncer é o sexo anal. Por conta da falta de
lubrificação na vagina, esta é uma prática que pode ser explorada – isso se a
mulher se sentir confortável e quiser experimentar. E sempre utilizar
camisinha.
Oficinas
do Instituto Quimioterapia e Beleza
Pensando
no problema de que sexo durante o tratamento não é um assunto abertamente
discutido, o Instituto Quimioterapia e Beleza está promovendo oficinas
intituladas “Cats Boas de Cama”. “Cat” é o apelido carinhoso com o qual Flávia
se dirige a suas seguidoras nas redes sociais.
“Nada
como começar falando sobre isso e dividindo experiências”, diz Flávia Flores.
“O sexo já é um tabu dentro de muitos relacionamentos sem o agravante de uma
doença. Com o tratamento do câncer, isso fica ainda mais complexo. Queremos
entender os medos, os anseios das pacientes e explicar o quanto o sexo faz bem,
e como elas podem amenizar o problema da lubrificação e da libido”, diz Flávia,
que conquistou milhares de seguidoras ao usar a beleza e a autoestima como
aliadas na luta contra o câncer.
O
objetivo principal dessa oficina, uma das ações do Instituto, foi estimular uma
conversa sobre sexo com as pacientes que se inscreveram por e-mail, abordando
questões ligadas ao autoconhecimento e prazer feminino. As pacientes que se
inscreveram para a primeira aula aprenderam técnicas de massagem, sexo anal e
muitas outras práticas ligadas ao assunto, todas pensadas para lidar melhor com
os efeitos colaterais que a quimioterapia causa no organismo.
O
primeiro encontro aconteceu dia 3 de junho, na Isla Sensual Boutique, e há
previsão de que o segundo ocorra daqui dois meses. Essa é só uma das oficinas
que o Instituto Quimioterapia e Beleza oferece. Palestras, amarrações de
lenços, dicas de beleza, maquiagem e culinária são alguns dos outros temas de
workshops promovidos pelo Instituto, todos voltados às pacientes de câncer, com
o propósito de que, despertando a autoestima, é possível resgatar o brilho
pessoal.
Acompanhando
as mídias do Instituto QeB, você fica sabendo das novas datas das oficinas e
outras ações realizadas:
Luísa
Fragão
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