Mês é dedicado à conscientização sobre
prevenção de mortes que poderiam ser evitadas
O mês de setembro é dedicado à conscientização sobre a prevenção do suicídio e à promoção da saúde mental. Neste ano, o lema da campanha é “Se precisar, peça ajuda!” e tem como objetivo alertar a sociedade sobre a importância de reconhecer sinais de risco e buscar ajuda.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que são registrados mais de 700 mil suicídios no mundo por ano, com uma estimativa de que o número real possa ultrapassar 1 milhão por conta de subnotificações. No Brasil, a taxa de suicídios é de 14 mil casos anuais, o que equivale a uma média de 38 mortes por dia.
Segundo a OMS, quase 100% dos casos de suicídio estão associados a doenças mentais, muitas vezes não diagnosticadas ou tratadas inadequadamente. Portanto, a abordagem eficaz na saúde mental pode ser crucial na prevenção desses casos.
Há ainda casos em que a busca pela cura de uma condição de saúde ou doença também pode levar a casos de depressão.
Desde o ano passado a comunidade médica mundial mostra preocupação com efeitos colaterais de medicamentos para controle de diabetes e emagrecimento quando usados sem acompanhamento de especialistas.
Em agosto deste ano a Jama Network, revista da American Medical Association, publicou um estudo com dados da OMS, que identificou 107 casos de pensamentos suicidas associados ao uso da semaglutida, medicamento que atua simulando a ação do GLP-1, hormônio que regula a glicemia e a sensação de saciedade, usado para tratar diabetes e obesidade.
O estudo analisou mais de 36 milhões de casos de reações adversas e encontrou que parte deles associava o uso da semaglutida ao aumento de ideias de suicídio, especialmente em pacientes que também usavam antidepressivos ou benzodiazepínicos. Em 62,5% dos casos, os sintomas desapareceram após a interrupção do medicamento.
Segundo o Dr. Alaor Carlos de Oliveira Neto, head do Serviço de Psiquiatria do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a preocupação é maior nos casos de pessoas que tomam o medicamento sem acompanhamento médico.
“São pessoas que conseguem comprar o medicamento sem receita. Existe um grupo de risco dentro desses usuários sem acompanhamento médico, que na privação da alimentação, pode ter um efeito, que é a manifestação de pensamentos suicidas”, explicou o psiquiatra.
O especialista alerta para a necessidade de um monitoramento cuidadoso dos efeitos colaterais desses medicamentos. “Muitos desses remédios estão disponíveis sem receita médica e isso pode levar a um uso inadequado e potencialmente perigoso.”
O estudo americano enfatiza a necessidade de regulamentação mais rígida e de acompanhamento médico rigoroso para evitar riscos adicionais à saúde mental.
O psiquiatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz também destacou a importância de políticas públicas eficazes para combater a crise na saúde mental na população em geral.
O Setembro Amarelo 2024 é uma oportunidade para reforçar a importância de estar atento aos sinais de alerta para o suicídio e de promover o acesso a informações e tratamentos adequados. A conscientização e a ação contínua são fundamentais para garantir que todos tenham o suporte necessário para enfrentar momentos de crise e optar pela vida.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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