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terça-feira, 26 de setembro de 2017

Depressão pós-parto afeta duas a cada dez mulheres



 Especialista fala mais sobre transtorno e formas adequadas de tratá-lo 


A depressão pós-parto (PPD), também chamada de depressão pós-natal, é um tipo de transtorno do humor que acomete cerca de 10 a 20% das parturientes. Mudanças relacionadas à gravidez, produção hormonal, uso de substâncias químicas e alterações fisiológicas são fatores que podem aumentar o risco de desenvolver esse quadro de depressão. Antigamente considerada apenas “uma fase”, a depressão pós-parto foi comprovada como uma doença por um estudo recente da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto.

Segundo o ginecologista-obstetra do Hapvida Saúde, João Marcos Menezes, que também é diretor do Hospital Eugênia Pinheiro (CE), mais de 80% das gestantes apresentam algum tipo de transtorno de humor durante a gestação e nas semanas logo após o nascimento do bebê (puerpério).  “O mais comum é o conhecido como blues puerperal, ou seja, uma tristeza pós-parto, transitória, que ocorre em cerca de 50% das mulheres em uma semana após o parto. Atinge o pico no quarto ou quinto dia após o parto e se normaliza na segunda semana”, comenta. O médico ressalta ainda que, segundo pesquisas, cerca de 15% das mulheres evoluem para um transtorno de depressão pós-parto não psicótico em seis meses do parto e 50% têm um transtorno bipolar. Já entre 0,1 a 0,2%, ainda podem apresentar uma doença psicótica, mais grave após o parto. 

As mudanças sofridas pelo corpo relacionadas à gravidez, se tratando de esteroides sexuais, de neurotransmissores e de outras alterações fisiológicas podem aumentar o risco de recorrência ou de exacerbação de transtornos mentais. Menezes afirma que os sintomas podem se apresentar de várias maneiras e em diferentes graus e cada mulher pode responder de diferentes maneiras aos estresses. “Os mais comuns são a instabilidade emocional, insônia, choro, depressão, ansiedade, má concentração, irritabilidade, perda de apetite, perda de concentração, crises de choro recorrentes”, enumera. 

O especialista ainda afirma que os sintomas de depressão são mais intensos e duradouros podendo se agravar em uma tristeza persistente, ansiedade ou sensações de “vazio”, sensações de impotência e/ou pessimismo, sensações de culpa, ausência de valores e/ou desamparo, irritabilidade, inquietação, perda de interesse em atividades ou passatempos, incluindo a relação sexual, e que podem até culminar em ideias ou tentativas de suicídio, em casos mais graves.

Estudo publicado neste ano pela USP de Ribeirão Preto descobriu que há regiões cerebrais que executam um importante papel nas funções executivas e na cognição que ficam comprometidas em estados depressivos e comprovou que, realmente, trata-se de uma doença. “Depressão pós-parto não é uma fase e é um transtorno de humor. Tem que ser respeitada e tratada de forma adequada, sendo assim, o tratamento deve ser feito com equipe médica especializada (psiquiatra e psicoterapia) associados ao uso de medicamentos antidepressivos durante a gravidez ou o puerpério”, enfatiza o ginecologista do Hapvida.








Acretismo placentário: entenda uma das complicações que pode colocar em risco a vida da parturiente



O acretismo placentário é uma doença gestacional que pode levar a mulher a uma hemorragia severa durante e no pós-parto, com risco de perda do útero após o nascimento do bebê. Ouviu-se muito sobre o assunto quando em 2015, quando a socialite norte-americana Kim Kardashian revelou que sofria da patologia, porém dúvidas ainda assombram muitas famílias.
Por isso, para entender melhor essa questão, Ricardo Andrade Freire, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz, unidade Anália Franco, explica o que é esta condição, seus riscos e os cuidados que devem ser tomados. 

1.   O que é acretismo placentário?

O acretismo placentário é uma doença caracterizada pela invasão profunda da placenta na parede uterina. Quando o embrião chega ao útero normalmente um complexo vascular começa a ser gerado para a formação da placenta. Em alguns casos, esse processo é tão eficiente que ultrapassa profundamente a parede uterina, podendo até comprometer órgãos próximos, por exemplo, a bexiga e o intestino. “Quanto maior for a invasão da placenta para os órgão adjacentes, mais grave é a doença”, completa Dr. Ricardo.


2.   Existe alguma pré-disposição à doença? 

Sim, a pré-existência de cicatrizes no útero ocasionadas por cesáreas, curetagens, remoção de miomas e a ocorrência da placenta prévia podem predispor a grávida ao acretismo. Por isso é importante o acompanhamento médico, pois durante o pré-natal o especialista identificará a profundeza de penetração da placenta para tentar evitar complicações, que são inerentes apenas ao momento do parto. “Infelizmente não há como impedir que o acretismo ocorra ou progrida. Inclusive, fora esses casos, geralmente não é possível prever a doença antes do nascimento do bebê”, explica. 


3.   Quais são os sintomas? 

Segundo Dr. Ricardo Freire a maioria dos casos não apresenta sintomas específicos e quando surge algum, é sinal de que a placenta já invadiu alguns órgãos adjacentes ao útero. Por exemplo, se invadiu o intestino, a grávida pode ter sangue nas fezes; já a bexiga, os sintomas são cólica, muita dor abdominal e vontade demasiada de urinar. 


4.   Por que esta condição é tão perigosa?

O perigo é somente no momento do parto e no pós-parto imediato, ou seja, a doença não causa problemas durante a gravidez, o que não exime a necessidade da parturiente de alguns cuidados como boa alimentação e repouso absoluto. “O que acontece é que durante o parto a placenta não sai por completo, comprometendo a contração uterina. Além disso, pode provocar uma hemorragia séria, podendo até ser necessário remover o útero”, explica Ricardo. 


5.   Mulheres que tiveram acretismo placentário na primeira gestação podem engravidar novamente? 

A segunda gestação é possível se o acretismo da primeira gestação não foi grave, o endométrio estiver refeito e o útero não apresentar grandes cicatrizes em sua extensão. Mas, todos os cuidados devem ser tomados já no pré-natal e a mãe deve seguir com rigor as recomendações médicas, pois a recorrência da doença é possível. 


6.   Existe tratamento?

Sim, o importante é que a doença seja previamente diagnosticada. Em alguns casos, os cuidados médicos começam ainda durante a gravidez. Para Dr. Ricardo Freire, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz, unidade Anália Franco, o mais importante são as medidas preventivas que devem ser tomadas para o parto. “É muito importante que as parturientes com esse problema estejam em um ambiente hospitalar de qualidade, com uma equipe especializada preparada para caso ocorra alguma intercorrência. A medicina intervencionista, por exemplo, é essencial nos casos que já se sabe o grau do acretismo, pois preparam a paciente para o parto, colocando cateteres que bloqueiam as artérias que irrigam a área comprometida coibindo assim o sangramento excessivo. Esse procedimento é necessário ser feito antes mesmo da retirada do bebê”, completa.






Hospital São Luiz
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Cientistas descobrem tratamento para síndrome rara


A descoberta de dois novos tratamentos para a Síndrome de Aicardi-Goutieres, através de mini-cérebros criados em laboratório, pode servir também para desvendar a cura do autismo


A partir da criação de mini-cérebros – uma tecnologia totalmente inovadora capaz de reproduzir o desenvolvimento humano através de células-tronco – uma equipe de cientistas da Universidade da Califórnia, liderada pelo Dr. Alysson R. Muotri, que também atua como Chief Scientific Officer da startup de biotecnologia TISMOO, primeiro laboratório do mundo dedicado a análises genéticas focadas em transtornos neurológicos, desenvolveu um tratamento inovador para uma doença rara, a Síndrome de Aicardi-Goutieres. Por terem características semelhantes, a nova descoberta também pode contribuir para o tratamento do autismo e outras condições neurológicas aonde a neuroinflamação exerce papel fundamental, como na esquizofrenia, ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica) e o mal de Alzheimer.

As pessoas que enfrentam a Síndrome de Aicardi-Goutieres nascem com danos no cérebro que comprometem seus movimentos, sua fala e outros aspectos do organismo. No entanto, até hoje, não haviam pesquisas suficientes que conseguissem entender a causa da Síndrome, e tampouco seu tratamento ideal.

"Resolvemos trabalhar nessa doença por conta do pouco ou nenhum avanço científico promissor durante anos nas pesquisas realizadas na área. Esses estudos eram feitos com animais que não respondem à doença como os humanos, por isso a necessidade de utilizar as modelagens com células-tronco para novas pesquisas", conta o Dr. Muotri, biólogo molecular e professor da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia (UCSD), que é considerado um dos maiores especialistas em autismo no mundo e foi responsável por essa pesquisa pioneira.

Para o estudo, foi criado um modelo de mini-cérebro derivado de células somáticas dos próprios pacientes e, da mesma forma como ocorre nos portadores da Síndrome, o mini-cérebro também não se desenvolveu. "Os neurônios não sobreviveram e ocorreu uma morte celular muito grande", comenta o biólogo molecular.

A pesquisa então observou o comportamento de outras células que existem no cérebro humano, como as células da glia, que se intercomunicam com os neurônios. Uma das funções realizadas por elas é detectar infecções virais no organismo. "No caso dos portadores da Síndrome, essas células da glia reagem como se estivessem sido infectadas por algum vírus. Os danos percebidos no cérebro dessas pessoas são semelhantes a uma infecção retroviral, como o Zika vírus, por exemplo, causando microcefalia, calcificação no cérebro e outras alterações", explica Muotri.

Isso significa que essas células estavam produzindo uma resposta inflamatória para uma suposta infecção, o que levava a morte celular do neurônio. Porém, o curioso é que essas pessoas e os mini-cérebros reproduzidos não haviam sido infectados por nenhum vírus.

"Queríamos entender de onde vinha essa resposta inflamatória. Ao investigar as sequências repetitivas do genoma, chamado de DNA lixo, observamos que lá existem sequências autônomas que têm a capacidade de se duplicarem e saltarem de uma região para outra dentro do próprio genoma", conta o especialista. "As células da glia reconheciam essa atividade retroviral do DNA como se fosse uma infecção viral exógena, vinda do ambiente, quando, na verdade, isso acontecia dentro de si mesma", completa.

Sendo assim, foi possível descobrir então que a doença reage a um elemento que é do próprio organismo, denominando-se uma doença autoimune. "As pessoas afetadas por essa Síndrome têm mutações nos genes que reprimem a atividade do DNA lixo. Descobrimos que a inflamação no cérebro pode ocorrer independente de fatores externos, estando dentro da própria célula nervosa", cita o doutor.

Com essa descoberta, foi possível associar essa mesma resposta anti-inflamatória aos casos dos portadores do vírus HIV. Com isso, foram utilizados fármacos (anti-retrovirais) já existentes no mercado para tentar um possível tratamento para a síndrome rara, na tentativa de diminuir a atividade desses elementos endógenos (internos) do genoma, com a intenção de reduzir a resposta inflamatória e evitar a morte celular. "E os resultados foram ótimos, pois o mini-cérebro se comportou de forma normal, sem sequelas", comemora o pesquisador.

Os cientistas do laboratório usaram outro método terapêutico para testar sua eficácia, com drogas que são capazes de bloquear aquela resposta que a célula sinaliza para induzir a morte celular do neurônio. "Optamos por uma droga que já está sendo testada clinicamente para tratamento de artrites", diz Muotri. E, mais uma vez, a opção de tratamento surtiu efeito, chegando a descoberta de dois novos tratamentos possíveis para a Aicardi-Goutieres.

Mais um ponto positivo da pesquisa é a recolocação de drogas já conhecidas e utilizadas para outras doenças para tratar essa nova patologia. Isso facilita e agiliza o processo, pois a aprovação de um novo medicamento exige custos enormes e um longo tempo de teste. Desta forma, os colaboradores de Muotri já iniciaram os ensaios clínicos para a Síndrome na Europa. "Acredito que é a primeira vez na história da ciência que um grupo revela um mecanismo novo para explicar a patologia de uma doença, encontra um possível tratamento e inicia um ensaio clínico em tempo recorde", afirma o doutor.


Em busca da cura para o autismo

Após o desenvolvimento do estudo para a Aicardi-Goutieres, chegou-se à conclusão que esse mecanismo de neuroinflamação pode ser mais um passo dado na cura do Transtorno do Espectro do Autismo. Isso porque no autismo também se observa essa resposta inflamatória crônica, que até hoje ninguém sabe de onde vem, e a nova descoberta pode ajudar também em seu tratamento.

"É possível que essa região do DNA esteja causando a resposta inflamatória no autismo. Ou seja, o autismo também teria um componente autoimune, não precisando de nenhum fator externo para o início de uma resposta inflamatória. A inflamação no autismo seria codificada geneticamente e passível de modificação através de tratamentos", explica Muotri.

O que a TISMOO pretende agora é estender o uso desta mesma tecnologia utilizada para a Síndrome de Aicardi-Goutieres para o autismo. A ideia é estimular o entendimento de que já existe tecnologia suficiente para fazer o mesmo tipo de exploração e acelerar o processo de recolocação de drogas para o autismo e que, para isso, bastam apenas mais incentivos e investimentos em P&D.

Os estudos terapêuticos para o autismo ainda não começaram. "Agora, queremos saber se existe um subgrupo de autistas em que isso acontece e que seja identificado geneticamente. Com isso, conseguiremos desenhar um estudo clínico mais personalizado, recrutando apenas aqueles que irão possivelmente responder ao tratamento", diz o especialista. Ainda não se pode afirmar que a causa do autismo é totalmente genética, pois não foram descartados todos os fatores ambientais externos, mas esta descoberta serve de alerta para uma nova possibilidade.





TISMOO
www.tismoo.com.br





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