Estudo Consumer Insights, feito pela Kantar, aponta desafios da retomada de consumo no terceiro trimestre de 2020
O consumo em valor de bens de consumo massivo (FMCG) dentro do lar caiu 3,8% no terceiro trimestre de 2020 em comparação aos meses de abril, maio e junho, quando a vida ainda estava concentrada em casa, mas ainda assim registrou 12% de crescimento se comparado ao mesmo período do ano passado. É o que aponta o mais recente levantamento Consumer Insights da Kantar, líder global em dados, insights e consultoria.
Grande parte desse impulso deve-se ao auxílio emergencial concentrado na base da pirâmide social, visto que 72% da classe DE e 61% da classe C declaram ter recebido o valor. De acordo com o levantamento da Kantar, esse dinheiro foi destinado para três despesas principais: compras de alimentos e bebidas (63%), pagamento de serviços básicos (47%) e abastecimento de produtos de limpeza (38%).
Já fora do lar, a flexibilização nas restrições do confinamento gerou uma estabilização na tendência de queda do consumo (+0,2%) entre julho e setembro no Brasil, porém o cenário para o consumo out of home ainda é negativo se comparado ao ano anterior (-17%).
A
volta de consumidores para as ruas e o desembolso de valores maiores a cada
ocasião de compra são os dois fatores que ajudaram nessa estabilização. Os
adultos entre 30 e 39 anos das classes A/B e C são os responsáveis por puxar
essa contribuição em valor e, no geral, têm gastado até 7% mais nas refeições
principais fora de casa, especialmente aos finais de semana.
No curto prazo, os gastos com bufês e
cardápio aumentaram 35%, e com sanduíche e hambúrguer 27%. No entanto, os com snacks
industrializados, como salgadinhos, balas e chocolates, caíram 19%.
Com a possibilidade de voltar a fazer refeições fora de casa entre julho e
setembro, bares, restaurantes, lanchonetes e padarias viram os valores gastos
crescerem em 59%, 11% e 36%, respectivamente, nesses meses.
A flexibilização do isolamento, juntamente com o impacto nos preços, influenciou na escolha de quais produtos o brasileiro levou para casa entre julho e setembro.
Nesse cenário, alguns alimentos se destacaram ao aumentar sua penetração, ou seja, conquistar novos lares compradores, como é o caso do pão industrializado (+11,8 p.p.), creme de leite (+8,7 p.p.) e linguiças (+8,3 p.p.). Ao mesmo tempo, alguns produtos perderam relevância, como bolo pronto (-4 p.p.), caldos (-3,8 p.p.) e salgadinhos (-2,8 p.p.). Em relação às bebidas, o consumo de embalagens maiores e retornáveis cresceu, enquanto as embalagens menores tiveram resultado contrário.
A cesta de limpeza cresceu 4% em unidades neste último trimestre, com destaque também para as embalagens maiores e econômicas, principalmente das categorias de água sanitária, desinfetante e cloro. Já a cesta de higiene e beleza cai 3,7% em unidades no curto prazo, mas categorias como cremes para pele, deo colônia, tintura para cabelo e maquiagens voltam a ganhar compradores com o retorno gradual das rotinas fora do lar
Para o futuro, 81% dos consumidores se
declaram muito preocupados com o cenário de COVID-19 e as principais citações
são: 24% com a saúde das pessoas de modo geral, 16% com a falta de hospital
para todos e 13% com a saúde dos filhos e crianças da família. Apenas 4%
colocam economia entre as principais preocupações, mas 53% acreditam que o país
estará em situação econômica pior em 2021.
Kantar