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terça-feira, 20 de junho de 2023

Baixa procura por imunizantes preocupa especialistas e rede privada é importante aliada para ampliar a vacinação no País

Observa-se uma tendência de crescimento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave em 19 estados e, com o aumento dos casos de gripe, a baixa imunização – inclusive para combater outras doenças, volta a ser discutida


         Segundo dados do Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado em 1º de junho, vivenciamos um aumento no número de casos de gripe em adultos. Especialistas associam os casos à Influenza A, prioritariamente pelo vírus H1N1, que pode ser combatido pelo imunizante contra a gripe.

         Dos 27 estados, 19 apresentam tendência de crescimento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave. Entre as capitais, o número chega a 14.

         O mundo vive uma onda de descredibilização de imunizantes, que atingiu muito mais que os da gripe e da covid-19. Segundo relatório Situação Mundial da Infância 2023, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 1,6 milhão de crianças não receberam nenhuma dose da vacina DTP, que previne difteria, tétano e coqueluche entre 2019 e 2021, no Brasil. O imunizante no País é conhecido como pentavalente porque protege, ainda, contra a hepatite B e a haemophilus influenza tipo B. Outras 700 mil tomaram a primeira e/ou segunda dose, mas não tomaram a terceira, somando 2,4 milhões de crianças que não estão adequadamente imunes a essas doenças.

O Unicef apurou, ainda, que 26% da população infantil brasileira não recebeu nenhuma dose vacinal em 2021, e que a confiança da população na importância de imunizantes caiu 10 pontos percentuais, para 89%. O Brasil beirou os 100% de confiança durante muitos anos, como aponta o órgão.


A baixa cobertura vacinal, o negacionismo e a sensação de segurança

         A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou, em abril passado, dados e estratégias para restaurar a cobertura vacinal no mundo. De acordo com eles, em 20 países 75% das crianças ficaram sem vacinas em 2021. Entre esses países está o Brasil, único da América do Sul a figurar na lista. A constatação também preocupa pelo aparecimento de um caso de poliomielite aguda no Peru, no fim de março deste ano, e que coloca o Brasil - por fazer fronteira com o país - em estado de alerta.

         Para Ricardo Pacheco, médico, gestor em saúde e presidente da Oncare Saúde e da ABRESST - Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho, a baixa cobertura vacinal em todo o território nacional é muito preocupante. “É um risco à saúde principalmente para pessoas com condições crônicas não transmissíveis (CCNTs), como doenças cardiovasculares, diabetes e câncer, já que 88,9% das mortes por Influenza, a conhecida gripe, acometem pessoas com condições pré-existentes. E não apenas a imunização contra a Influenza está baixa, com apenas 40% do público-alvo vacinado, outras 20 vacinas também não atingiram a meta no Brasil”.

         Em virtude dos baixos índices, desde 15/05, as unidades do Sistema Único de Saúde passaram a aplicar a vacina contra a gripe na população com mais de seis meses de idade, atendendo pedidos dos estados e municípios, que estão às voltas com altos estoques do imunizante, devido à baixa procura da população. Desde o início da campanha de vacinação, em 10 de abril, mais de 80 milhões de doses foram distribuídas pelo ministério aos estados.

         A não vacinação contra a covid-19 ainda preocupa. No final de abril, o Ministério da Saúde liberou a aplicação da vacina bivalente para maiores de 18 anos, mas o comparecimento às unidades de saúde segue abaixo da expectativa. Antes da ampliação, a pasta esperava imunizar 61 milhões de brasileiros, no entanto, a campanha iniciada em fevereiro só atingiu 16% deste público, pouco mais de 10 milhões de pessoas.

         Para o médico e gestor em saúde, o negacionismo em relação à efetividade das vacinas, aliada a uma menor sensibilização da população em relação aos riscos da doença, é chave para entender a procura abaixo da esperada pelo ministério. “A baixa cobertura vacinal é resultado da campanha antivacinas que está cada vez mais forte e sem evidência científica que respalde. Outra coisa é a sensação de segurança. As pessoas veem menos casos graves, graças à vacinação em massa. É o paradoxo da vacina", afirma Ricardo Pacheco.


O importante papel da Saúde e Segurança no Trabalho para aumentar a cobertura vacinal no País

As empresas de segurança e saúde no trabalho desempenham um papel crucial no aumento da cobertura vacinal, principalmente por meio de iniciativas de conscientização, promoção e apoio aos funcionários.

Essas organizações, como a Oncare Saúde, podem contribuir muito para aumentar a cobertura vacinal, fornecendo informações claras e precisas sobre a importância das vacinas, seus benefícios e os riscos associados à não vacinação. Isso pode ser feito por meio de campanhas de conscientização, palestras, materiais informativos e comunicação regular com os trabalhadores.

Muitas dessas empresas têm recursos para implementar programas de imunização no local de trabalho, como a organização de campanhas de vacinação em parceria com instituições de saúde locais. Isso facilita o acesso dos funcionários às vacinas, eliminando as barreiras de tempo e deslocamento.

Elas podem manter um registro das vacinas recebidas pelos funcionários e enviar lembretes regulares para atualizar as doses necessárias pode ajudar a garantir que todos estejam em dia com a imunização. Isso pode ser feito por meio de sistemas de gerenciamento de saúde e bem-estar no trabalho.

É importante que os gestores reconheçam a diversidade cultural entre seus funcionários e adaptem as estratégias de conscientização para atender às necessidades específicas de cada grupo. Isso pode envolver tradução de materiais, comunicação em diferentes idiomas e consideração dos costumes e crenças culturais.

“Além dessas ações, é importante que as empresas incentivem uma cultura de saúde e bem-estar no local de trabalho, que inclua a promoção da vacinação como uma medida de proteção individual e coletiva. Essas medidas podem ajudar a aumentar a cobertura vacinal entre os funcionários, contribuindo para a prevenção de doenças e a criação de ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis”, completa Ricardo Pacheco, presidente da Oncare Saúde e da ABRESST.

Vale lembrar que o sistema público de saúde é fundamental para garantir uma cobertura vacinal equitativa e acessível a toda a população, especialmente àqueles que não têm recursos para buscar atendimento na rede privada. O papel da rede privada deve ser complementar e estar alinhado com as políticas de saúde pública para promover o bem-estar coletivo.

 

Oncare Saúde


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