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quinta-feira, 2 de março de 2023

Alterações na Lei do Planejamento Familiar, um novo olhar sobre os métodos contraceptivos e os direitos da mulher

Principais diretrizes se darão na questão de métodos contraceptivos e condições para esterilização

 

A Lei 14.443/2022 entra em vigor a partir de março deste ano e tem como objetivo alterar a Lei do Planejamento Familiar, passando a determinar, entre outras coisas, um prazo máximo para o fornecimento de métodos contraceptivos (com exceção da esterilização) e disciplinar novas condições para a realização da esterilização. Uma pessoa, por exemplo, terá até 30 dias para solicitar, pelo SUS, a implantação de um Dispositivo Intrauterino - DIU, e tê-lo implantado. A redação antiga não estipulava prazo.

No que tange à esterilização voluntária, a primeira das mudanças se dá quanto à redução da idade mínima para o procedimento, passando de 25 para 21 anos. “Ainda não é o ideal, visto que a capacidade civil se inicia aos 18 anos, mas já é um passo para que no futuro qualquer pessoa com mais de 18 anos possa decidir sobre a sua reprodução”, avalia Manoela Ribeiro, advogada especializada na área de saúde do Rosenbaum Advogados.

Outra importante mudança diz respeito à revogação do dispositivo que impunha a necessidade de consentimento do cônjuge/companheiro para realização da esterilização. “Esta mudança é um avanço enorme para os direitos da mulher, visto que, finalmente, retirou a possibilidade de o cônjuge/companheiro regular a reprodução da mulher”, diz Ribeiro.

Por fim, a última das alterações trazida foi a permissão para que a esterilização fosse realizada concomitantemente ao parto. Para a especialista, “essas mudanças têm um impacto significativo na vida das mulheres, ajudando a prevenir gravidezes não planejadas e permitindo que elas possam tomar decisões conscientes sobre sua saúde e futuro reprodutivo”.

Vale dizer que o Direito ao Planejamento Familiar, que engloba o acesso aos métodos contraceptivos, é um direito fundamental de todos os cidadãos, garantido pelo artigo 226, §7 da Constituição Federal Brasileira e a Lei 9.263/96 visa garantir que homens e mulheres possam escolher se e quando ter filhos, visando assegurar o acesso a todos os métodos contraceptivos permitidos no Brasil e, em especial, regular o acesso à vasectomia e laqueadura.

Para a especialista, “o que verificamos com frequência é que as mulheres enfrentam obstáculos monumentais para conseguir o acesso ao DIU e à esterilização. Um dos principais responsáveis por essa dificuldade exacerbada é o artigo 10° da Lei do Planejamento Familiar, que trata, especificamente, dos requisitos para a esterilização voluntária”.

O primeiro requisito é quanto à idade mínima de 25 anos para a realização da esterilização. “Este requisito viola o instituto da capacidade civil plena, previsto no Código Civil, que estabelece que a capacidade civil é adquirida plenamente aos 18 anos. Se com 18 anos somos capazes de dirigir, beber, eleger nossos representantes governamentais, por qual motivo não seríamos capazes de decidir sobre a nossa reprodução ou não reprodução?”, afirma.

O segundo é requisito alternativo quanto à existência de dois filhos vivos. Ou seja, uma pessoa de 20 anos e com dois filhos vivos poderia realizar a esterilização voluntária, ao passo de que uma pessoa de 23 anos e sem filhos não poderia. “Este requisito apresenta alguns problemas, o primeiro é que não há nenhum embasamento científico que explique a escolha deste número como sendo o ideal de filhos para seres humanos. O segundo, é que dilacera o princípio da isonomia que prevê a validade e eficácia às leis sem distinções. Além disso, cria uma segregação populacional absurda, visto que coloca diversas situações diferentes em grau de paridade, tais como: pessoa de 23 anos e sem filhos; pessoa de 20 anos e com um filho, e pessoa de 26 anos, com um filho, mas sem autorização do cônjuge/companheiro”.

O terceiro e último requisito é quanto à necessidade de consentimento do cônjuge ou companheiro. O que não se percebe é que este requisito viola patentemente a Lei Maria da Penha, Lei 11.340/2006, que em seu artigo 7º elenca as formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, dentre elas destacamos o inciso III:

III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos

Ou seja, a Lei do Planejamento Familiar encontra-se em desacordo com o resto da legislação pátria, de forma que permite a prática de um ato de violência doméstica e familiar contra a mulher sem que haja nenhum tipo de punição.

A dificuldade de acesso aos métodos contraceptivos, seja pela negativa dos profissionais de saúde, seja pela falta de disponibilização deles na rede pública, geram um impacto significativo na vida das mulheres, colocando-as em uma situação em que ficam sujeitas à gravidez não planejada.

 

Legalização do aborto

Atualmente, existe um debate acalorado sobre a legalização do aborto. Sobre o tema, a especialista explica que, “uma pessoa quase não consegue pegar preservativos de forma gratuita no SUS, pois em vários lugares estão em falta. Também, uma mulher não consegue a implantação de um DIU pelo fato de a fila do SUS estar muito longa. Como se espera que neste cenário seja possível a realização de um aborto seguro?”

Segundo Ribeiro, a questão da saúde da mulher não se limita aos grandes e graves problemas do SUS. “Médicos e demais profissionais da saúde, que atuam no setor privado e credenciados a planos de saúde, estão constantemente negando acesso aos métodos contraceptivos para as mulheres. O motivo dessas negativas é incerto (não sabe fazer, não tem especialização ou "por questões éticas", como dizer que a paciente é nova e pode se arrepender depois), mas com certeza, tem como fundo a ignorância sobre os direitos reprodutivos da mulher”, alerta.

“É preciso, em primeiro lugar, garantir o acesso da população aos métodos contraceptivos adequados e à informação, para que as pessoas possam conscientemente fazer uma escolha inteligente sobre que método mais se adequa às suas necessidades. O acesso aos contraceptivos é uma parte fundamental da saúde reprodutiva das mulheres e deve ser tratado como tal“.


Advance Vision traz para o Brasil a OS 4 , plataforma cirúrgica de última geração para Catarata, Retina e Glaucoma

Atualmente, a Catarata é considerada a principal causa da cegueira na população mundial, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Só no Brasil, cerca de 25% da população, acima dos 50 anos, sofre da condição, conforme estudos realizados pela Fiocruz.   

Segundo o Dr. Tiago Fernandez, médico oftalmologista especialista em cirurgia de Catarata e Retina, do Pará, o único tratamento para a Catarata já instalada é a cirurgia. “Para evitar a aceleração da doença, é importante levar uma vida saudável evitando, principalmente, a ingestão de álcool e frequentes exposições ao sol, pois o raio solar acelera a incidência da patologia. Já em relação ao uso do celular ou do computador, hoje não há um estudo robusto que prove que, de fato, esse hábito aumente a velocidade da Catarata”, explica.

O médico oftalmologista ainda ressalta que a medicina está muito direcionada à questão do diagnóstico precoce, portanto, o ideal é obtê-lo o quanto antes, do que tratar o problema já em estágio avançado. “Temos progredido no diagnóstico, tanto na parte da Retina, quanto na de Catarata e Glaucoma. A tecnologia avançada facilita e contribui para proporcionar qualidade de vida ao paciente”, relata. 


Tecnologia de ponta

Desenvolver equipamentos com tecnologias que tornem as cirurgias oftalmológicas mais eficazes e rápidas só agregam benefícios aos profissionais e pacientes. No mercado brasileiro, já é possível ter acesso a um novo padrão de segurança e eficiência com o lançamento da OS 4TM , plataforma cirúrgica da empresa suíça Oertli, distribuída, com exclusividade no país, pela Advance Vision.

Com recursos inovadores, a plataforma all-in-one OS 4TM se destaca pela facilidade de uso e maior desempenho e precisão nas intervenções cirúrgicas de Vitrectomia, Catarata e Glaucoma, de maneira minimamente invasiva e os com os melhores resultados.

Para o Dr. Tiago Fernandez, o equipamento é uma revolução no mercado, por vários motivos. “Primeiro porque tem integrado o laser na plataforma, um grande facilitador. Segundo, há o uso de fonte de luz LED, menos tóxica para a retina e bem mais forte do que dos equipamentos concorrentes, com duas saídas que iluminam de uma forma mais ampla, durante os procedimentos. Outro benefício é o menor custo da cirurgia, pois os insumos têm um valor acessível, além do cassete ser autoclavável - que pode ser higienizado em autoclaves, tendo assim uma maior eficiência na esterilização - e isso é um diferencial muito relevante. No Brasil, serei um dos primeiros a utilizar essa tecnologia e espero que se popularize para outros colegas cirurgiões terem a oportunidade de realizar as cirurgias nessa plataforma maravilhosa”, finaliza.


Diferenciais 

Os avançados recursos da plataforma OS 4TM oferecem facilidade de manuseio e os comandos do equipamento possibilitam atender às necessidades de casos de rotina e, também, os de maior complexidade.

Esse alto padrão para realização dos procedimentos se deve a diferenciais como:

-  Pedal wireless funcional - são mais de 100 opções de configuração. A comunicação sem fio viabiliza o uso em qualquer espaço do ambiente cirúrgico.

-  Duas fontes de luz Power LED com 45% mais potência de saída – permite que a iluminação e visualização sejam otimizadas durante todas as manobras do cirurgião, inclusive as periféricas.

- Tela touchscreen e sinais de áudio – bastam toques na tela para os comandos, além do recurso de confirmação de voz em cinco idiomas.

- Três bombas com controle de vácuo e fluxo - inclui a inovadora bomba SPEEP, que pode controlar fluxo e vácuo simultaneamente.

- Insumos descartáveis – já autorizados pela Anvisa e fabricante.

 

Advance Vision 

 https://advancevision.com.br/blog/


Brasil é país mais ansioso do mundo - como lidar com isso nas empresas?

A ansiedade é um grande problema no Brasil, que hoje é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o país com a maior prevalência de ansiedade no mundo. Esse problema tem grandes reflexos nas empresas e seus resultados

Isso se intensificou com a pandemia e agora, mesmo com a abertura vivida a situação ainda é complexa sendo que as empresas vivem essa situação diariamente. “Hoje temos observados, principalmente entre os mais jovens casos constantes de problemas oriundos da ansiedade vivida. Isso impacta diretamente nos trabalhos e no ambiente corporativo”, explica Jessica Camargo, analista de Recursos Humanos da Confirp Contabilidade.

Segundo a analista, casos de ansiedades sempre foram comuns, mas a situação vem tomando preocupações alarmantes em relação a reação das pessoas. “Tivemos situações de pessoas que não conseguiram desenvolver os trabalhos e que com isso pediram o desligamento do trabalho. Existe todo um conjunto de ações para minimizar essa situação, mas os caminhos estão cada vez mais complexos.

Essa doença e os transtornos que as permeiam correspondem a um conjunto de doenças psiquiátricas, caracterizadas por preocupação excessiva ou constante de que algo negativo vai acontecer.

As crises de ansiedades quando ocorrem levam as pessoas a não se atentarem ao presente, podendo até mesmo resultar em reflexos físicos, como falta de ar, sudorese e arritmia. A situação é realmente complexa, conforme detalha Vicente Beraldi Freitas, médico e consultor e gestor em saúde da Moema Assessoria em Medicina e Segurança do Trabalho.

“A ansiedade é uma patologia que é desencadeada pela própria pessoa por fatores internos ou externos e os motivos podem ser várias formas de estímulos. A questão é que a ansiedade está presente em cada indivíduo e na pandemia as pessoas passaram por situações que nunca haviam vivenciado isso com certeza um gatilho para muitas pessoas”, explica Vicente Beraldi.

O especialista complementa que existem pessoas que estão mais propensas a essa situação e também que encontram mais dificuldade de formular reações. “Geralmente pessoas mais flexíveis tem maior tendência para se adaptarem e sofrem menos de ansiedade”, analisa.

Contudo, mesmo antes de acontecer a pandemia já se observava um aumento dos casos principalmente nas novas gerações, sendo que muito é explicado pela forma com que as pessoas são criadas atualmente, sendo que ficam praticamente o dia inteiro em frente a smartphones e computadores.

“Os jovens cada vez menos estão vivenciando experiências fora do mundo virtual, e também se estabelece uma sociedade em que todos acreditam que alcançaram o sucesso profissional ou pessoal de forma simples. Isso não é uma realidade no mundo real e um dos impactos dessa frustração com certeza é ansiedade”, alerta Vicente Beraldi.

Para combater esses problemas existem caminhos para empresas, um desses passa pela intensificação de ações relacionadas a medicina do trabalho que trabalhem o lado de bem-estar. “Uma alternativa é que as empresas podem fazer grupos para vivenciamentos, onde se aprenda a lidar com situações e pessoas. Além disso, as vezes o que falta nas empresas é um setor para prepara a equipe e acompanhe a situação”, explica Vicente Beraldi.

Jessica Camargo conta que na Confirp, tem desenvolvido diversas ações para combater esse problema. “A área de recursos humanos da empresa busca cada vez mais próxima aos colaboradores. Fazendo um acompanhamento desde a contratação. Caso se observe algo que posso direcionar a esse quadro já iniciamos uma ação mais aprofundada”, detalha.

Ela conta que mesmo sabendo que a situação é de grande complexidade e que os gatilhos para esse problema são variados. As empresas podem e devem buscar reverter essa situação, se aproximando da pessoa com problema e buscando auxiliar. Com isso o retorno se dará em produtividade, diminuição de turnover e em um ambiente profissional mais saudável.


Dia Mundial da Obesidade: 20% de todos os cânceres possuem relação direta com a condição

Dados apontam que 13 tipos de câncer são ligados ao excesso de gordura corporal; Especialista comenta como evitar os fatores de risco para uma vida mais saudável


Ter uma dieta rica em alimentos que contribuam com o sistema imunológico é fundamental em todos os pilares da vida, sem distinção de faixa etária. A partir dela, é possível evitar a obesidade, prevenir doenças - incluindo o câncer -, ter uma melhor qualidade de vida e diversos outros benefícios. 

Considerando a relação entre alimentação e aumento no risco de incidência de câncer, para aqueles que desejam investir em mudanças de hábitos que efetivamente favoreçam seu bem estar, é importante ter bom senso. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 40% dos casos de câncer poderiam ser evitados se os fatores de risco não fossem aplicados pelos pacientes no dia a dia. Dentre eles, é possível citar: má alimentação, sedentarismo, ingestão de bebidas alcóolicas, alimentos ultraprocessados, entre outros.

 

Riscos

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), os números da doença tendem a crescer nos próximos anos. E esse fator vem ainda acompanhado de uma perspectiva ligada ao ganho de peso da população. Ao todo, cerca de 13 tipos de câncer já possuem alguma relação com a obesidade, sendo os mais comuns, os de fígado, mama, tireóide, ovário, rim, pâncreas e estômago. 

E essa é uma realidade que tende a evoluir de forma negativa: até 2025 serão 29 mil novos casos de câncer causados pelo excesso de peso (4,6% do total) segundo o estudo epidemiológico, feito em colaboração com a Harvard University (Estados Unidos) e publicado em 2018. 

“A obesidade é a segunda maior causa evitável da doença, perdendo apenas para o tabagismo. No entanto, devido a diminuição do número de fumantes, é esperado que nos próximos anos ela seja a condição prevenível mais comum. E além do câncer, vale lembrar que problemas como diabetes, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e doenças cardiovasculares podem ser evitadas a partir de medidas simples para controle do excesso de peso”, comenta Daniel Gimenes, oncologista do Grupo Oncoclínicas.
 

Prevenção

Segundo o especialista, é imperativo o desenvolvimento de políticas públicas focadas em orientar a sociedade sobre hábitos alimentares pouco saudáveis, como ingestão de gorduras, açúcares e produtos industrializados em excesso. “Fast Food, salgadinhos de pacote, embutidos, sucos de caixinha, refrigerantes e ultraprocessados em geral são os responsáveis pelo aumento da incidência de sobrepeso e obesidade entre a população nos mais diversos países, inclusive o nosso. Estes fatores elevam os riscos de incidência de câncer e devem ser diretamente evitados em todas as fases da vida”, explica. 

A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer analisou em 2016, através de diversos estudos, evidências comprovando que a ausência de gordura corporal excessiva reduz o risco de câncer. Contudo, a OMS estima que 20% de todos os cânceres possuem alguma relação com a obesidade. 

O médico reforça ainda que manter uma alimentação equilibrada é a chave para a diminuição da progressão dos casos de câncer. “A dieta saudável é aquela que o indivíduo tem a orientação de um nutricionista ou nutrólogo e que tenha um cardápio composto de alimentos integrais, frutas, verduras, proteínas de carne branca, além de limitar o consumo de carne vermelha, carnes defumadas e processadas e a ingestão de bebidas açucaradas e alcoólicas em geral”, finaliza o Dr. Daniel Gimenes.



Grupo Oncoclínicas
www.oncoclinicas.com

Cuidados para os ouvidos no dia mundial da audição

 Pauta importante na agenda da OMS, a audição e os ouvidos devem ser cuidados desde cedo para evitar e aferir perdas auditivas

 

O dia 03 de março é mundialmente lembrado como o Dia Internacional da Audição. Todo ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elege um tema para engajar a sociedade no assunto e, neste ano, o foco é a inclusão de cuidados com os ouvidos e a audição nos cuidados primários de saúde. 

Esta é uma agenda acompanhada de perto pela médica otorrinolaringologista, doutora pela USP, Maura Neves, que chama a atenção para a profilaxia dessa condição: “Perdas de audição são irreversíveis, mas poucas mudanças de hábito já surtem excelentes efeitos e benefícios para a saúde auditiva". 

São simples e fáceis os cuidados preventivos à perda auditiva ou, pelo menos, a descoberta precoce dessa situação tanto em adultos quanto em crianças, como se pode ver na lista de condutas que a Dra. Maura desenvolveu: 

  • Evitar ambientes barulhentos por muito tempo;
  • Utilizar sempre os acessórios de proteção auditiva (EPI) se as atividades profissionais exigirem muita exposição a ruídos intensos;
  • Ouvir música em um volume até da metade da capacidade dos aparelhos, principalmente com fones de ouvido;
  • Em casos de infecção de ouvido, procurar um otorrinolaringologista e fazer o tratamento indicado. Infecções, especialmente aquelas de repetição, são riscos potenciais de perda auditiva;
  • Cuidado com objetos pontiagudos ou cotonetes. Esse tipo de objeto pode empurrar a cera para o tímpano ou até perfurar a membrana timpânica e afetar a audição; 

"Se perceber dificuldade em entender, ou grande necessidade em aumentar o volume da televisão, procure um especialista para fazer um exame de audição', orienta a especialista, lembrando que todas as pessoas podem ser expostas à perda auditiva em algum momento da vida, seja por exposição excessiva a ruídos, uso de remédios, infecções, acidentes, avanço da idade ou causas de origem genética.

 

Atenção à saúde dos ouvidos desde cedo 

Em relação a isso, a Dra. Roberta Pilla, também otorrinolaringologista membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial - ABORL-CCF, chama a atenção para a descoberta precoce da menor alteração auditiva em bebês e crianças. "Os pais devem estar atentos pois perdas leves podem ser difíceis de serem percebidas e muitas vezes a criança pode apresentar apenas alterações de comportamento como isolamento, irritabilidade, não responder quando chamada, aumentar o volume da televisão e apresentar atraso para desenvolver a fala", diz a médica. 

Ela reforça que as consequências da perda auditiva na infância são graves e comprometem não só a comunicação da criança, mas todo seu potencial de linguagem e expressão, alfabetização, desempenho escolar e o desenvolvimento emocional e social. Segundo ela, o diagnóstico precoce deve ser realizado já na maternidade, pelo teste da orelhinha (otoemissões acústicas). "A falha no teste leva à necessidade de outros testes auditivos mais específicos", explica. 

No caso de crianças maiores, a médica otorrino pediatra Dra. Carla Falsete sugere aos pais atenção aos seguintes sinais de comportamento que podem indicar algum nível de surdez: o não reconhecimento de vozes familiares pela criança; a não emissão de sons ou sílabas depois dos 6 meses de vida; e a não reação a sons e barulhos do ambiente. 

Como medida para estimular a audição dos pequenos, que também está totalmente ligada ao desenvolvimento da linguagem, Dra. Carla aposta no uso da música, principalmente as infantis, cujo vocabulário repetitivo estimula a criança a assimilar e repetir aquele som. "Além disso, é importante lembrarmos que as crianças imitam aquilo que lhes é apresentado, por isso, busque interagir ao máximo com ela durante o seu desenvolvimento. Conversar, contar histórias, cantar e brincar fazem toda a diferença nessa fase!", recomenda.

 

4 estágios da perda auditiva 

A título de compreensão da evolução de quadros de perda auditiva, a Dra. Maura Neves explica que uma pessoa com audição normal consegue captar sons emitidos em volume abaixo de 25 decibéis (medida de intensidade do som). A partir disso, classifica a perda auditiva nos 4 estágios abaixo:

  • Leve: a pessoa percebe sons apenas acima de 30 decibéis;
  • Moderada: 50 decibéis
  • Severa: 80 decibéis
  • Profunda: 100 decibéis

 

Manual para cuidadores 

No dia 03/03, a OMS vai soltar um manual de instruções aos cuidados com os ouvidos e a audição, voltado para médicos e profissionais da área. Mais informações sobre como obter o manual estão disponíveis no site da OMS, em inglês: Link

 Dados novos, de 2023: Link

 


Dra. Carla Falsete - CRM 101843 | RQE 71523 - Médica graduada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo- Campus Sorocaba (2000). Residência médica em Otorrinolaringologia Geral e Pediátrica pela Clínica Médica Otorhinus (2004). Título de Especialista em Otorrinolaringologia Geral e Pediátrica e Cirurgia Cérvico Facial pela ABORL-CCF (desde 2005). Pós-graduada em Medicina Desportiva pela UNIFESP (2007)

Dra. Maura Neves – Otorrinolaringologista. Formação: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP. Residência médica em Otorrinolaringologia no Hospital das Clinicas Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP. Fellowship em Cirurgia Endoscópica Nasal no Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP

Dra. Roberta Pilla - Otorrinolaringologia Geral Adulto e Infantil. Laringologia e Voz. Distúrbios da Deglutição. Via Aérea Pediátrica. Médica Graduada pela PUCRS- Porto Alegre/ Rio Grande do Sul (2003). Pesquisa Laboratorial em Cirurgia Cardíaca na Universidade da Pensilvania -- Philadelphia/USA (2004). Título de Especialista em Otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (2009). Mestrado em Cirurgia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS- Porto Alegre/RS) (2012-2016)


Cuidados para os ouvidos no dia mundial da audição

 Pauta importante na agenda da OMS, a audição e os ouvidos devem ser cuidados desde cedo para evitar e aferir perdas auditivas

 

O dia 03 de março é mundialmente lembrado como o Dia Internacional da Audição. Todo ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elege um tema para engajar a sociedade no assunto e, neste ano, o foco é a inclusão de cuidados com os ouvidos e a audição nos cuidados primários de saúde. 

Esta é uma agenda acompanhada de perto pela médica otorrinolaringologista, doutora pela USP, Maura Neves, que chama a atenção para a profilaxia dessa condição: “Perdas de audição são irreversíveis, mas poucas mudanças de hábito já surtem excelentes efeitos e benefícios para a saúde auditiva". 

São simples e fáceis os cuidados preventivos à perda auditiva ou, pelo menos, a descoberta precoce dessa situação tanto em adultos quanto em crianças, como se pode ver na lista de condutas que a Dra. Maura desenvolveu: 

  • Evitar ambientes barulhentos por muito tempo;
  • Utilizar sempre os acessórios de proteção auditiva (EPI) se as atividades profissionais exigirem muita exposição a ruídos intensos;
  • Ouvir música em um volume até da metade da capacidade dos aparelhos, principalmente com fones de ouvido;
  • Em casos de infecção de ouvido, procurar um otorrinolaringologista e fazer o tratamento indicado. Infecções, especialmente aquelas de repetição, são riscos potenciais de perda auditiva;
  • Cuidado com objetos pontiagudos ou cotonetes. Esse tipo de objeto pode empurrar a cera para o tímpano ou até perfurar a membrana timpânica e afetar a audição; 

"Se perceber dificuldade em entender, ou grande necessidade em aumentar o volume da televisão, procure um especialista para fazer um exame de audição', orienta a especialista, lembrando que todas as pessoas podem ser expostas à perda auditiva em algum momento da vida, seja por exposição excessiva a ruídos, uso de remédios, infecções, acidentes, avanço da idade ou causas de origem genética.

 

Atenção à saúde dos ouvidos desde cedo 

Em relação a isso, a Dra. Roberta Pilla, também otorrinolaringologista membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial - ABORL-CCF, chama a atenção para a descoberta precoce da menor alteração auditiva em bebês e crianças. "Os pais devem estar atentos pois perdas leves podem ser difíceis de serem percebidas e muitas vezes a criança pode apresentar apenas alterações de comportamento como isolamento, irritabilidade, não responder quando chamada, aumentar o volume da televisão e apresentar atraso para desenvolver a fala", diz a médica. 

Ela reforça que as consequências da perda auditiva na infância são graves e comprometem não só a comunicação da criança, mas todo seu potencial de linguagem e expressão, alfabetização, desempenho escolar e o desenvolvimento emocional e social. Segundo ela, o diagnóstico precoce deve ser realizado já na maternidade, pelo teste da orelhinha (otoemissões acústicas). "A falha no teste leva à necessidade de outros testes auditivos mais específicos", explica. 

No caso de crianças maiores, a médica otorrino pediatra Dra. Carla Falsete sugere aos pais atenção aos seguintes sinais de comportamento que podem indicar algum nível de surdez: o não reconhecimento de vozes familiares pela criança; a não emissão de sons ou sílabas depois dos 6 meses de vida; e a não reação a sons e barulhos do ambiente. 

Como medida para estimular a audição dos pequenos, que também está totalmente ligada ao desenvolvimento da linguagem, Dra. Carla aposta no uso da música, principalmente as infantis, cujo vocabulário repetitivo estimula a criança a assimilar e repetir aquele som. "Além disso, é importante lembrarmos que as crianças imitam aquilo que lhes é apresentado, por isso, busque interagir ao máximo com ela durante o seu desenvolvimento. Conversar, contar histórias, cantar e brincar fazem toda a diferença nessa fase!", recomenda.

 

4 estágios da perda auditiva 

A título de compreensão da evolução de quadros de perda auditiva, a Dra. Maura Neves explica que uma pessoa com audição normal consegue captar sons emitidos em volume abaixo de 25 decibéis (medida de intensidade do som). A partir disso, classifica a perda auditiva nos 4 estágios abaixo:

  • Leve: a pessoa percebe sons apenas acima de 30 decibéis;
  • Moderada: 50 decibéis
  • Severa: 80 decibéis
  • Profunda: 100 decibéis

 

Manual para cuidadores 

No dia 03/03, a OMS vai soltar um manual de instruções aos cuidados com os ouvidos e a audição, voltado para médicos e profissionais da área. Mais informações sobre como obter o manual estão disponíveis no site da OMS, em inglês: Link

 Dados novos, de 2023: Link 


Dra. Carla Falsete - CRM 101843 | RQE 71523 - Médica graduada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo- Campus Sorocaba (2000). Residência médica em Otorrinolaringologia Geral e Pediátrica pela Clínica Médica Otorhinus (2004). Título de Especialista em Otorrinolaringologia Geral e Pediátrica e Cirurgia Cérvico Facial pela ABORL-CCF (desde 2005). Pós-graduada em Medicina Desportiva pela UNIFESP (2007)


Dra. Maura Neves – Otorrinolaringologista. Formação: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP. Residência médica em Otorrinolaringologia no Hospital das Clinicas Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP. Fellowship em Cirurgia Endoscópica Nasal no Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP


Dra. Roberta Pilla - Otorrinolaringologia Geral Adulto e Infantil. Laringologia e Voz. Distúrbios da Deglutição. Via Aérea Pediátrica. Médica Graduada pela PUCRS- Porto Alegre/ Rio Grande do Sul (2003). Pesquisa Laboratorial em Cirurgia Cardíaca na Universidade da Pensilvania -- Philadelphia/USA (2004). Título de Especialista em Otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (2009). Mestrado em Cirurgia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS- Porto Alegre/RS) (2012-2016)


Bruce Willis já não reconhece a própria mãe. Neurocientista explica progressão da demência do ator

Relatos de pessoas próximas também apontam comportamento agressiva de Bruce

 

Recentemente, o ator Bruce Willis, famoso por seus filmes em Hollywood como “Duro de matar” e “O sexto sentido”, foi diagnosticado com demência frontotemporal, uma doença degenerativa que afeta diversas áreas como foco, personalidade e memória.

 

Agora, de acordo com relatos de pessoas próximas ao ator, a doença progride rapidamente, Bruce já teria dificuldades até de reconhecer a própria mãe e apresenta comportamentos agressivos.

 

Segundo Wifried Gliem, prima da mãe de Bruce, Marlene Willis, em entrevista à revista Bild, o ator já apresenta graves dificuldades na comunicação.

 

Os movimentos dele são muito lentos, com uma agressividade constante. Já não é possível manter uma conversa normal. Este comportamento é típico de pacientes que sofrem desta condição” Conta Wifried.

 

De acordo com o Pós PhD em neurociências e membro da Sigma Xi e da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, essa é a progressão natural da condição e explica mais sobre a demência.

 

Conforme a demência frontotemporal progride, afeta as habilidades mentais, a memória e outras funções que são mais comuns na doença de Alzheimer, além de gerar alterações na personalidade e dificuldades de comunicação, como o que está acontecendo com o ator”.

 

Comportamentos atípicos ou anti-sociais, assim como a dificuldade para falar ou se expressar normalmente são um dos primeiros sintomas, mas em estágios posteriores, os pacientes podem desenvolver alguns distúrbios do movimento, como rigidez nos membros, lentidão, fraqueza muscular, espasmos, e até mesmo dificuldade de deglutição.” Explica.

 

Demência Frontotemporal


A demência frontotemporal afeta normalmente indivíduos entre 45 e 60 anos e é causado por diversos fatores, como genéticos, pelo acúmulo anormal da proteína Tau, substância que tem como função estabilizar os microtúbulos pela agregação de tubulina, o excesso dela está ligado a diversas doenças neurodegenerativas, como Alzheimer.

 

Modificações em genes importantes para o funcionamento cerebral também podem desencadeá-la, como GRN, que tem como função a codificação da progranulina, alterações nesse gene causam sintomas diferentes em membros da família e faz com que a doença surja em diferentes faixas etárias, ou o C9ORF72, que quando alterado se torna um fator de alerta para o surgimento de demência frontotemporal e outras condições, como o ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica.

 

O distúrbio atinge os lobos frontais e temporais do cérebro, responsáveis, respectivamente, pela execução de ações com intencionalidade, “freios sociais” e linguagem, memória, capacidade visual e auditiva.

(Lobos Frontal e Temporal)
 

A região do córtex orbitofrontal, por exemplo, está relacionada a tomada de decisões e busca de pensamentos, córtex pré-frontal dorsolateral com a memória de curto prazo e foco atencional, e o córtex pré-frontal ventromedial com o julgamento e conexão com o sistema límbico, este onde se localiza a amígdala, hipocampo (relação com as memórias que se consolidam), núcleo septal, tronco cerebral, tálamo, entre outros".

 

A função do sistema límbico é coordenar as atividades sociais que possibilitam a manutenção da vida em sociedade e instintos, a degeneração nessas regiões impede uma boa comunicação entre elas, assim como o seu bom funcionamento”.

 

Como funciona o diagnóstico da demência?

 

O diagnóstico da doença é baseado na avaliação médica e exames físicos, como exame neurológico ou teste de estado mental, a Tomografia por emissão de pósitrons (PET) com deoxiglicose marcada com flúor-18 (18F) (fluorodesoxiglicose, ou FDG) também pode ser usada para identificar a demência através da análise das regiões anteriores nos lobos frontais, córtex temporal anterior e córtex cingulado anterior”. 

 

No caso de Bruce, os sintomas foram diagnosticados primeiramente como afasia até chegar à conclusão de que se tratava realmente de demência frontotemporal, a afasia é um sintoma bastante comum na doença frontotemporal e também pode ser usado como sinal de alerta na análise clínica para diagnóstico da condição”.

 

A demência frontotemporal não tem cura, os tratamentos utilizados, como uso de medicamentos antipsicóticos, fonoaudiologia e fisioterapia apenas ajudam a amenizar os sintomas” Explica Dr. Fabiano.

 


 

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues - Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA - American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva. Membro Mensa, Intertel e TNS. Currículo BR: http://lattes.cnpq.br/1428461891222558 Currículo PT: https://www.cienciavitae.pt/portal/en/8316-38CC-0664 Currículo INT: https://orcid.org/0000-0002-5487-5852




Educação básica conta com 714 mil alunos a mais nas redes pública e privada de ensino em 2022

Aumento no número de estudantes é um bom sinal após dois anos de incertezas causadas pela pandemia


Os dados da primeira etapa do Censo Escolar da Educação Básica 2022, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no início de fevereiro, revelam um aumento no número de matrículas nas redes pública e privada de ensino. Segundo o levantamento, em 2022 foram contabilizadas 47,4 milhões de matrículas nas 178,3 mil escolas de educação básica do País, cerca de 714 mil a mais em comparação a 2021, o que corresponde a um aumento de 1,5% no número de estudantes.

Em um recorte considerando apenas o ensino médio, os números também são positivos: foram quase 7,9 milhões de matrículas em 2022, ou seja, um crescimento de 1,2% em relação ao ano anterior. Deste total, por volta de 971,5 mil alunos estudam em escolas particulares, o que representa 12,3% do total;  e 6,9 milhões dos estudantes estão na rede pública (estadual e federal), totalizando 87,7% das matrículas.

De acordo com a Admª. Claudia Maria Costin, conselheira do Conselho Regional de Administração de São Paulo - CRA-SP e ex-diretora global de educação do Banco Mundial, no estado de São Paulo, especificamente, tanto na rede pública quanto na particular, há um número bastante grande de estudantes e, a cada ano, há mais alunos entrando no ensino médio. 

O crescimento de matrículas no período de 2021 e 2022 entre os estudantes de 15 a 17 anos, segundo a administradora, ocorreu por dois motivos: um deles é porque ainda havia alunos dessa etapa educacional fora da escola antes desse período; e o outro é que mais jovens passaram a querer estudar. 

“É importante lembrar que temos ainda cerca de um milhão de crianças e jovens em idade de escolaridade obrigatória fora das escolas. É preciso fazer a busca ativa desses jovens que eventualmente abandonaram o ensino formal. Infelizmente, com a pandemia houve grandes perdas de aprendizagem. O Brasil foi um dos casos em que as escolas ficaram fechadas por mais tempo: foram praticamente dois anos letivos inteiros com unidades fechadas ou parcialmente fechadas com rodízio de alunos, com os pais decidindo se se sentiam seguros ou não para mandar seus filhos. Para recuperar essas perdas, o tempo normal de escola, que é de quatro a cinco horas, é insuficiente”, comenta Claudia.


Ensino médio integral

Apesar dos contratempos gerados pela pandemia, a administradora avalia positivamente o aumento de alunos matriculados em tempo integral no ensino médio. Em 2020, esse modelo de ensino representava 12,6% (160.719) das matrículas e, em 2022, esse número subiu para 24,9% (337.723).

Para Claudia, o ensino médio integral conta com uma proposta interessante, pois não trata apenas de dar mais aulas, mas sim de ter atividades em laboratórios, clubes de ciência e de artes, por exemplo. “Se olharmos os 30 primeiros sistemas educacionais do mundo, no ranking do PISA (Programme for International Student Assessment - em português Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), que é um teste internacional desenvolvido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que permite comparar sistemas educacionais, nota-se que nenhum deles tem apenas quatro ou cinco horas de aula, mas sim um turno único de sete a nove horas. Com o avanço em direção ao ensino integral, para além de vivências interessantes que os alunos podem ter, há a chance de reposição de aprendizagem e, também, de melhor preparação para o mercado de trabalho, que vai demandar competências mais sofisticadas do que aquelas que as nossas escolas costumam oferecer”, explica a conselheira. 


Formação de gestores e docentes

Outro dado relevante trazido pelo Censo diz respeito aos diretores e professores da educação básica no Brasil. Em 2022, foram contabilizados 2,3 milhões de docentes e 162.847 diretores, atuando nas 178,3 mil escolas do País. Contudo, somente 19,3% dos gestores possuem curso de formação continuada, com o mínimo de 80 horas, em gestão escolar. 

Para Claudia, a gestão escolar é algo bastante complexo e muitos diretores ainda não estão aptos para gerir essas questões, ainda mais em uma organização multifacetada como a escola. “O diretor escolar tem que ser um líder de aprendizagem. É importante que as secretarias estaduais e municipais de educação e o próprio MEC se conscientizem da importância de fomentar um aprendizado ou um desenvolvimento profissional de diretores e coordenadores pedagógicos, que contemple esses temas de liderança, gestão da aprendizagem, logística e relacionamento com a comunidade”, sugere Claudia.

Entre os fatores que justificam tal problema, segundo a conselheira, está o modo como são realizadas as nomeações dos diretores escolares. Há estados em que a nomeação é estritamente política e, em outros, é feito um concurso público, a partir de uma prova escrita, para um cargo que demanda liderança. “Isso tampouco funciona. É o caso, por exemplo, do estado de São Paulo. Nós temos que mudar a forma de seleção e investir de verdade no desenvolvimento profissional dos diretores de escola”, afirma a conselheira. 


Políticas públicas em prol da educação

Para Cláudia, olhar para a política educacional a partir de dados concretos é muito importante, pois a educação, assim como outras áreas de atuação humana, não comporta o negacionismo científico, isto é, atuações sem base em dados ou mesmo ações a partir de opiniões e estimativas distantes da realidade. “É muito positivo que os dados do censo educacional tenham sido divulgados logo no início do novo governo. Ainda não houve tempo de se apropriar de tudo, mas que se mantenha a educação como política de estado, divulgando os dados que foram encontrados e aperfeiçoando cada vez mais a forma de coletá-los fazendo, assim, uma política educacional com base em dados concretos”, acrescenta a administradora. 

Outro ponto que considerado importante por Claudia é olhar para além do ensino médio, afinal, nos últimos 10 anos, a atenção esteve muito voltada à primeira infância, no ensino fundamental I, que é a etapa de alfabetização. “Há um grande esquecimento dos anos finais do ensino fundamental II. É importante observar, por exemplo, com base em dados, que enquanto o 5° ano vem apresentando melhoras sistemáticas na avaliação que é feita a cada dois anos, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que mede a qualidade da educação, mostram que do 6° ano em diante parece que não prestamos tanta atenção. Daí a importância de trabalhar os dados do censo do 6° ao 9° ano”, alerta.

A conselheira do CRA-SP acredita que essa queda seja resultado do fato de que, em 1971, houve o corte de um ano, que correspondia à antiga 5ª série. Com isso, aos 11 anos, as crianças já entravam para uma lógica com professores especialistas em cada disciplina, em uma idade em que elas, talvez, ainda precisassem do antigo professor primário ou de um docente polivalente, que entendesse mais sobre a forma de aprendizagem delas do que uma área específica. “As crianças se mostram claramente despreparadas no 6° ano para isso. Acho importante que os governos federal, estadual e municipal prestem muita atenção no fundamental II que é a grande área esquecida na educação brasileira”, conclui Claudia. 


Conselho Regional de Administração de São Paulo – CRA-SP

 

Novas regras para Aposentadoria: Jurista do CEUB explica o que muda em 2023

Especialista em Direito Previdenciário esclarece dúvidas sobre benefícios previdenciários e as regras de transições que entraram em vigência neste ano

 

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) anunciou recentemente novas regras para a concessão de benefícios previdenciários no Brasil. Quem planeja se aposentar em 2023 deve se atentar às novas regras impostas pela Reforma da Previdência, que entrou em vigor em 2019. Desde então, foram implementadas regras automáticas de transição que mudam a cada ano.

Em 2023, as regras de transição incluem mudanças na aposentadoria por idade e por tempo de contribuição, entre outras alterações. Professora de Direito Previdenciário do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Daniella Torres explica o que mudou na vida do contribuinte em 2023. Segundo a especialista, é fundamental que o segurado busque fontes oficiais de informação para que possa planejar adequadamente sua aposentadoria.


Confira a entrevista:

Quais são as novas regras para aposentadoria por idade em 2023?
DT: Um dos pontos mais importantes se refere à aposentadoria por idade, principalmente para as mulheres, porque anteriormente era exigida idade mínima menor. Antes, as mulheres com 60 anos em diante e com o tempo de contribuição já completos poderiam ser aposentar. A partir de 2023, as mulheres precisam ter 62 anos de idade completos para se aposentar, ou seja, acabou a regra de transição para aposentadoria por idade.


Qual é o tempo mínimo de contribuição exigido para aposentadoria por tempo de contribuição?
DT: Para aposentadoria por tempo de contribuição, é necessário prestar atenção no tempo mínimo exigido de contribuição, que é de 30 anos para as mulheres e de 35 anos para os homens. Esse é um requisito que deve ser observado.


Como funciona a pontuação para aposentadoria por tempo de contribuição?
DT: Essa regra vale desde 2015, com 86 pontos para as mulheres e 96 pontos para os homens. Esses pontos correspondem à somatória da idade de cada segurado com o tempo que essa pessoa contribuiu para a Previdência Social. Porém, com as novas regras de 2023, a pontuação foi alterada para 90 pontos para mulheres e 100 pontos para os homens. Lembrando que essa pontuação subirá até 105 pontos para homens e 100 pontos para as mulheres ao longo dos próximos anos.


Quando o contribuinte pode se enquadrar na regra do pedágio?
DT: O contribuinte que estava com mais de dois anos para se aposentar no momento da reforma da Previdência (em novembro de 2019) deverá cumprir um pedágio de 100%. Isto é, se faltavam, por exemplo, quatro anos para um homem alcançar os 35 anos de contribuição, será necessário que ele contribua por mais quatro anos e cumpra outros quatro referentes ao pedágio — totalizando, assim, oito anos. Outro pedágio é de 50%, aplicado a quem estava a, no máximo, dois anos para cumprir a idade mínima de contribuição. Desta forma, se faltava um ano para um homem chegar aos 35 anos de contribuição, ele deverá trabalhar mais seis meses, totalizando um ano e meio.



Cumpro todos os requisitos listados nas regras, o que é necessário para que o requerimento administrativo seja considerado válido?
DT: É necessário entregar todos os documentos para que o requerimento administrativo seja considerado válido. Caso algum documento fique faltando, o INSS não considera válido aquele requerimento administrativo e, consequentemente, não vai computar o prazo para os atrasados.


Como funcionam os prazos para recebimento dos atrasados?
DT: Os prazos para recebimento dos atrasados dependem da data em que o requerimento administrativo é considerado válido. Se o requerimento administrativo foi considerado válido e todos os documentos estão anexados, o segurado receberá os atrasados desde a data do protocolo até a data da resposta definitiva do INSS. Se, por outro lado, estiver faltando algum documento, os atrasados serão contados a partir da data em que o documento foi entregue.

Dependendo do que foi requerido, o contribuinte pode receber até cinco anos de benefícios atrasados. As mudanças nas regras de aposentadoria podem parecer complicadas, mas é fundamental que o segurado se informe adequadamente para que possa planejar adequadamente sua aposentadoria. Em caso de dúvidas, a orientação é buscar informações junto ao INSS ou a um advogado especializado em Previdência Social.

 

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