Recentemente, recebi um estudo da Consumer Insights, da Kantar, que mostrava que a maioria dos consumidores ainda prefere comprar em pontos de venda físicos e sentem falta de confiança para as compras online. De acordo com a pesquisa, 51% da população gosta mais de ir ao ponto de venda. Apesar de ser um número ainda muito relevante, é visível o quanto as pessoas estão, cada vez mais, adaptadas ao universo online. E também não podemos negar que a pandemia e o isolamento social aceleraram este processo - que estava acontecendo de qualquer maneira, mas a passos um pouco mais lentos.
Embora ainda exista essa preferência
pelo físico, trata-se de um comportamento que vem diminuindo, visto que, em uma
outra pesquisa, divulgada no ano de 2019, pela Lett e Opinion Box - antes
desta crise sanitária e econômica -, as lojas físicas eram as preferidas por
64% das pessoas. Obviamente eu não acredito que, em algum momento, as lojas físicas
irão deixar de existir, de maneira nenhuma. Mas, o que eu tenho absoluta
certeza, é que é impossível ignorar o online e, em poucos anos, todos os
comércios físicos estarão também digitalizados de alguma forma.
Quando pensamos em pequenas e médias
empresas, o início pode até ser um pouco mais simples: desde a presença do
comércio no Google Meu Negócio, redes sociais, e-commerces, marketplaces até um
trabalho mais consistente de marketing digital. Existem inúmeras maneiras de
ser encontrado e vender online.
Mas quando se trata de grandes marcas,
que normalmente já possuem uma forte presença virtual, é muito diferente.
Embora a grande maioria esteja na internet há muitos anos, muitas vezes elas
não sabem exatamente como podem se posicionar para vender ainda mais no online
e possuem o desafio de levar o cliente que o encontra digitalmente para
consumir nos pequenos que revendem os seus produtos.
Sei que pode parecer confuso, mas pense
comigo: uma marca nacionalmente conhecida revende os seus produtos em diversos
pequenos comércios espalhados pelo Brasil. Se o cliente vê na internet sobre um
lançamento e, quando chega ao lojista mais próximo, não encontra o que procura,
ele acaba comprando um item de outra marca. É neste momento que a grande
indústria perde o cliente e, normalmente, para o concorrente.
A questão principal é que existem maneiras de evitar ao máximo que essas rupturas aconteçam.
Um primeiro passo que pode ser interessante é focar na gestão comercial e de
estoque de todos os revendedores, fazendo um reabastecimento inteligente,
principalmente no varejo de vizinhança. Uma grande empresa deve automatizar
informações para saber, da maneira mais simples e rápida possível, quais
lojistas estão sem produtos, quais produtos saem mais, quais ficam encalhados,
entre outras informações. Desta maneira, quando o vendedor da marca chegar ao
comércio, ele terá todos esses dados reunidos e fará um abastecimento mais
rápido e inteligente.
Como segundo passo, acrescento a
importância de investir em tecnologias que ajudem o consumidor final a
localizar os produtos da marca, mostrando o local mais próximo que dispõe do
item para venda.
Terceiro e não menos importante é o
investimento em trade marketing. Sei que pode parecer extremamente repetitivo
falar sobre o tema, por ser algo já muito conhecido do mercado. Porém, a
questão é que as grandes marcas precisam encontrar maneiras de aplicar essa
estratégia no pequeno varejo, que revende os seus produtos. Uma forma é por
meio do Google Meu Negócio, por exemplo, fazendo o cadastro e atualizando a
vitrine virtual de todos os pequenos e médios revendedores.
Com esses três passos é possível mudar
a forma de vender, conquistar novos clientes e fidelizar aqueles que já
existem. Essas estratégias podem realmente transformar o negócio. E, o mais
interessante, é que são fatores que ajudam toda a economia, de maneira mais
abrangente.
Quando uma grande indústria percebe a
importância de trazer os seus revendedores que estão apenas no físico também
para o online, isso aumenta, e muito, a presença digital daquela marca. Mas, ao
mesmo tempo, dá visibilidade aos 'invisíveis digitais’, aqueles pequenos
comerciantes que não possuem nenhum tipo de presença na internet. E isso é
importante e possui potencial de mudar, e melhorar, mesmo que aos poucos, toda
uma comunidade.
Sabemos que, sim, as vendas no físico
ainda sustentam as grandes marcas. O comércio de bairro, o mercado de
vizinhança e o pequeno lojista que revende os produtos e faz com que aquela
marca chegue em tantas cidades e estados do Brasil são os responsáveis por
tornar aquela empresa cada vez maior. No entanto, não podemos mais ignorar que
chegou o momento de pensar em novas estratégias e trazer os pequenos comércios
para o online. Em pouco tempo, tenho certeza, isso fará com que todos se tornem
ainda mais fortes.
Fernando Farias
- CEO e fundador da Gofind,
o primeiro localizador de produtos omnichannel do Brasil
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