Não precisamos ser especialistas para compreender
os novos tempos, os avanços tecnológicos e as diferenças entres as gerações,
certo? Está evidente o quanto estamos enfrentando mudanças disruptivas, e o
quanto ainda vamos experimentá-las, especialmente em função do mundo
pós-Covid-19. Neste contexto gostaria de refletir com você sobre a Indústria
4.0 ou Quarta Revolução, marcada especialmente pela Era Digital.
A indústria 4.0 consiste na evolução tecnológica do
mercado apoiada na: Inteligência Artificial, Codificação e Aprendizado de
Máquinas, armazenamento de dados na “nuvem” (cloud), alta capacidade de
processamento, novas fontes de energia, convergência tecnológica, Internet das
coisas (loT) e sistemas cyber-físicos. Neste contexto necessitamos também que a
liderança esteja atualizada (updated) e saiba extrair o melhor de todos estes
avanços técnicos, sem perder a mão no que diz respeito ao lado humano. A indústria
4.0 traz grande revolução na maneira de trabalhar e exige que empresas e
líderes se submetam às transformações rápidas dos processos, se adaptem e se
ajustem às novas realidades.
Sabemos que com a pandemia, diversas organizações e
empresas de todos os tamanhos foram obrigadas a realizarem uma transição rápida
e repentina em todos as esferas (crenças, padrões, hábitos, localização,
ocupação e espaço) deixando o modelo de trabalho tradicional para trás e
adotando um modelo mais inovador. Mas quando falamos em índices e estatísticas
no universo da liderança, o que mudou?
Tudo mudou!
Depois de tantas transições, agora que a maioria
dos profissionais já estão se ajustando à nova rotina de atuar de casa, ganhar
dinheiro do próprio lar, e se desenvolver à distância, dezenas de dúvidas
começaram a aparecer: “este novo modelo de trabalho será para valer? Por
ventura é só uma adaptação temporária e em breve voltaremos para a rotina dos
escritórios? Atuar remotamente realmente será o novo padrão, mesmo depois de
toda a população ter sido vacinada?”.
Organizações como a XP Investimentos e o Facebook,
por exemplo, já garantiram que manterão o formato home-office mesmo depois da
pandemia. Outras organizações renomadas, também já anunciaram que não pretendem
voltar ao trabalho 100% presencial, uma vez que o trabalho remoto mostrou-se
promissor e economicamente interessante. A vista disso, os líderes precisam se
flexibilizar para oferecer suporte, acompanhamento, motivação, informação,
conhecimento e valor para as suas equipes, promovendo ao time incentivo,
engajamento, produtividade e entrega de resultados, mesmo que de forma remota.
Como líderes de um processo ainda em
transição, precisamos pegar o que temos disponível neste momento e unir com as
nossas experiências, fazendo o melhor uso das ferramentas que temos hoje. Liderar no
formato 4.0 é a nossa nova realidade.
Pensando nisso, para liderar
à distância, precisamos de 3 pilares básicos:
- Incentivar
–
Tudo está meio estranho, desajustado e até mesmo assustador para muitas pessoas.
Parece que perdemos o jeito de fazer coisas simples, coisas que antes
realizávamos de “olhos fechados”.
Com os nossos liderados não é diferente. Da noite
para o dia, eles tiveram que encontrar um local silencioso em suas casas,
adaptar um escritório (um ambiente que muitas vezes não tem estrutura física e
nem emocional), deixar que as câmeras vejam as suas paredes, o clima de seus
lares, ou invadam o que antes era uma espécie de refúgio/esconderijo social,
para trabalharem com barulho, com outras pessoas que às vezes, não entendem que
a casa virou corporação, com crianças, ruídos, campainha tocando, e acima de
tudo, trazendo os mesmos resultados da época do escritório. Considerando todas
essas mudanças, o papel do líder é incentivar o seu liderado, oferecendo a ele
suporte, direcionamento, empatia, apoio, informação, colaboração e
principalmente incentivo, para que ele continue sendo produtivo e motivado.
Augusto Cury disse: sem sonhos, a vida não tem
brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não
se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades e execute os seus
sonhos. E adivinha de quem é a responsabilidade de incentivar o alcance dos
sonhos? Sua líder! Portanto, lembre a sua equipe quem ela é. Personalize e
humanize a sua liderança, não faça dos membros de seu time apenas um número.
Conheça o perfil de cada um, seja empático, se mostre um “líder mentor”, que
direciona, aconselha e que ouve, mesmo à distância. Crie reuniões rápidas para
sentir a energia ou saber como o colaborador está do outro lado da tela. Se
relacione com ele. Incentive-o, mostre consideração pelos seus liderados e
cuide deles. O líder pode e deve mostrar interesse pelo colaborador criando
relacionamento personalizado com ele.
- Dar
Feedbacks realistas – O novo normal traz mudanças para ambos os
lados (organização e liderado) que precisam se adaptar aos novos processos
de feedback, já que estes são motivados pelas observações, dados e
comunicação a partir do contato presencial entre os indivíduos para
avaliar a performance do time e dos funcionários individualmente. Acontece
que, repentinamente, o presencial foi substituído pelo virtual, pelas
telas dos computadores. Agora sem emoção, sem contato físico e sem uma
análise “do corpo que fala”, vamos tentando encontrar a melhor forma de
nos relacionar com os liderados, criar uma rotina efetiva e conseguir que
eles continuem atingindo as metas.
Somos líderes em constante movimento. Somos
resilientes, flexíveis e criativos, por isso, devemos aprender a lidar com o
novo jeito de fazer as coisas de antes. Para você que é líder remoto de
“primeira viagem”, uma boa sugestão está em aplicar o feedback por meio de
dinâmicas que favorecem o processo de comunicação à distância (criar rotinas de
motivação e engajamento por meio do telefone, vídeos-chamadas ou e-mails ou
quaisquer outras ferramentas capazes de aproximar os líderes dos colaboradores
e as estruturas organizacionais).
O comprometimento é esperado de todos os lados:
colaboradores precisam assumir as suas responsabilidades (gerenciar o próprio
tempo, se comprometer com os prazos, entregas, metas e resultados). Já a
liderança, precisa saber orientar os seus liderados, mantendo os canais de
comunicação abertos, sendo empáticos, disponíveis e mentores de seus liderados.
Todos nós estamos nos adaptando às mudanças, e os líderes, assim como os
liderados, precisam aprender mais sobre a inteligência emocional, a maturidade,
a responsabilidade e o gerenciamento mental (o desejo de dormir até mais tarde
só porque trabalha em casa não pode vencer a disciplina).
Seja no mundo presencial ou remoto, a reciprocidade
continua sendo a premissa para a boa relação, para os resultados e
principalmente para o atingimento das metas.
Por isso, líder:
- Crie
uma frequência para o Ele deve ser uma realidade que corrige, direciona,
guia, reconhece, valoriza e também que coloca a mão na massa;
- Seja
objetivo em suas expectativas quanto aos resultados da equipe;
- Esteja
acessível e não se coloque na posição de intocável, superior ou sabe tudo;
- Realize
reuniões periódicas. Não importa se existem os “reclamões” de plantão
contra as reuniões. Reuniões tomam o nosso tempo sim, mas são necessárias
para a manutenção das relações entre líder e equipe, para o engajamento;
- Não
tenha medo de ser mais direto, diga não quando for necessário, mas seja
empático.
- Mantenha
o time focado nos resultados – Na jornada, por vezes, mostramos cansaço,
exaustão ou desânimo, e quando isso acontece, geralmente temos a tendência
de querer desistir, parar ou interromper o processo, tendo o rendimento
diminuído, a performance abalada e os resultados fracassados. Como
líderes, devemos ensinar aos nossos colaboradores a dar uma pausa, mas sem
desistir. Na transição para o novo normal, muitos são os obstáculos a
superar: a rotina do lar com a do trabalho, a adaptação, às condições e os
equipamentos necessários, a desmotivação, já que para muitos
profissionais, trabalhar fora era uma maneira de fugir de seus problemas
pessoais, mas agora dentro de casa, precisam lidar com as situações
negativas que antes fugiam, e ainda assim, manter-se focado. Como fazer
isso? A resposta é simples: validando a sua equipe.
É fundamental que o líder combine com a equipe o
horário de trabalho, o melhor meio de comunicação, os prazos e entregas a serem
feitas para estabelecer o foco e recompensá-los pelo bom desempenho. Vale
lembrá-los que estão separados fisicamente, mas não socialmente. Por isso, que
tal realizar cafés da manhã à distância, comemorar os aniversários de forma
virtual e ter momentos para o bate-papo informal, ainda que remotamente com a
finalidade de compartilhar experiências? Utilize a tecnologia para propor
integração.
Como líder, busque também se divertir e
divertir a equipe, pode parecer que isso não tem nada a ver com foco, mas tem
tudo a ver com manter o time engajado, motivado e focado!
Para finalizar, o líder 4.0 deve ter 7 condutas:
- Refletir
em quais atitudes pode tomar para ajudar a equipe ter mais concentração,
foco e produtividade durante o trabalho remoto;
- Pensar
sobre qual é a sua missão com a equipe?
- Criar
uma rotina de horários (pausas, prioridades, urgências e demandas
rotineiras);
- Incentivar
a prática da meditação de 1 minuto por meio da respiração, a cada 1h de
trabalho (os benefícios da meditação de respiração aliviam o estresse, a
ansiedade e o esgotamento físico);
- Tomar
cuidado com os excessos. Seja de notícias, informações, lives, mensagens,
e-mails, reuniões e outras ações, que no final do dia dão a sensação de
várias atividades concluídas, mas não de produtividade;
- Manter
a energia e a conexão das atividades com a equipe mostrando interesse;
- Criar
momentos para se conectarem, distrair e se divertir.
Marcelo
Simonato - Possui mais de 25 anos de experiência profissional
atuando em grandes empresas nacionais e multinacionais em cargos de liderança.
É Executivo, Escritor e Palestrante, sendo Especialista em Liderança e Gestão
de Pessoas. Atua com treinamentos e palestras em todo território nacional. Autor das
obras “Pilares do sucesso profissional” e “O líder de
A a Z”. Coordenador editorial dos livros “Segredos de
alto impacto”, “O poder do óbvio” e “Liderando
juntos”.