Reflexos do período de reclusão vivido no mundo entre 2019 e 2020 ainda podem ser sentidos nos cuidados com a saúde
A pandemia da Covid-19 deixou marcas profundas na
saúde pública, e o câncer de próstata não ficou imune a esses impactos. Dados
alarmantes revelam uma queda significativa no número de diagnósticos precoces
da doença, comprometendo as chances de cura e aumentando a gravidade dos casos.
Segundo levantamento do DataSUS, houve uma redução
de mais de 50% na identificação de novos casos de câncer de próstata no Brasil
nos primeiros anos da pandemia. Essa queda drástica é preocupante, especialmente
considerando que o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima cerca de 70 mil
novos casos até 2025, dos quais 1740 são esperados no Espírito Santo.
A oncologista clínica Carolina Nolasco, da
Oncoclínicas Espírito Santo, alerta para os riscos do diagnóstico tardio. “A
detecção precoce é fundamental para aumentar a chance de cura, que pode chegar
a 90%. Em estágios iniciais, as opções de tratamento são mais eficazes e menos
invasivas”, explica a especialista.
A pandemia provocou uma série de mudanças nos
sistemas de saúde, com a priorização do atendimento a pacientes com Covid-19 e
a suspensão ou adiamento de consultas e exames eletivos. Além disso, o medo de
se contaminar em ambientes hospitalares também contribuiu para que muitos
homens deixassem de procurar atendimento médico.
O diagnóstico tardio do câncer de próstata pode
levar à disseminação do tumor para outras partes do corpo, dificultando o
tratamento e reduzindo as chances de cura. Além disso, as terapias para casos
avançados costumam ser mais agressivas e podem causar efeitos colaterais mais
severos.
Estratégias para recuperar o tempo perdido
Para reverter esse cenário e garantir a
identificação do tumor de próstata em momento oportuno, é fundamental
intensificar as ações de conscientização e prevenção. “O Ministério da Saúde
tem investido em campanhas educativas para incentivar os homens a realizarem
exames de rotina e a adotarem hábitos de vida mais saudáveis”, ressalta
Carolina.
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que o
rastreamento para esta doença deve iniciar aos 50 anos ou aos 45 anos para
homens com histórico familiar ou outros fatores de risco. Os principais
sintomas incluem dificuldade para urinar, diminuição do jato urinário,
necessidade de urinar com mais frequência e sangue na urina.
O papel da prevenção
Além do diagnóstico precoce, outras medidas
preventivas também são fundamentais para reduzir o risco de desenvolver essa
neoplasia. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca a importância de
controlar o tabagismo, evitar o consumo excessivo de álcool, praticar atividade
física regularmente, manter uma alimentação saudável e controlar o peso”,
aponta a oncologista.
O câncer de próstata é um dos tipos de câncer mais
comuns no sexo masculino, mas com altas taxas de cura quando diagnosticado
precocemente. Por isso, é fundamental que os homens estejam atentos aos sinais
e sintomas da doença e procurem um médico para realizar os exames de rotina.
Oncoclínicas&Co
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