37%
dos consumidores pretendem pagar todas as contas atrasadas em 2015.
Valor
médio dessas dívidas, incluindo juros e multas, chega a mais de R$ 11
mil.
80% acreditam que as condições da economia pioraram no ano passado
O ano de 2016 começa
com uma perspectiva nada otimista para a economia e com o agravamento da crise
política torna ainda maior o grau de incerteza. Com isso, os consumidores se
preparam para enfrentar situações adversas ao longo do ano e que, segundo
especialistas, devem ser parecidas com as de 2015. O Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)
pesquisaram quais são as expectativas e projetos dos brasileiros para 2016: 36,8%
pretendem sair do vermelho, pagando todas as contas que estão vencidas.
Em seguida, também
são mencionados os desejos de fazer atividade física (34,3%), de comprar e/ou trocar
de carro (27,6%), além de perder peso (27,5%). O levantamento, feito em todo o
Brasil, mostra ainda que as expectativas em relação à conjuntura econômica do
País estão divididas. Para três em cada dez entrevistados (31,1%), a
situação será pior do que no ano passado; contra 37,0% que imaginam que
será melhor.
Considerando os
consumidores que acreditam na piora do cenário econômico, as principais
consequências esperadas são a diminuição das compras (55,6%); a redução do
consumo de produtos supérfluos, já que haverá menos dinheiro (48,4%, aumentando
para 59,7% nas classes A e B); e a maior dificuldade de economizar e constituir
reserva financeira (45,4%).
Como medida para
superar os problemas decorrentes da crise econômica, a maior parte dos
entrevistados menciona a intenção de organizar as contas da casa (56,3%),
seguido da intenção de evitar o uso do cartão de crédito (36,4%) e evitar
comprar parcelado (33,8%), e também pagar a maioria das compras à vista (32,7%).
Para a economista
chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, os dados da pesquisa mostram que ao menos
uma parte dos consumidores entende a gravidade da situação e pretende agir
ativamente a fim de evitar o desequilíbrio financeiro. "Medidas como a
organização das contas e o uso consciente do cartão de crédito podem fazer
diferença no orçamento ao longo de todo o ano, uma vez que não há previsão de
quando haverá recuperação da economia. O consumidor sabe que as compras
parceladas representam risco de endividamento, situação que poderia fugir ainda
mais ao controle em caso de desemprego", explica.
O risco de não
conseguir pagar as dívidas também aparece como o maior temor para 2016: 56,9%
dos entrevistados citaram, com percentuais maiores entre as mulheres (61,0%) e
as pessoas com 50 anos ou mais (69,6%). Foram mencionados ainda os problemas de
saúde (54,6%), a possiblidade de serem vítimas de violência e/ou assalto
(35,2%) e que o país não saia da crise atual (27,1%).
A corrupção -
um dos destaques da mídia no ano passado - também foi lembrada. Para 42,5% dos
brasileiros, é o problema mais importante do Brasil a ser resolvido em 2016,
seguida da crise econômica, mencionada por 39,6%.
Retrospectiva 2015:
80% acreditam que a economia piorou
Os especialistas do
SPC Brasil são unânimes na avaliação de que a crise econômica atual pode não
ter começado em 2015, mas este foi o ano em que a situação se agravou e
alastrou. "O que impressionou ao longo do ano passado foi a velocidade da
deterioração das variáveis macroeconômicas", afirma Kawauti. "Às
dificuldades econômicas herdadas de 2014, quando a recessão iniciou, somou-se
uma crise política que engessou a proposta do ajuste fiscal e de medidas de
incentivo. O resultado foi que a inflação, projetada inicialmente em 6,56%,
alcançou a casa dos dois dígitos. Os preços ao consumidor apurados pelo IBGE
tiveram variação média de 10,48%", explica. "Nos primeiros três
trimestres de 2015, a economia brasileira recuou 3,2% na comparação com igual
período de 2014, e o desemprego voltou a crescer".
Os reflexos da conjuntura
econômica e política atingiram os consumidores: oito em cada dez pessoas
ouvidas na pesquisa (79,6%) acreditam que as condições gerais da economia
pioraram em 2015 comparado a 2014, sobretudo entre os pertencentes das
classes A e B (83,9%). Outros 15,2% falam que as condições permaneceram as
mesmas, e apenas 4,2% acham que a situação melhorou.
Quando perguntados
sobre a própria situação financeira, 65,2% dos entrevistados disseram
que estão piores. Dentre esses, a maioria justifica sua impressão dizendo
que muita coisa aumentou de preço e o rendimento não acompanhou, e por isso
tiveram que diminuir o consumo para manter as contas em dia (63,7%). Os
obstáculos enfrentados pelo consumidor incluem ainda o endividamento,
com muitos compromissos a pagar (46,3%) e a diminuição da renda familiar
(42,3%).
Outro reflexo da
economia é que, entre os 12,8% dos entrevistados que estão desempregados, seis
em cada dez (61,6%) estão nesta situação há mais de sete meses. Cerca de 71%
das pessoas tem algum amigo próximo ou familiar que perdeu o emprego nos
últimos três meses.
Crise econômica
impactou no consumo das famílias
O estudo do SPC
Brasil comprova que a deterioração da economia do país teve impacto direto no
consumo das famílias, causando um retrocesso frente às conquistas nos últimos
anos.
Metade dos
entrevistados (50,8%) teve de abrir mão de muitos itens aos quais tinha acesso
e comprava, já que as coisas estão mais caras e não dá mais para comprar tudo.
Além disso, o brasileiro precisou mudar alguns hábitos de consumo ao longo do
ano, em especial abrindo mão do lazer: 89,4% dos entrevistados tiveram que
fazer ajustes no orçamento em 2015. Os itens que mais sofreram cortes foram
o almoço, jantar e o lanche fora de casa (68,7%); os produtos supérfluos de
supermercado (65,6%); produtos de vestuário, calçados e acessórios (60,3%); e
bares, casas noturnas e baladas (57,5%).
Dentre as metas não
alcançadas ao longo do ano passado, a mais citada pelos brasileiros foi a de
fazer uma grande viagem (35,0%), seguido de não conseguirem poupar e fazer
reserva de dinheiro (33,0%), comprar um carro (27,9%), reformar a casa (26,9%)
e também adquirir a casa própria (20,0%).
Cartão de crédito foi
o vilão da inadimplência em 2015
Ao longo de 2015 os
brasileiros alegaram dificuldade para manter as contas em dia, tendo ficado
muitos meses no vermelho. 41,8% ficaram muito meses no vermelho e cerca de um
em cada cinco entrevistados (22,6%) garante ter ficado com o nome sujo por não
ter pago todas as contas.
Entre os consumidores
que possuem contas atrasadas e estão negativados, o vilão foi o cartão de
crédito: 64,6% deixaram de pagar ao menos uma parcela, aumentando para
80,8% entre as mulheres.
Dos brasileiros que
têm conta em atraso, 59,6% pretendem limpar o nome nos próximos seis meses. Por
outro lado, praticamente quatro em cada dez (38,1%) pretendem, mas não têm previsão
de quando isso será possível. O estudo indica que o valor médio de todas as
dívidas dos consumidores inadimplentes, incluindo juros e multas, chega a R$
11.472, embora seja importante destacar que 42,8% dos entrevistados não
sabem quanto devem.
Metodologia
O SPC Brasil
entrevistou 600 pessoas de ambos os sexos e acima de 18 anos, de todas as
classes sociais em todas as regiões brasileiras. A margem de erro é de 4,0
pontos percentuais para um intervalo de confiança a 95%.
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