Especialista
fala mais sobre transtorno e formas adequadas de tratá-lo
A depressão pós-parto
(PPD), também chamada de depressão pós-natal, é um tipo de transtorno do humor
que acomete cerca de 10 a 20% das parturientes. Mudanças relacionadas à
gravidez, produção hormonal, uso de substâncias químicas e alterações
fisiológicas são fatores que podem aumentar o risco de desenvolver esse quadro
de depressão. Antigamente considerada apenas “uma fase”, a depressão pós-parto
foi comprovada como uma doença por um estudo recente da Universidade de São
Paulo de Ribeirão Preto.
Segundo o
ginecologista-obstetra do Hapvida Saúde, João Marcos Menezes, que também é
diretor do Hospital Eugênia Pinheiro (CE), mais de 80% das gestantes apresentam
algum tipo de transtorno de humor durante a gestação e nas semanas logo após o
nascimento do bebê (puerpério). “O mais comum é o conhecido como blues
puerperal, ou seja, uma tristeza pós-parto, transitória, que ocorre em cerca de
50% das mulheres em uma semana após o parto. Atinge o pico no quarto ou quinto
dia após o parto e se normaliza na segunda semana”, comenta. O médico ressalta
ainda que, segundo pesquisas, cerca de 15% das mulheres evoluem para um
transtorno de depressão pós-parto não psicótico em seis meses do parto e 50%
têm um transtorno bipolar. Já entre 0,1 a 0,2%, ainda podem apresentar uma
doença psicótica, mais grave após o parto.
As mudanças sofridas pelo
corpo relacionadas à gravidez, se tratando de esteroides sexuais, de
neurotransmissores e de outras alterações fisiológicas podem aumentar o risco
de recorrência ou de exacerbação de transtornos mentais. Menezes afirma que os
sintomas podem se apresentar de várias maneiras e em diferentes graus e cada
mulher pode responder de diferentes maneiras aos estresses. “Os mais comuns são
a instabilidade emocional, insônia, choro, depressão, ansiedade, má
concentração, irritabilidade, perda de apetite, perda de concentração, crises
de choro recorrentes”, enumera.
O especialista ainda
afirma que os sintomas de depressão são mais intensos e duradouros podendo se
agravar em uma tristeza persistente, ansiedade ou sensações de “vazio”,
sensações de impotência e/ou pessimismo, sensações de culpa, ausência de
valores e/ou desamparo, irritabilidade, inquietação, perda de interesse em
atividades ou passatempos, incluindo a relação sexual, e que podem até culminar
em ideias ou tentativas de suicídio, em casos mais graves.
Estudo publicado neste ano
pela USP de Ribeirão Preto descobriu que há regiões cerebrais que executam um
importante papel nas funções executivas e na cognição que ficam comprometidas
em estados depressivos e comprovou que, realmente, trata-se de uma doença.
“Depressão pós-parto não é uma fase e é um transtorno de humor. Tem que ser
respeitada e tratada de forma adequada, sendo assim, o tratamento deve ser
feito com equipe médica especializada (psiquiatra e psicoterapia) associados ao
uso de medicamentos antidepressivos durante a gravidez ou o puerpério”,
enfatiza o ginecologista do Hapvida.
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