Realizado
em 1.792 cidades, o LIRAa orienta as ações de controle da doença. Novo boletim
registrou 1,5 milhão de casos da doença no país até 14 de novembro
O
resultado do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) indica 199 municípios
brasileiros em situação de risco de surto de dengue, chikungunya e zika. Isso
significa que mais de 4% das casas visitadas nestas cidades continham larvas do
mosquito. Os dados do novo LIRAa foram divulgados pelos ministro da Saúde,
Marcelo Castro, nesta terça-feira (24), em Brasília. Além do levantamento,
também foram divulgados a campanha de combate ao mosquito, o balanço da
dengue e chikungunya, além da investigação dos casos de microcefalia.
Durante a apresentação, o ministro destacou que a principal preocupação, neste
momento, é informar a população, com esclarecimentos sobre como prevenir novos
casos. "Nós temos uma situação potencializada, com um problema de grande
dimensão. Para enfrentar esta situação, precisamos de uma ação conjunta do
governo federal, estadual e municipal, além de especialistas. A sociedade
também deve estar envolvida neste processo, ficando atenta às medidas para
combater o Aedes aegypti,
que agora, passa a ser é uma ameaça ainda maior", destacou o minstro.
Marcelo Castro informou que o Ministério da Saúde acompanha as novas
iniciativas de combate à dengue e ao mosquito Aedes aegypti que estão sendo
desenvolvidas no país. Citou, como exemplo, o uso de mosquito transgênico, que
é infectado com bactéria, além das vacinas contra a dengue. “São iniciativas
novas que devem ser estudas antes de ser disponibilizadas à população. No
momento, devemos atacar, de maneira efetiva, o mosquito da dengue. Não podemos
perder o foco. Essa é uma luta que sozinhos não seremos vitoriosos, portanto
precisamos da participação de toda a sociedade brasileira”, reforçou o
ministro.
Realizado em outubro e novembro, o LIRAa teve adesão recorde para este período
do ano, com 1.792 cidades participantes, aumento de 22,4% se comparado ao
número de municípios em 2014. A pesquisa é um instrumento fundamental para o
controle do Aedes aegypti.
Com base nas informações coletadas, o gestor pode identificar os bairros onde
estão concentrados os focos de reprodução do mosquito, bem como o tipo de
depósito onde as larvas foram encontradas.
Além das cidades em situação de risco, o LIRAa identificou 665 municípios em
alerta, com 1% a 3,9% dos imóveis com focos do mosquito, e 928 com índices
satisfatórios, com menos de 1% das residências com larvas do mosquito em
recipientes com água parada. O levantamento identificou a presença do mosquito Aedes albopictus, que pode
também transmitir a chikungunya, em 262 municípios.
Entre as 18 capitais que o Ministério da Saúde recebeu informações sobre o
LIRAa, apenas Rio Branco está em situação de risco. São sete as capitais em
alerta (Aracaju, Recife, São Luís, Rio de Janeiro, Cuiabá, Belém e Porto Velho)
e dez com índices satisfatórios (Boa Vista, Palmas, Fortaleza, João Pessoa,
Teresina, Belo Horizonte, São Paulo, Brasília, Campo Grande e Curitiba). As
cidades de Macapá, Manaus, Maceió, Natal, Salvador, Vitória, Goiânia,
Florianópolis e Porto Alegre não encaminharam os resultados.
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Antônio Nardi,
explicou que o mapeamento é um retrato da situação das áreas endêmicas em cada
município e deve ser usado para desencadear ações de combate ao mosquito.
"O estudo pode orientar as ações de controle de infestação do mosquito Aedes
aegypti." Segundo o secretário, a ideia é que todo sábado seja dia D de
combate ao mosquito à dengue. "Queremos colocar na consciência da
população que todos nós somos responsáveis nesta luta”, afirmou Nardi.
CRIADOUROS – A
metodologia permite identificar onde estão concentrados os focos do mosquito em
cada município, além de revelar quais os principais tipos de criadouros, por
região. Os resultados reforçam a necessidade de intensificar imediatamente as
ações de prevenção contra a dengue, em especial nas cidades em risco e em
alerta.
O armazenamento de água, como tonel e caixa d’água, foi o principal tipo de
criadouro na região Nordeste. Já o depósito domiciliar, categoria em que se
enquadram vasos de plantas e garrafas, predominou nas regiões Sudeste e
Centro-oeste. Nas regiões Norte e Sul, o lixo foi o depósito com maior número
de focos encontrados.
BALANÇO – O
Ministério da Saúde registrou, até 14 de novembro, 1,5 milhão casos prováveis
de dengue no país. O aumento é de 176%, comparado ao mesmo período do ano
passado, quando foram registrados 555,4 mil casos. Nesse período, a região
Sudeste apresentou 63,6% do total de casos (975.505), seguida das regiões
Nordeste (278.945 casos), Centro-Oeste (198.555 casos), Sul (51.784 casos) e
Norte (30.143 casos).
O estado de Goiás registrou a maior incidência de dengue, com 2.314 casos por
100 mil habitantes, seguido por São Paulo, com 1.615 casos por 100 mil
habitantes, e Pernambuco, com incidência de 901 casos por 100 mil habitantes.
Até a semana epidemiológica 45, o número de óbitos aumentou 79%, passando de
453 mortes, em 2014, para 811, em 2015.
No Brasil, também foram registrados em 2015, até 14 de novembro, 17.146 casos
suspeitos de febre chikungunya, sendo 6.726 confirmados. Outros 8.929 estão em investigação.
Em 2014, foram notificados 3.657 casos suspeitos da doença. Em relação ao Zika,
até esta terça-feira (24), 18 estados tiveram confirmação laboratorial do
vírus: RR, PA, AM, RO, TO, MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, BA, RJ, SP, ES, MT e PR.
AÇÕES - As
ações contra dengue devem ser permanente durante todo o ano. Como preparação
para o período de maior circulação da dengue, que vai de janeiro a maio, o
Ministério da Saúde distribuiu insumos estratégicos, como larvicidas,
inseticidas e kits para diagnóstico. A pasta também está fortalecendo a
revisão, atualização e divulgação dos planos de contingência nacional para
febre chikungunya, dengue e zika, e assessoria a estados na criação dos planos
locais, além da divulgação dos guias de vigilância. O Piso Fixo de Vigilância e
Promoção da Saúde, que, em 2015, será de R$ 1,25 bilhão e se destina ao custeio
de todas as ações de vigilância em saúde, inclusive da dengue.
Na área de assistência ao paciente, a página da Secretaria de Vigilância em
Saúde disponibiliza aos profissionais de saúde os guias de manejo clínico e
protocolo de classificação de risco para dengue e chikungunya. O material,
também disponível em aplicativos para celular, orienta o profissional sobre
sinais de agravamento da doença. O portal da Universidade Aberta do SUS oferece
um curso de capacitação a distância sobre assistência a pacientes com dengue e
um módulo sobre chikungunya está sendo preparado. Os profissionais de saúde da
atenção básica também têm a disposição o serviço de telessaúde para esclarecer
dúvidas sobre a doença.
CAMPANHA – A
nova campanha do Ministério da Saúde de conscientização contra a dengue chama a
atenção para importância da limpeza para eliminação dos focos do mosquito da
dengue. “Sábado da faxina. Não dê folga para o mosquito da dengue”, apresenta a
campanha. O material alerta “Se o mosquito da dengue pode matar, ele não pode
nascer”, reforçando que o mesmo mosquito também transmite os vírus chikungunya
e Zika. A campanha será veiculada na TV, rádio, internet e redes sociais. Em 15
minutos, é possível fazer uma vistoria nas casas e eliminar os locais que podem
se transformar em criadouros do Aedes
aegyti.
Carlos Américo
Agência Saúde