Observa-se uma tendência de crescimento de
casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave em 19 estados e, com o aumento dos
casos de gripe, a baixa imunização – inclusive para combater outras doenças,
volta a ser discutida
Segundo dados do Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado em 1º de junho,
vivenciamos um aumento no número de casos de gripe em adultos. Especialistas
associam os casos à Influenza A, prioritariamente pelo vírus H1N1, que pode ser
combatido pelo imunizante contra a gripe.
Dos 27 estados, 19 apresentam tendência de crescimento de casos de Síndrome
Respiratória Aguda Grave. Entre as capitais, o número chega a 14.
O mundo vive uma onda de descredibilização de imunizantes, que atingiu muito
mais que os da gripe e da covid-19. Segundo relatório Situação Mundial da
Infância 2023, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 1,6 milhão
de crianças não receberam nenhuma dose da vacina DTP, que previne difteria,
tétano e coqueluche entre 2019 e 2021, no Brasil. O imunizante no País é
conhecido como pentavalente porque protege, ainda, contra a hepatite B e a
haemophilus influenza tipo B. Outras 700 mil tomaram a primeira e/ou segunda
dose, mas não tomaram a terceira, somando 2,4 milhões de crianças que não estão
adequadamente imunes a essas doenças.
O
Unicef apurou, ainda, que 26% da população infantil brasileira não recebeu
nenhuma dose vacinal em 2021, e que a confiança da população na importância de
imunizantes caiu 10 pontos percentuais, para 89%. O Brasil beirou os 100% de
confiança durante muitos anos, como aponta o órgão.
A baixa
cobertura vacinal, o negacionismo e a sensação de segurança
A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou, em abril passado, dados e
estratégias para restaurar a cobertura vacinal no mundo. De acordo com eles, em
20 países 75% das crianças ficaram sem vacinas em 2021. Entre esses países está
o Brasil, único da América do Sul a figurar na lista. A constatação também
preocupa pelo aparecimento de um caso de poliomielite aguda no Peru, no fim de
março deste ano, e que coloca o Brasil - por fazer fronteira com o país - em
estado de alerta.
Para Ricardo Pacheco, médico, gestor em saúde e presidente da Oncare Saúde e da
ABRESST - Associação Brasileira de
Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho, a baixa cobertura vacinal em
todo o território nacional é muito preocupante. “É um risco à saúde
principalmente para pessoas com condições crônicas não transmissíveis (CCNTs),
como doenças cardiovasculares, diabetes e câncer, já que 88,9% das mortes por
Influenza, a conhecida gripe, acometem pessoas com condições pré-existentes. E
não apenas a imunização contra a Influenza está baixa, com apenas 40% do
público-alvo vacinado, outras 20 vacinas também não atingiram a meta no
Brasil”.
Em virtude dos baixos índices, desde 15/05, as unidades do Sistema Único de
Saúde passaram a aplicar a vacina contra a gripe na população com mais de seis
meses de idade, atendendo pedidos dos estados e municípios, que estão às voltas
com altos estoques do imunizante, devido à baixa procura da população. Desde o
início da campanha de vacinação, em 10 de abril, mais de 80 milhões de doses
foram distribuídas pelo ministério aos estados.
A não vacinação contra a covid-19 ainda preocupa. No final de abril, o
Ministério da Saúde liberou a aplicação da vacina bivalente para maiores de 18
anos, mas o comparecimento às unidades de saúde segue abaixo da expectativa.
Antes da ampliação, a pasta esperava imunizar 61 milhões de brasileiros, no
entanto, a campanha iniciada em fevereiro só atingiu 16% deste público, pouco
mais de 10 milhões de pessoas.
Para o médico e gestor em saúde, o negacionismo em relação à efetividade das
vacinas, aliada a uma menor sensibilização da população em relação aos riscos
da doença, é chave para entender a procura abaixo da esperada pelo ministério.
“A baixa cobertura vacinal é resultado da campanha antivacinas que está cada
vez mais forte e sem evidência científica que respalde. Outra coisa é a
sensação de segurança. As pessoas veem menos casos graves, graças à vacinação
em massa. É o paradoxo da vacina", afirma Ricardo Pacheco.
O
importante papel da Saúde e Segurança no Trabalho para aumentar a cobertura
vacinal no País
As
empresas de segurança e saúde no trabalho desempenham um papel crucial no
aumento da cobertura vacinal, principalmente por meio de iniciativas de
conscientização, promoção e apoio aos funcionários.
Essas
organizações, como a Oncare Saúde, podem contribuir muito para aumentar a
cobertura vacinal, fornecendo informações claras e precisas sobre a importância
das vacinas, seus benefícios e os riscos associados à não vacinação. Isso pode
ser feito por meio de campanhas de conscientização, palestras, materiais
informativos e comunicação regular com os trabalhadores.
Muitas
dessas empresas têm recursos para implementar programas de imunização no local
de trabalho, como a organização de campanhas de vacinação em parceria com
instituições de saúde locais. Isso facilita o acesso dos funcionários às
vacinas, eliminando as barreiras de tempo e deslocamento.
Elas
podem manter um registro das vacinas recebidas pelos funcionários e enviar
lembretes regulares para atualizar as doses necessárias pode ajudar a garantir
que todos estejam em dia com a imunização. Isso pode ser feito por meio de
sistemas de gerenciamento de saúde e bem-estar no trabalho.
É
importante que os gestores reconheçam a diversidade cultural entre seus funcionários
e adaptem as estratégias de conscientização para atender às necessidades
específicas de cada grupo. Isso pode envolver tradução de materiais,
comunicação em diferentes idiomas e consideração dos costumes e crenças
culturais.
“Além
dessas ações, é importante que as empresas incentivem uma cultura de saúde e
bem-estar no local de trabalho, que inclua a promoção da vacinação como uma
medida de proteção individual e coletiva. Essas medidas podem ajudar a aumentar
a cobertura vacinal entre os funcionários, contribuindo para a prevenção de
doenças e a criação de ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis”,
completa Ricardo Pacheco, presidente da Oncare Saúde e da ABRESST.
Vale
lembrar que o sistema público de saúde é fundamental para garantir uma
cobertura vacinal equitativa e acessível a toda a população, especialmente
àqueles que não têm recursos para buscar atendimento na rede privada. O papel
da rede privada deve ser complementar e estar alinhado com as políticas de
saúde pública para promover o bem-estar coletivo.
Oncare Saúde